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METRÔ DE SP E AS ELEIÇÕES
"Juntos na luta por direitos e um transporte 100% estatal": Metroviários entrevistam a Bancada Revolucionária
Redação

Fernanda Peluci e Francielton, diretores de base do Sindicato dos Metroviários de São Paulo pela Chapa 4 - Nossa Classe, entrevistaram a Bancada Revolucionária de Trabalhadores, candidatura coletiva do MRT para vereador em São Paulo composta por Diana Assunção, Letícia Parks e Marcello Pablito. Ao final da entrevista confira vídeos de momentos em que os membros da bancada estiveram presentes nas lutas dos metroviários de SP.

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Fran: Estamos na primeira eleição no governo Bolsonaro, em meio a pandemia de covid-19. Como vocês inserem essa candidatura e a luta dos trabalhadores nesse contexto?

Letícia: Estamos passando por um momento muito crítico do país com o governo de extrema-direita de Bolsonaro. Desemprego chegando em 15% da população, 140 mil mortos de Covid. O golpe institucional em 2016 e a eleição manipulada que elegeu Bolsonaro em 2018 mostram um regime apodrecido. São Paulo está inserido nessa conjuntura, e achamos importante situar isso porque as saídas para a situação que vivemos não vão vir deste parlamento corrompido nem somente dos contextos municipais, as lutas regionais e nacionais têm que estar ligadas. Os mais atingidos pela pandemia, por exemplo, estão concentrados na população das periferias dos grandes centros urbanos, em sua maioria negra, pobre e sem direito a saúde de qualidade, saneamento básico, enquanto a população não teve acesso a testes massivos, licença remunerada dos trabalhadores de serviços não essenciais, e agora Bolsonaro corta o auxílio emergencial pela metade. Os trabalhadores são a verdadeira bucha de canhão para a garantia dos lucros das elites do país, colocam o povo pobre na linha de frente de suas empresas, arriscando suas vidas por salários baixíssimos.

Precisamos batalhar para que sejam os capitalistas que paguem por essa crise, e não os trabalhadores que paguem com suas vidas. Nossa candidatura vem com essa perspectiva, de construir essa luta para mudar esse sistema na sua raiz, fortalecendo cada uma das nossas greves e lutas contra a retirada de direitos dos trabalhadores, lado a lado das mulheres trabalhadoras, gritando "nossas vidas importam" contra o racismo e nas lutas dos LGBTs.

Fernanda: Sobre o tema dos transportes, que é de vital importância para o funcionamento de São Paulo e impacta profundamente a vida dos trabalhadores e do povo pobre da nossa cidade, o que vocês defendem?

Diana: Em primeiro lugar, nos colocamos ao lado dos trabalhadores em cada luta contra a privatização e a precarização dos serviços com altas tarifas, que avançou muito com Doria, mas nos últimos governos também. Esse processo tem avançado a passos largos no Metrô de SP com a terceirização das bilheterias, com funcionários com salários baixos, a maioria mulheres negras, com constantes casos de assédio e irregularidades, além de outros setores como a manutenção. As linhas 4 e 5 do Metrô foram vendidas para o mesmo grupo de construtoras, a CCR e Via Mobilidade e, pasmem, com lucros garantidos pelo Estado, já que o Estado de SP assumiu a obrigação de cobrir as perdas com subsídios destas linhas. Ou seja, o Estado que mantém as linhas privatizadas! E Bolsonaro ainda tem a coragem de dizer que é difícil ser empresário no Brasil... Há muitos anos nós acompanhamos a luta dos metroviários contra a privatização, inclusive a luta contra o enorme ataque que o Metrô e Doria tentaram fazer ao Acordo Coletivo, colocando todas as nossas energias à disposição dessa luta, que teve um grande êxito graças à forte greve que a categoria deflagrou.

No Metrô pudemos acompanhar as dezenas de denúncias da negligência com as condições de trabalho na pandemia, que não tiveram testes do Covid-19 para os efetivos e terceirizados, convocaram os idosos de volta ao trabalho, falta de EPIs básicos como máscara e álcool em gel, e até mesmo água faltou em algumas estações. Mais escandaloso ainda é saber das condições dos terceirizados que não tiveram o grupo de risco afastado até hoje e recebem uma máscara a cada 15 dias.

Pablito: Defendemos a estatização completa de todo o transporte público, sem indenização aos capitalistas que vieram lucrando fortunas, e sob controle dos trabalhadores e usuários, pois são aqueles que sabem como o transporte funciona e como precisa estar organizado para atender a população. Essa é a única forma de termos um transporte de qualidade e com um preço acessível para toda a população. Combinado com essa luta defendemos uma reforma urbana radical, que significa atacar a concentração da propriedade nas mãos de especuladores milionários para garantir moradia a quem não tem, mas também uma profunda reestruturação da cidade, inclusive dos transportes, em prol das necessidades mais sentidas da população, ligada a um plano de obras públicas, o que pode dar emprego a milhares de desempregados. Esse plano deve ser imposto pelos trabalhadores mobilizados numa batalha unitária, só assim conseguiremos impor aos capitalistas um plano desses que vai contra os interesses de lucro deles. E para bancar tudo isso é importante que exijamos o não pagamento da dívida pública, que escoa trilhões anualmente para especuladores e bancos internacionais. Por tudo isso, dizemos claramente: o problema do transporte não pode ser resolvido nos limitando à atuação nas eleições e no parlamento, nem só na nossa cidade: isso depende da luta em unidade da nossa classe, e em todo o país.

Na foto: Diana na Faculdade de Educação da USP, onde trabalha, pela reintegração dos demitidos de 2014; Pablito pela reintegração dos demitidos de 2014; Pablito junto aos metroviários contra a Reforma da Previdência; Diana no ato na estação da Sé pela reintegração dos demitidos de 2017

Fran: A defesa enfática da Bancada sobre a unidade dos trabalhadores e de suas lutas é muito importante. Falem um pouco da importância dessa unidade e como vocês enxergam essa questão com relação aos metroviários e outras categorias.

Pablito: Desde o começo da pandemia ficou bem clara a importância dos trabalhadores para que a sociedade continuasse funcionando, como setores da saúde, limpeza e transportes. Mesmo assim querem fazer os trabalhadores pagarem os custos da crise, como pudemos ver agora com a enorme retirada de direitos dos trabalhadores dos Correios. Atacam os nossos direitos de conjunto, enquanto mantém intactos os privilégios da casta política, judiciária e dos militares. Os capitalistas querem convencer trabalhadores como os metroviários - cujo trabalho tem um grande impacto econômico e no funcionamento de toda a cidade - de que podem lutar no máximo por seus direitos como categoria, e não devem se unificar com o conjunto dos trabalhadores, ou se preocupar com os que são mais precarizados. Assim, precarizam cada vez mais as condições de uma parte dos trabalhadores, e dividem nossa classe com o discurso de que trabalhadores como os metroviários são privilegiados, para enfim, a partir disso, retirar também os direitos conquistados por esses trabalhadores e rebaixar as condições do conjunto da nossa classe. Em base a esse discurso falso de "privilégio" dos trabalhadores que querem implementar a criminosa Reforma Administrativa, que em SP Doria tenta aplicar a partir da PL 529. Nesse sentido temos que combater as direções das principais centrais sindicais do país, que tem atuado no interior de importantes categorias para separar as grandes lutas políticas que estão na ordem do dia, das lutas diretas e econômicas de cada um desse setores. Subordinam as lutas dos trabalhadores a suas negociações e interesses eleitorais, pois a unidade dos trabalhadores pela base daria tanta força a nossa classe que acabariam golpeando tanto seus aliados históricos na câmara como Rodrigo Maia e o Centrão, como aos próprios PT e PCdoB, que aplicaram a reforma previdenciária em seus nos estados que governam.

Fernanda: Vocês estiveram ao nosso lado na luta em vários momentos. Me emociona lembrar da força que nos deram, junto aos trabalhadores da USP em greve, realizando vários atos contra a demissão política de 40 metroviários pela greve de 2014, entre os quais eu mesma. Por favor, falem um pouco sobre essas experiências.

Diana: Foi uma satisfação enorme estar junto com vocês e os metroviários nessa luta e em outras. Também me emociona lembrar do dia da conquista da reintegração de todos os demitidos, e ter sido parte dessa luta, que se estendeu até 2018. A unidade da nossa classe é de onde vem nossa força, por isso Também nos orgulhamos de sempre ter levado não só uma luta incansável ao lado dos terceirizados na USP, combatendo essa divisão que as patronais nos impõem e defendendo a efetivação de todos os terceirizados sem necessidade de concurso público, mas também em várias ocasiões no Metrô, por exemplo na manifestação que ocorreu na estação Santa Cruz após a morte de uma trabalhadora terceirizada, a Regina, por negligência do Metrô e da Higilimp.

Pablito: Sim! Também é um orgulho ter participado da luta em defesa de um trabalhador negro que foi demitido do Metrô por reagir a uma ofensa racista. Um fato indignante que junto com os diversos assassinatos de jovens negros pelas mãos da polícia, deve ser combustível para canalizar o ódio dos trabalhadores contra a classe burguesa racista. Por isso é tão necessário que os trabalhadores tomem em suas mãos a luta contra o racismo, se inspirando juventude norte-americana que protagonizou as maiores marchas desde as lutas pelos direitos civis e fez ecoar mundialmente o grito "vidas negras importam". Também por isso é um eixo da nossa candidatura a defesa da igualdade salárial entre negros e brancos, e entre mulheres e homens, em um país onde uma mulher negra ganha em média 60% a menos que um homem branco.

Na foto: Diana na manifestação por justiça à Regina, terceirizada da limpeza que morreu na estação Santa Cruz em jan/2014; Pablito em ato na Praça da Sé pela reintegração dos demitidos de 2014; Diana e Pablito em ato pela reintegração de Valter Rocha em 2017; Diana na abertura do Encontro de Mulheres Metroviárias em 2015

Fran: Querem acrescentar mais alguma coisa?

Letícia: Não há caminho para reverter os ataques e conquistar os mínimos direitos sem a luta direta dos trabalhadores com seus próprios métodos, nem será apenas com parlamentares de esquerda que reverteremos os ataques do golpismo. As propostas que discutimos aqui e medidas que defendemos só serão alcançadas com a organização e luta na nossa classe. Por isso, a candidatura da Bancada Revolucionária está a serviço de uma política independente dos trabalhadores, para potencializar cada uma das lutas, no Metrô, nos transportes, nas ruas, nas fábricas, locais de trabalho, hospitais, bairros, universidades e escolas, para enfrentar Bolsonaro, Doria, e também o STF, o congresso e o conjunto do regime político, esse é o único caminho. Por isso que chamamos os trabalhadores apoiarem nossa Bancada difundindo essas ideias, debatendo-as com outros trabalhadores e tornar carne esse programa onde podemos de fato golpear a burguesia.

Pablito em ato na Sé contra a terceirização das bilheterias:

Pablito fala na estação Sé pela readmissão dos demitidos, em julho de 2014:

Pablito na manifestação pela reintegração de Valter Rocha:

Pablito se solidariza com os metroviários em luta contra a reforma da previdência em maio de 2019 na quadra do Sindicato:

Diana contra a demissão dos metroviários demitidos por "baixa produtividade" em 2017:

Pablito pela readmissão dos metroviários demitidos em 2018:

Letícia sobre a greve dos apps e também dos metroviários em 2020:

Diana em greve na USP em 2014 reivindica a readmissão dos metroviários demitidos neste ano:

 
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