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ELEIÇÕES 2020
Você sabe quem é Bruno Engler? O maior pau-mandado de Bolsonaro em BH
Lina Hamdan
Mestranda em Artes Visuais na UFMG

Saiba 7 pontos sobre o pré-candidato bolsonarista que quer se eleger prefeito de BH se privando da criatividade de fazer qualquer discurso próprio: tudo que o Bolsonaro falou tá falado.

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Foto: Instagram - Bruno Engler

Bolsonaro diz que não quer se meter nas eleições municipais, mas para seu baba-ovo de 23 anos, Bruno Engler, ele garante o apoio com muito agrado.

O "iluminado" de Bolsonaro é deputado estadual e se apresenta no site da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) como alguém que "prioriza a retomada cultural, por meio da defesa dos agentes de segurança, a militarização de escolas públicas com problemas de disciplina e baixo desempenho, luta contra a ideologia de gênero, inversão de valores, doutrinação nas escolas e privilégios dos políticos".

Minha cabeça simplesmente não consegue conceber o que seria a retomada cultural por meio da defesa dos agentes repressivos do Estado. Mesmo assim, gostaria de contribuir com os eleitores belorizontinos fazendo um breve apanhado mais recente dessa lástima bolsonarista que quer o cargo do empresário Kalil fazendo críticas à direita de sua péssima gestão, defendendo o empresariado que viu seus lucros reduzidos na pandemia. Engler diz isso supostamente em defesa dos empregos. A demagogia da extrema-direita não tem limites.

Vamos lá:

1) Engler fala contra a quarentena sem ter movido um pauzinho para garantir o emprego dos trabalhadores

Como "bom" bolsonarista, Bruno Engler repete exatamente o mesmo discurso de seu "mito". Esbafora contra a verdadeiramente irresponsável quarentena de Kalil, fazendo demagogia de que seria para manter os empregos na cidade. Mas para "defender o emprego" defende que tudo esteja a favor não dos empregados e sim do empregador... Para Engler, a solução contra as demissões e cortes de salário na cidade devido à quarentena é a "vida normal", ou seja, a reabertura sem planejamento, sem teste, sem garantia de proteção, sem contratação na saúde, sem leitos para todos, com cada um tomando a responsabilidade por sua própria conta e risco. Esse famoso "laisser-faire" da direita, que no caso bolsonarista atual se apoia no auxílio emergencial (que a princípio Bolsonaro nem queria dar), é um verdadeiro decreto de que só aqueles que já tem boas condições de vida tem o direito a sobreviver à crise.

Por trás dessa demagogia, está um completo descaso com a saúde e a garantia do trabalho da maioria da população. A resposta da extrema-direita para a crise é garantir os lucros dos empresários e que os trabalhadores e desempregados se virem com o que sobrar! E algo que a "saída" para a crise sanitária de Engler só aprofunda é o caráter racial e de classe das mortes por coronavírus. Em BH, segundo os dados do útimo dia 16, a maioria das mortes ocorreram nas regiões Oeste (146), Nordeste (142), Noroeste (141) e Venda Nova (140); e 59,1% dos diagnosticados com casos graves são negros (pardos 49,8% e pretos 9,3%, sendo 26,2% brancas, 0,8% amarelas e 13,8% ainda sem cor especificada).

2) Na ALMG, é claro que Engler votou pela reforma da previdência, procurando manter direitos de policiais, não de professores e trabalhadores da saúde.

Não bastasse a demagogia que ensaia com o tal de "a vida que segue", característico daqueles que não se importam com o medo daqueles que tem de ver seus familiares morrerem porque não lhe foi dado o direito de ter o mínimo, Bruno Engler, assim como Zema, vê na pandemia o momento ideal para tirar direitos inclusive daqueles que estiveram na linha de frente do combate à mesma. Nada menos esperado, já que o jovem de 23 é um cego seguidor de Bolsonaro que no início da pandemia só fazia negá-la.

Após as alterações na proposta de Zema, permitindo que as forças repressivas do estado, diferentemente dos trabalhadores do serviço público, se aposentem com salário integral muito mais facilmente, além de terem idade mínima menor, Bruno Engler passou a votar favoravelmente à reforma. É incrível como em todos os vídeos que ele fala que trabalhou na defesa dos "trabalhadores" do serviço público ele, ao menos até onde eu vi, sempre cita somente os militares, setor cujo "trabalho" se resume em reprimir em defesa da propriedade privada.

Como bom representante dos patrões, assim como a maioria de seus companheiros na ALMG, se aproveita da pandemia e da crise econômica, em que a classe trabalhadora se vê espremida entre o medo do desemprego e da fome, para fortalecer a ideia capitalista de que a culpa da crise reside nos direitos conquistados pelos trabalhadores e que, por isso, precisa-se cortar do serviço público. Usam essa mentira para dividir a classe trabalhadora entre aqueles que são “privilegiados” por manter esses direitos e aqueles que sofrem com a extrema precarização que os capitalistas vieram impondo.

3) Como bom bolsonarista, Bruno Engler faz publicações falsas em suas redes sociais, acusa a imprensa de fazer fake news e critica o STF e a globo quando lhe convém.

O subtítulo já diz tudo. É isso o que você vai mais ver nas redes do jovem. Nas suas pautas ultra-conservadoras, sua ligação com as igrejas e aos interesses do fortalecimento do aparato repressivo, Engler faz escândalo contra a globo e o STF, assim como Bolsonaro o faz. Acusa eles de fake news enquanto faz um bocado de fake news. Mais recentemente os ânimos se abaixaram um pouco, na medida em que vai se conformando mais solidamente um pacto de sustentação desse governo reacionário.

Portanto, não posso deixar de ressaltar o mais gritante desse pacto entre tapas e beijos de bolsonaristas e todas as instituições desse regime podre frutificado de um golpe e muita manipulação judiciária. As ferrenhas críticas nas redes sociais de Bruno Engler contra o STF e a Globo, principalmente, não acontecem quando as pautas são para atacar os direitos dos trabalhadores como com a reforma administrativa de Guedes ou contra a greve dos correios. O lado que tenta aparecer como "mais sensato" em oposição ao governo, também fica caladinho quanto a essas pautas do governo descarregar a crise econômica capitalista nas costas dos trabalhadores.

Sim, mas é claro, afinal de contas, né, contra a vontade e os interesses populares, em defesa dos interesses capitalistas, o STF, o Congresso, os governadores, a polícia, as mídias golpistas, as Igrejas, o TST, os militares... estão todos juntinhos e coladinhos cotidianamente.

4) Para Bruno Engler, moradores de ocupações são criminosos, mesmo em plena crise

O bolsonarista incrimina movimentos sociais que defendem o direito à moradia e ao trabalho. Acusa sem provas, manifestantes de agredirem os seguranças da ALMG.

O problema da moradia em Belo Horizonte é gritante. Isso fica explícito no dado de que as ocupações criam mais casas do que a prefeitura na cidade. Mesmo sendo "oposicionista" a Kalil, Engler não se opõe a sua gestão excludente e queria mais. Quer que os sem-teto sejam expulsos à bala dos locais que ocuparam devido ao completo descaso estatal e à absurda especulação imobiliária dos latifundiários e donos de terrenos na grande BH e em MG em geral.

5) Engler firma cruzada reacionária internacional contra mulheres, LGBTs e negros.

Não poderia faltar uma boa dose de sexismo, machismo, lgbtfobia e racismo num bolsonarista seguidor de Trump, é claro. Ao lado de Damares, Bruno Engler trava uma cruzada contra o direito ao aborto e contra a "homosexualidade propagandeada pela Disney". E, comprando o discurso do presidente americano, chama de terroristas os que lutam no coração do imperialismo contra sua estrutura racista.

Engler é tão obcessivo quanto ao nosso corpo que fica noticiando abortos de diversos países do mundo em suas redes. Junto com sua tropa fundamentalista estão firmes e fortes para defender uma violência estatal que atinge sobretudo as mulheres negras e pobres. Nos chamam de assassinas, se dizem pró-vida e defendem "a família", travando uma guerra contra nossas sexualidades.

O aborto inseguro e a violência contra as mulheres são realidades gritantes em nosso país, em nosso estado. Como de se esperar, Engler tira várias fotos com pastores e defende as Igrejas cujas dívidas bilionárias esse governo quer perdoar (com apoio inclusive da bancada de deputados do PT e do PCdoB, que Engler tanto odeia).

Vamos combinar que tem que separar Estado e Igreja, já, porque não dá mais desses fundamentalistas meterem o dedo na nossa sexualidade, nossos corpos.

São esses setores espúrios que nos demandam ética, sabendo que a maioria de nós não temos direito a creche, a licença maternidade; vivemos com o peso de duplas e triplas jornadas de trabalho. Para muitas de nós só nos resta recorrer a um aborto clandestino, o perigo da morte, do lichamento, a insegurança e o medo. Nos negam não só nosso direito ao corpo, mas também à maternidade plena. E vem falar de vida!

Engler se coloca numa campanha permanente contra nossa vida. Sigamos em nossa campanha permanente pelo nosso direito, a começar neste 25 de setembro, dia Latino Americano e Caribenho pela legalização do direito ao aborto.

7) E pra finalizar por hoje, voltemos à graça: Bruno Engler entrou firme e forte no mito do metrô no Barreiro

Já é de praxe, ninguém se surpreende mais. Época de eleição é hora de dizer que o metrô de BH vai sair. E Bolsonaro junto com seu fiel Bruno Engler anunciaram que nosso metrô viraria realidade, mas em menos de 24h a equipe de Paulo Guedes já levou a "novidade" pra estaca zero. Um total de zero belorizontinos ficaram surpresos.

A pandemia mostrou que quem faz as coisas acontecerem, se moverem, se multiplicarem; quem cria, quem contrói e quem produz são os trabalhadores. Mas Bruno Engler, assim como Bolsonaro, claro, está dos lados dos empresários, do lado dos patrões. E demagogicamente fala que isso é pra garantir que a economia gire em benefício do trabalho. Em parte, é isso mesmo, mas para tirar lucro da exploração desse trabalho.

Mas não podemos nos enganar com alguns setores que se colocam em oposição a isso, alguns mais sensatos, outros moderados, alguns aparentemente combativos, outros "bons gestores", mas que, de diferentes formas, se alinham quando se trata de uma questão, deixando de lado suas diferenças, para conformar um pacto que nacionalmente é bem ilustrado pela reforma administrativa, muito defendida por Engler e pela mídia e o judiciário que ele mesmo adora atacar, que tem o intuito de descarregar as consequências de uma crise capitalista em cima da classe trabalhadora - a classe diametralmente oposta à classe que engendrou essa crise.

Como falei anteriormente, buscam dividir os trabalhadores entre privilegiados e precarizados, para nos atacar de conjunto e avançar na precarização do trabalho, deixando intactas as regalias dos verdadeiros privilegiados: o congresso, os militares e o judiciário. Tanto a reforma administrativa como a reforma da previdência, a lei de responsabilidade fiscal (que nem o PT nem o PSOL visam abolir), a lei do teto de gastos (aprovada por um governo diretamente golpista) por mais que os nomes dessas leis e desses projetos pareçam legitimamente corretos e de acordo com a responsabilidade que devemos ter com nossas dívidas, são mecanismos que esse regime (não importa o quanto Bolsonaro e Engler tentem parecer diferentões, eles tão nesse pacto atual) garante para o pagamento de uma dívida completamente ilegal e coberta de fraudes da cabeça à unha do pé que, assim como essa crise, não é dos trabalhadores e da juventude. É dos capitalistas.

 
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