Na última semana tivemos várias denúncias de profissionais da educação infectados pelo coronavírus, inclusive com mortes, nas cidades mais populosas como Rio de Janeiro e São Gonçalo. Foi assim com a morte do professor Diego Tavares Cordeiro hoje, 21/09, por covid-19. Em paralelo, o empresários da educação privada como Viviane Senna seguem negando a gravidade da pandemia para tentar legitimar a reabertura das escolas.
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De acordo com nota de pesar divulgada pelo SEPE regional III, o professor Diego Tavares Cordeiro, que era professor de Geografia no E.M. Uruguai “tinha o apelido de kojac pelos colegas (...) amava a vida, o samba, o futebol, o carnaval e foi levado pela covid-19”. Nós do esquerda diário e do Movimento Nossa Classe Educação nos solidarizamos com todos os parentes, amigos e alunos. É por tragédias assim que se reafirma a necessidade cada vez maior de denunciarmos as tentativas de experimento de retorno às aulas, que vem sendo marcado pela responsabilização de professoras e professores como se estes carregassem individualmente uma culpa pelos danos pedagógicos, psicossociais e econômicos. Esta responsabilidade, do retorno às aulas presenciais, também tem sido jogada para as mães, pais e responsáveis como se os governos não tivessem qualquer responsabilidade sobre o direito à educação.
O chamado ensino remoto tende a ser transformado em ensino híbrido, que também tende a ser ainda mais extenuante para as massivas jornadas de professoras e professores. Trabalho docente ganha uma capa de invisibilidade frente ao processo de precarização acelerado agora pela pandemia. A cobrança sobre os profissionais da educação cresce a cada dia para a reabertura das escolas jogando sobre estes os resultados de fracasso da educação em 2020.
A presidente do Instituto Ayrton Senna afirmou na semana passada: “os dados e a experiência em outros países mostra que é seguro reabrir as escolas” que em uma análise completamente distante da realidade das escolas brasileiras reverte a ordem discursiva de prevenção contra o coronavírus e coloca “os prejuízos não são os de reabrir as escolas, mas de mantê-las fechadas” e este discurso vem acompanhado do dado quantitativo de que o Brasil é hoje o país que mais tempo manteve suas escolas fechadas e que essa decisão condena essa geração de crianças e jovens. O que está colocado as entrelinhas desse tipo de discurso é a banalização das mortes na pandemia do coronavírus. Viviane Senna é presidente de uma fundação que representa os interesses dos empresários não apenas da rede privada de ensino que vão continuar mesmo a pressionar para o retorno às aulas presenciais para garantir seus lucros de produtividade, e não para garantir conhecimento e ganhos qualitativamente pedagógicos ou psicossociais para os alunos da rede particular e também das redes públicas de ensino, já que estas fundações estão cada vez mais se apropriado destas redes para gerir políticas que geram mais lucros com a inserção maior de tecnologia, projetos, programas e formações que como as que foram facilmente incluídos pelos governos nas três esferas em nosso país.
É preciso batalhar por um programa de medidas emergenciais que garanta não apenas a segurança de professores e alunos durante a pandemia, mas que coloque nas mãos das comunidades escolares junto com os agentes de saúde o poder de decidir como e quando retornar, para que nossas vidas nãos sejam perdidas para manter o lucro dos empresários.
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