Foto: Reprodução/TV Globo
Durante a entrevista, Pedro Bial abordou o caso que chocou a muitos e mostrou, mais uma vez, a face reacionária da extrema direita fundamentalista: a interrupção da gravidez de uma criança de 10 anos, fruto do estupro sistemático por parte do seu tio, que se dava desde os seus 6 anos, acompanhado de ameaças de morte caso falasse.
Damares falou pela primeira vez sobre seu envolvimento com o grupo de militantes anti aborto que tentou impedir a interrupção da gestação e “colocou a mão no fogo” de que não foram seus assessores que vazaram a identidade e a localização da menina, publicados por Sara Winter, sua ex-funcionária.
Ela também reafirmou que a criança deveria ter seguido com a gravidez, mesmo se encaixando nos dois critérios em que o aborto é permitido por lei: em casos de estupro ou risco à vida da mãe. Sem considerar o histórico traumático e toda a violência que a criança passou, para Damares, o correto seria aguardar duas semanas e antecipar o parto:
"Os médicos do Espírito Santo não queriam fazer o aborto, eles estavam dispostos a fazer uma antecipação de parto. Mais duas semanas, não era ir até o 9º mês, Bial, a criança ficar nove meses grávida, conversa com os médicos. Mais duas semanas poderia ter sido feita uma cirurgia cesárea nessa menina, tirar a criança, colocar numa encubadora, se sobreviver, sobreviveu. Se não, teve uma morte digna."
A ministra que propõe campanha de abstinência sexual, que oculta dados sobre denúncias de violações (inclusive as de abuso sexual contra crianças) do relatório de direitos humanos, que diz que sexo não consentido não é estupro, entre outros, ocupa esse cargo para garantir os avanços reacionários desse governo também sobre a vida das mulheres e meninas.
Leia também: Construir uma grande campanha pelo direito ao aborto legal rumo ao 28S e nas eleições
Damares, Sara Winter e os demais fundamentalistas que foram para a porta do hospital e chamaram a criança de assassina estão juntos e não defendem a vida. Por isso, no dia 28 de setembro, dia latino-americano e caribenho pelo direito ao aborto, é preciso fazer ecoar esse grito internacional contra a extrema direita, o fundamentalismo, pela separação de Igreja e Estado e pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito, por educação sexual nas escolas e contraceptivos gratuitos contra a campanha de abstinência sexual de Damares Alves.
|