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RACISMO
Rainha do carnaval de BH é chamada de “macaca” após negar encontro
Redação

Laís Lima, que também é enfermeira e modelo, sofreu ataques racistas após negar encontro com homem que a assediou pelo WhatsApp. “Você é uma macaca, arrogante, idiota. Olha pra você, no máximo o que você serve é pra poder saciar o fetiche de alguém. ” Ela denunciou o crime na última terça-feira, dia 1º.

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As mensagens, que começaram interessadas e elogiando a beleza de Laís, mudaram de tom quando ela não respondeu às investidas do homem.

— Tudo começou com um "bom dia", dizendo que viu meu perfil e que tinha gostado. Começou a fazer perguntas sobre a minha vida, onde eu trabalhava, o que fazia, etc. Como estava ocupada trabalhando, nem respondi. Logo ocorreram as primeiras ofensas, me chamando de "burra", "vadia", que eu estava "me achando" e que "tinha que ser preta". Em seguida, bloqueei o número — conta.

O agressor insistiu, usando outro número de celular, e seguiu enviando mensagens e áudios racistas e machistas.

— As mensagens foram tão pesadas que não vale compartilhar tudo. O restante é muito pior. Ele disse que homem nenhum iria se relacionar normalmente comigo pelo fato de eu ser negra e que os homens só querem mulheres negras para saciar seus fetiches sexuais.

Ela contou, em uma entrevista, sobre outro episódio de preconceito, vivido anos atrás com um ex-namorado:

— Durante uma conversa, um ex-namorado, que era branco, disse que, se estivéssemos em outros tempos, eu seria a mucama dele. Na época, eu senti as palavras, mas não tinha tanto conhecimento da proporção que essa palavra tinha na minha vida, ao contrário de hoje. Já sofremos por ser mulher nessa sociedade machista em que homens acham que têm direitos sobre nós. Além disso, sou preta. A gente sofre muito mais. Eles acham que a gente vive lá atrás, quando éramos escravas, mucamas, vivíamos só para trabalhar e satisfazer o prazer deles.

Laís disse que sentiu culpada e envergonhada após sofrer as ofensas, e que isso a fez pensar se deveria fazer a denúncia ou não. Disse que verbalizar novamente tudo o que ouviu e leu seria difícil, mas percebeu que, se mantendo calada, acabaria facilitando a continuidade destes crimes por parte do agressor.

Essa sensação de culpa e vergonha que Laís sentiu é comum a inúmeras mulheres negras no país, que diariamente sofrem todo tipo de racismo – seja a objetificação, a precarização, o feminicídio, etc. E o Estado, racista e machista em sua essência, quer manter as mulheres negras nesse lugar de objetos exóticos.

Essas pessoas não podem se sentir à vontade para nos agredir. Eu não sou fetiche e não existo para servir ninguém. Estamos em 2020 e eu sou livre.

O Esquerda Diário se solidariza sobre o ocorrido e faz coro com Laís e os negros e negras que se levantaram em protestos no último período, no Brasil, nos Estados Unidos e em todo o mundo, na luta contra a violência policial e o racismo estrutural.

 
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