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DESTRUIÇÃO DO MEIO AMBIENTE
Em meio a queimadas na América Latina, Ministro anuncia suspensão das operações contra desmatamentos
Redação

Em meio a um cenário catastrófico de queimadas em diversos países na América Latina, o Ministro do Meio Ambiente anuncia suspensão das operações contra desmatamento na Amazônia e queimadas no Pantanal

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Nesta sexta-feira (28), Ricardo Salles relatou um bloqueio de R$ 60,6 milhões aos órgãos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Segundo o Ministro do Meio Ambiente, isso levaria a uma suspensão no combate aos desmatamentos na Amazônia e no Pantanal, biomas endógenos, únicos e essenciais, não só para o Brasil, mas para o mundo todo, que hoje já vem sendo muito atacados pelo governo de Bolsonaro, tendo nas primeiras semanas de junho deste ano (2020) o maior número de queimadas desde 2007.

Na mesma tarde em que tal escândalo foi anunciado, o general Mourão desdisse o Ministro acusando-o de precipitado. Em entrevista, o Vice-Presidente declarou como mentirosa a posição de Salles, pois, segundo ele, tal corte de fato nunca ocorreu e os combates aos desmatamentos continuam.

O caso, que foi caracterizado por jornalistas como “informações desencontradas que tornaram pública uma antiga divergência entre Salles e Mourão” na realidade não representa somente uma intriga pessoal entre ambas as figuras e, decididamente, não é um embate entre um defensor contra um amigo das florestas, mas uma luta política com fins econômicos de dois inimigos declarados do meio ambiente. Vale lembrar, que foi esse mesmo ministro quem propôs passar ’a boiada’ e ’mudar’ regras ambientais, visando uma maior flexibilização a fim de avançar nos desmatamentos, enquanto a atenção da mídia estava voltada para a Covid-19. Em contrapartida, o General Mourão, saudoso da absurda ditadura militar, defende garimpo em área indígena. Esses incidentes explicitam, portanto, de qual lado esses agentes políticos estão e claramente não é o mesmo das florestas, dos povos nativos nem da população.

Tal desencontro é fruto de um jogo cujo objetivo é alinhar-se aos capitalistas do agronegócio. Isso passa por um constante impasse entre de um lado dar mais espaço aos latifundiários brasileiros para que possam tomar mais e mais terras à custo de litros de sangue indígena, e de outro agradar os investidores internacionais ao proteger as importantes reservas naturais, caras para toda a humanidade.

Para falar de Brasil é necessário passar pelo debate da concentração fundiária. De acordo com o último Censo Agropecuário do país, realizado em 2017, cerca de apenas 1% dos proprietários de terra controlam quase 50% da área rural do país. Além disso, na nação em que se produz uma quantidade gigantesca de comida, a fome é uma realidade para milhares de pessoas (cerca de 7 milhões). Há, ainda, mais de 40 milhões de pessoas que não comem a quantidade mínima necessária para uma alimentação adequada, apresentando, por isso, problemas de nutrição.

Esse é o retrato do capitalismo, um sistema podre que produz comida não para alimentar as pessoas, mas para sanar sua sede de lucros. Logo, para combater a desnutrição e a concentração de terras, assim como o desmatamento crescente dos biomas brasileiros, é urgente que ocorra uma reforma agrária.

Lutar pelo meio ambiente é uma tarefa central dos revolucionários e se concretiza também no combate frontal aos capitalistas latifundiários, aliando trabalhadores e pequenos camponeses com a centralidade na política operária. A história já mostrou que é somente com a classe trabalhadora à frente que as demandas mínimas e democráticas podem ser alcançadas, uma vez que no estágio atual do capitalismo, o imperialista, nem essas os burgueses podem garantir para a população. Isso se confirma com a Revolução Russa, que teve como uma das suas primeiras medidas após a tomada do poder a reforma agrária, tendo consciência que ela por si só não é uma medida revolucionária, embora represente um importante passo e possa levar os próprios camponeses a avançarem na sua consciência e concluírem que a coletivização é muito superior.

Se a Revolução de Outubro prova pela positiva essa tese, o governo populista do PT prova pela negativa. Em 13 anos, o Partido dos Trabalhadores, sem uma política de independência de classe, gerenciou o Estado burguês e não fez a prometida reforma agrária. Pelo contrário, na gestão Dilma, Kátia Abreu, a motosserra de ouro, foi Ministra do Meio Ambiente.

Isso tudo acontece em meio a um cenário internacional extremamente delicado: Na Argentina segundo relatórios nacionais, há incêndios ativos em catamarca; La Rioja, Córdoba; Santa Fé; Entre Rios; Correntes; Buenos Aires; La Pampa; São Luís; Santiago del Estero e Missões. Ou seja, meio país sob fogo.

Em Córdoba, só resta 3 % da floresta nativa. O resto já foi arrasado pela indústria de soja e pecuária.

A sede de ganhos não entrou em quarentena, nem na América Latina, nem em nenhum lugar onde o capitalismo toca. Se isso é verdade, como os fatos demonstram, precisamos nós também tomar um lado: O capitalismo destrói o planeta, destruamos o capitalismo!

 
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