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TRIBUNA ABERTA
Ensino Remoto Emergencial. Emergencial pra quem?

Publicamos na Tribuna Aberta texto de Aline Viégas, estudante de Química da UFMG.

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Foto: Reprodução.

Desde o início do governo Bolsonaro, é possível identificar traços de uma
ideologia que sustenta tendências pedagógicas liberais com discursos
meritocráticos vazios de contextualização social e cultura, deixando claro o apoio a
métodos tradicionais e tecnicistas que visam formar mão de obra “competente” para
o acúmulo do capital. A personificação do descomprometimento do atual governo
com uma educação libertadora, orgânica e plural é a criação do programa “Novos
Caminhos” que vai totalmente contra a classe trabalhadora garantindo uma
certificação em massa para atender as demandas do setor produtivo. Com a crise
sanitária e a necessidade de um isolamento social, a pauta da educação que já não
estava entre as preeminências do governo parece ter descido ainda mais entre suas
prioridades, titulando “Ensino remoto emergencial” a algo que nunca foi emergência
para o governo, a educação.

É inegável que as políticas educacionais e assistencialistas adotadas nos
últimos anos, principalmente na era petista, adentraram os pobres nas
universidades federais, permitiram que a classe trabalhadora pudesse financiar um
curso superior na rede privada e, mais que isso, apresentou um crescimento
significativo de brasileiros matriculados no ensino básico. O equívoco está ao
apontar essas conquistas como forma absoluta de emancipação da classe
proletária, uma vez que, a finalidade do processo formativo ainda está á serviço das
demandas da grande burguesia.

A servidão à classe burguesa é o pilar das desigualdades agravadas na crise
sanitária que enfrentamos, o trabalhador não pode cumprir o isolamento social por
ser o servidor essencial do acúmulo de capital. Esse mesmo pensamento pode ser
aplicado ao pensar no projeto do ensino remoto emergencial: atrasar o calendário
escolar, para o governo, significa atrasar a formação de mão de obra “competente”,
ou seja, isso interfere diretamente no número de trabalhadores futuros à serviço do
capitalismo. Com um olhar para além do atraso do calendário proposto no início do
ano de 2020 e considerando que “o custo de produção de um trabalhador é restrito,
quase completamente, aos meios de subsistência que ele requer para a sua
manutenção e para propagação da sua raça” (Engels e Marx, 1848, p. 20) é
possível enxergar que a preocupação do capital é o atraso do calendário burguês e
qualquer medida com disfarces assistenciais são investidas para a sobrevivência da
força motriz, o proletariado.

O ensino a distância não é inovação do atual governo, nem do governo
antidemocrático estabelecido pós golpe em 2016, essa modalidade de ensino
possuí registros como já existente desde o início do século XX. Entrando no campo
da EAD, é importante a crítica quanto ao ensino remoto e se ele pode ser
considerado ensino a distância, uma vez que, mesmo mediado pela tecnologia, ele
continua seguindo o calendário escolar do ensino presencial. Em resumo, o ensino
a distância envolve planejamento e adaptação do corpo docente para atender as
demandas da comunidade escolar, o que claramente não aconteceu nesse projeto
de ERE. Aprovar que aconteça o Ensino de forma remota é dizer “e daí?” a milhares
de jovens que sofrem com as consequências da negligência deste governo fascista
à crise sanitária que já registrou mais de 100.000 mortes.

O decreto do Ensino Remoto como Emergencial é a grande face do governo
Bolsonarista, que nunca esteve comprometido com as verdadeira demandas
emergenciais da classe trabalhadora.

Fontes:

Conheça os Novos Caminhos. Ministério da educação. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/novoscamin...> . Acesso em 13 ago.
2020.

Movimento Docente da UFSC publica manifesta contra o “ensino” ensino remoto.
UFSC à esquerda, 2020. Disponível em: <https://ufscaesquerda.com/noticiamo...> Acesso em
13 ago. 2020.

A educação segundo o bolsonarismo: um ano de ataque e resistência. Esquerda
Online, 2019. Disponível em: <https://esquerdaonline.com.br/2019/...> Acesso em:
13 ago. 2020.

MARX, Karl e ENGELS, Friedrich. Manifesto Comunista. Tradução de Maria Lucia
Carmo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998.

UFRGS aprova ensino remoto, que excluirá principalmente os estudantes negros e
mais pobres. Esquerda Diário, 2020. Disponível em
<https://www.esquerdadiario.com.br/U...> Acesso em: 13 ago. 2020

 
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