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AUXÍLIO EMERGENCIAL
De olho na popularidade, Bolsonaro faz demagogia com prorrogação do Auxílio Emergencial
Thais Oyola - bancária e delegada sindical da Caixa

Setores do governo avaliam a prorrogação do Auxílio Emergencial e a diminuição dos atuais R$ 600 reais para algo entre R$ 200 ou R$ 300 reais. Mas admitem que essa decisão será política.

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A equipe econômica do governo Bolsonaro afirma que a medida de prorrogação e eventuais alterações no valor vai depender da economia, ainda em meio à crise aprofundada pela pandemia. No entanto, ao admitirem que se tratará de uma decisão política, significa que estão de olho no quanto o pagamento do Auxílio Emergencial representa hoje um dos principais sustentáculos de apoio a Bolsonaro, cuja aprovação cresceu nas pesquisas no último período.

Para seguir alimentando certo deslocamento de sua base social de apoio, dos estratos mais abastados para se fortalecer em setores populares de trabalhadores informais e precários, Bolsonaro também precisaria dobrar o próprio Congresso Nacional que, na figura de Rodrigo Maia, pressiona para o que é a principal preocupação dos parlamentares burgueses: assegurar o escoamento dos recursos nacionais para o pagamento da dívida pública aos grandes credores entre os maiores bancos nacionais e internacionais.

Diante disso, o próprio Bolsonaro já vai adaptando o seu discurso quando, no último dia 02 disse "Por mês, são R$ 50 bilhões. Vão arrebentar com a economia do Brasil".

Enfim, a hipocrisia...

O pagamento do Auxílio Emergencial já demandou cerca de R$ 254,2 bilhões e, se prorrogado com o mesmo valor de R$ 600, poderiam representar um custo total de cerca de R$ 450 bilhões até o final do ano.

Mas salta aos olhos a discrepância entre o que já foi gasto com o auxílio emergencial aos trabalhadores informais e desempregados com o que foi disponibilizado de uma vez e sem demora para socorrer um punhado de bancos logo no começo da pandemia, em março: R$ 1,2 trilhão de reais, pelo menos 4 vezes mais do que foi destinado a mais de 60 milhões de trabalhadores.

Sobre esse montante estrondoso, não vimos declarações preocupadas com as pressões no orçamento, tampouco esforços para diminuir o “socorro” ao setor que mais tem lucrado, mesmo em meio à pandemia.

Benefícios assistenciais às custas da corrosão dos direitos trabalhistas

A fim de fazer as manobras orçamentárias necessárias para garantir ao menos a figura do Auxílio Emergencial, mesmo que eventualmente transformada no suposto Renda Brasil, Bolsonaro e sua equipe econômica já apontam suas armas ao ataque de mais direitos trabalhistas, como o Abono Salarial, benefício ligado aos trabalhadores formais que recebem até 2 salários mínimos.

Bolsonaro, ao propor atacar ainda mais direitos trabalhistas para demagogicamente acenar com o auxílio emergencial para sua base de apoio que hoje está imersa no trabalho informal e precário, a mesma precarização aprofundada com as MPs da morte assinadas por ele próprio, demonstra seu objetivo primordial de descarregar os custos da crise nas costas dos trabalhadores.

Um tiro curto?

Porém, diante dos aterradores prognósticos para a economia mundial e nacional, será que mesmo a medida populista e demagógica de prorrogação do auxílio emergencial vai ser suficiente para amortecer o compasso da degradação das condições de vida da maioria da população com uma crise econômica que segue sendo descarregada em suas costas?

Ou melhor, será que vai ser suficiente para apaziguar os ventos incendiários da fúria negra que tem percorrido o coração do capitalismo, nos EUA, e que podem soprar por aqui também?

O fator decisivo para uma eventual nova tendência de corrosão mais decisiva das bases de apoio do governo Bolsonaro só vai poder ser a partir da luta de classes. Por isso, é necessário fortalecer cada luta e cada greve (como a que acabou de ser deflagrada pelos trabalhadores dos Correios), como escolas de guerra para não se limitar à miséria do possível de somente trocar os jogadores do mesmo jogo manipulado do regime do golpe institucional, e sim erguer uma força social capaz de impor uma Assembleia Constituinte Livre e soberana para mudar as regras do jogo e criar as bases para um governo dos trabalhadores em ruptura com a podridão capitalista.

 
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