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ABORTO LEGAL
A pandemia e o papel da juventude na luta pelo aborto legal, seguro e gratuito
Faísca - UFES

Junto a pandemia que cresce no país sem controle e sem testes, aumenta a violência contra a mulher. A face escancarada do machismo e patriarcado evidenciam que as mulheres seguem as mais afetadas, pagando o preço mais alto em meio a essa crise. Frente ao estarrecedor e escandaloso caso da menina de 10 anos estuprada pelo tio, reafirmamos a profunda fala de Trótski de que "é preciso olhar o mundo com os olhos das mulheres."

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Não bastasse a realidade absurda de traumas e violência que essa criança vive desde os 6 anos, sua vida esteve nas mãos da escória desse sistema apodrecido que é o capitalismo, um escândalo que escancara a misoginia da extrema direita de Bolsonaro, Damares, Sara Winter. Reacionários discutindo sobre decidir hipocritamente “em defesa da vida”, mas sabemos que não se importam em nada com a vida da garota e de milhares de outras mulheres que morrem todos os anos por causa do aborto clandestino e pela violência contra a mulher.

O Estado, responsável pelo vazamento de dados da menina de 10 anos estuprada, que deveriam ser sigilosos, foram divulgados nas redes sociais e em grupos de apoiadores pela reacionária Sara Winter, que foi parte do governo Bolsonaro a convite de Damares, expôs a menina incitando sua base a perseguir a criança e o médico, destilando todo o seu fanatismo religioso. Junto a essa corja, Silas Malafaia afirma em vídeo que aborto é pior do que estupro.

No país campeão de violência contra a mulher, a quarentena desnuda o que denunciamos a anos, que a violência contra a mulher acontece em casa e os agressores são os companheiros e ex, maridos, pais, padrastos, irmãos. O aumento dessa violência é resultado do discurso de ódio machista da extrema direita, dos ataques à educação, à saúde, aos direitos trabalhistas e direitos fundamentais para as mulheres, como creche, da política reacionária à serviço de aprofundar as péssimas condições de vida das mulheres que só aprofundaram no Brasil da pandemia, onde o isolamento social permite que as mulheres estejam ainda mais vulneráveis. Ressaltamos que são as mulheres negras as que mais pagam os custos da crise, já que são as maiores vítimas da violência, agora em meio a pandemia são as mais demitidas em primeiro lugar e que verão suas famílias sofrendo abertamente com o contágio do Coronavírus. São as mulheres pobres que primeiro se enfrentarão com a falência do SUS e são elas as que mais estão sujeitas aos efeitos que a crise sanitária, social e política trarão para o nosso país.

No Brasil, o aborto não só é questão de saúde pública, como também de gênero, raça e classe, afinal, a cada 4 mulheres mortas por abortos clandestinos, 3 são negras. E não é de hoje que o corpo da mulher é submetido ao controle do Estado capitalista. Dados oficiais revelam que ocorrem no Brasil, em média, seis internações diárias por aborto envolvendo meninas de 10 a 14 anos que engravidaram após serem estupradas. Esses casos envolvem procedimentos feitos no hospital e internações após abortos espontâneos ou realizados em casa, por exemplo. Se o número parece alto, ele é pequeno perto da quantidade de estupros de crianças e adolescentes que ocorrem no Brasil: a cada hora, quatro meninas de até 13 anos são estupradas no país, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2019, registrando recorde de violência sexual. Foram 66 mil vítima de estupro no Brasil em 2018, maior índice desde que o estudo começou a ser feito em 2017. A maioria das vítimas (53,8%) foram meninas de até 13 anos. Ocorrem em média 180 estupros por dia no Brasil, 4,1% acima do verificado em 2017 pelo anuário. O Espírito Santo registrou mais de um caso de estupro de crianças por dia entre janeiro e julho deste ano. De janeiro a julho deste ano, 259 crianças de até 14 anos foram abusadas sexualmente em todo o estado. Os dados são da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp).. No estado do Espírito Santo, o número de vítimas da violência doméstica é alarmante. Segundo o Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo, o estado lidera o ranking nacional de violência contra a mulher, com taxa de 9,4 homicídios para cada 100 mil grupos de mulheres, sendo apontado com o maior número em incidência de casos.

A pandemia se tornou mais uma desculpa para impedir que as mulheres possam abortar e não podemos aceitar esse ataque. Lutamos também pela proteção à todas as mulheres que estão em situações de vulnerabilidade. Por isso, em meio à pandemia lutamos por aborto legal, seguro e gratuito. Resgatamos a força das mulheres soviéticas e do marxismo revolucionário, que no século XX teve sua continuidade através do Partido Bolchevique, defendendo com toda a sua energia a luta pela verdadeira emancipação das mulheres. Resgatamos essas lições de 1917 onde foram conquistados historicamente direitos como a legalização do aborto. Seguiremos defendendo "que é preciso olhar o mundo com os olhos das mulheres" como certeiramente dizia Trótski. Mas hoje, olhemos o mundo com os olhos de uma menina de anos 10 anos, como sensivelmente expressou Letícia Parks.

É encarando o mundo com olhos dessa menina que, rumo ao dia 28 de Setembro, dia latino-americano e caribenho pelo direito ao aborto, precisamos fazer ecoar esse grito internacional contra a extrema direita, pela separação de Igreja e Estado e para que sejam os capitalistas a pagarem pela crise.

Leia também: Rumo ao 28S, contra Bolsonaro, Sara Winter e o Estado machista: legalizar o aborto com luta

Nós, da Juventude Faísca, desde a UFES no Espírito Santo, que enfrentamos nesse momento o absurdo ataque que é a implementação autoritária do Ensino Remoto que excluirá principalmente as estudantes negras e pobres, nos solidarizamos a vida dessa criança e batalhamos para que os sonhos da nossa juventude não sejam mais arrancados como são no sistema capitalista. As entidades estudantis devem colocar toda sua energia para defender as bandeiras das mulheres e demandas democráticas como o aborto legal, seguro e gratuito, em unidade ao movimento de mulheres e o conjunto da classe trabalhadora. Sabemos quantas jovens estudantes não conseguem permanecer nas universidades porque inclusive nem o direito à maternidade garantida ou direito elementar como a creche possuem. Deve ser parte das correntes que atuam no movimento estudantil defender esses direitos das mulheres que atingem principalmente as mulheres trabalhadoras negras, bem como defender o importante debate da educação sexual para decidir e de contraceptivos gratuitos para prevenir.

 
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