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FORA BOLSONARO E MOURÃO
Por que é necessário lutar para derrubar Mourão e os militares, e não somente Bolsonaro
Juninho Caetano

Não podemos deixar que o correto anseio para tirar Bolsonaro, por meio de um eventual cenário de impeachment, faça com que Mourão assuma o poder. É preciso lutar, desde já, pela unidade dos trabalhadores, sem nenhuma aliança com setores da burguesia, que levante Fora Bolsonaro, Mourão e os militares, sem confiança no STF, em Maia e nos governadores.

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Foto: Sérgio Lima/Poder 360.

Bolsonaro, grande administrador de uma crise que já matou mais de 80 mil pessoas em poucos meses segundo os dados oficiais, é, sem dúvidas, representante número 1 do reacionarismo máximo da extrema direita. É aquele que tem coragem de falar abertamente que centenas de milhares vão morrer durante a pandemia para a economia continuar funcionando.

Foram 8 milhões de postos de trabalho perdidos durante a pandemia, e Bolsonaro continua a fazer demagogia de combate à pobreza e à miséria, para que os trabalhadores se exponham cada vez mais, enquanto paga um pequeno auxílio emergencial de somente R$ 600,00, que não sustenta uma família por meio mês que seja.

A ala militar só se fortaleceu no governo Bolsonaro, desde o início da crise com a pandemia. Em especial, no início, quando Bolsonaro ficou isolado de parceiros políticos da direita tradicional, foram os militares que o sustentaram; quando o STF avançou contra as tropas bolsonaristas, foram os militares que saíram a protestar contra o STF.

Mourão é nada menos do que a ponta de lança deste movimento dos militares. Ocuparam massivamente cargos do governo e estatais, agências de controle, instituições e autarquias ligadas ao controle do governo federal.

Mas, contrariando o bom senso, um amplo setor da dita “oposição” apelou para os generais e militares do alto escalão para exercerem o controle sobre Bolsonaro. Inclusive membros da ala petista desta oposição, como Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão, que chegou a afirmar que preferia Mourão no governo.

Hoje podemos ver qual é o resultado dos militares “assumirem as rédeas” do governo: com um militar de interino no Ministério da Saúde, o Brasil segue batendo recordes de mortes, com médias semanais superiores a mil mortes diárias, com subnotificação e sem nenhuma transparência de dados.

Os militares, ao invés de fornecerem a estrutura do Exército ao combate à pandemia, participaram da vergonhosa campanha de Bolsonaro pela cloroquina, produzindo-a em suas unidades. Ao invés de combaterem a pandemia, esconderam dados – resgatando a tradição de uma instituição responsável por esconder os assassinatos e as torturas durante o regime ditatorial que ocorreu no país de 1964 a 1988.

Os protestos no Brasil ganharam o espectro antirracista e antifascista, mas é claro que para todos os setores do regime, desde Bolsonaro ao STF até governadores, seria altamente perigoso uma não contenção das revoltas no país. Lembrando que a Polícia Militar brasileira é uma da mais assassinas e violentas de todo o mundo, com destaque para a polícia de João Doria e de Wilson Witzel, que matou dezenas de jovens negros durante a pandemia em operações assassinas dentro das favelas. No país onde há mais negros no mundo depois do continente africano, e no qual a maior parcela da população carcerária é de negros em sua maioria sem julgamento. A revolta destes, a exemplo do que ocorre nos EUA, é o cenário que poderia balançar e muito a autoridade de Bolsonaro, dos governadores e do próprio judiciário racista.

Mourão, há pouco tempo, no último 31 de março, glorificou o golpe de 64, que massacrou centenas de jovens, mulheres, trabalhadores, torturou e sumiu com corpos que até agora não sabemos onde foram descartados. A mesma ditadura que treinou a Policia Militar em métodos assassinos para reprimir e matar trabalhadores e a juventude negra, cenas que revemos diariamente.

Mourão não representa nenhum “mal menor”, como pensam algumas figuras da esquerda que levantam somente o “Fora Bolsonaro”. E justamente por isso é que jamais será derrubado com frente amplas, como “Estamos Juntos”, “Somos 70%” e “Direitos Já”, nas quais participam golpistas e reacionários da direita, na tentativa de subordinar os trabalhadores a um programa da burguesia, para estabilizar a crise pela via eleitoral e abafar uma revolta profunda das ruas que derrube Bolsonaro.

Não é possível admitir que as direções de organizações representantes dos trabalhadores, como as centrais sindicais CUT e CTB, dirigidas por PT e PCdoB, tenham alianças com inimigos de nossa classe, como FHC, Rodrigo Maia, que estão sendo consolidadas nestas frentes amplas, que conta com alguma figuras do PSOL, infelizmente, tais como Boulos e Freixo, dividindo espaços com Luciano Huck na frente “Direitos Já”.

É preciso superar a estratégia do PT, que divide tarefas entre seus governadores, deixando passar ataques, como a reforma da Previdência, que não se preocupa em organizar em combate os trabalhadores dentro dos sindicatos que dirige, mantendo-a desorganizada enquanto uma série de direitos são retirados e empregos são perdidos.

É urgente romper com o reformismo petista que canaliza o ódio da população pobre e negra para a via eleitoral e institucional, decepando toda a força revolucionária dos trabalhadores em negociações com setores golpistas do regime na Frente “Direitos Já”, costurada com velhas figuras da direita, como se de “mal menor” a “mal menor” a correlação de forças se alterasse. Por isso, a única saída para derrotar Bolsonaro e Mourão é o combate travado pela classe trabalhadora na luta de classes.

Reorganizar a esquerda é necessário, rompendo estas alianças costuradas por cima com velhos partidos da direita, construir um polo da esquerda, independente, que lute pelo “Fora Bolsonaro e Mourão”, e avançar para debater o que colocar no lugar, que para nós deveria ser a luta por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, para que os trabalhadores organizados possam confrontar seus interesses imediatos em contraposição aos da burguesia e verem que a única solução é a liquidação desse regime por inteiro. Um chamado que fazemos aos companheiros do PSOL e do PSTU.

Em um processo como esse a esquerda socialista deveria defender, como nós do MRT defendemos, a proibição de demissões, testes massivos, contratação de mais profissionais da saúde, e uma renda mínima de R$ 2.000,00 a todo trabalhador desempregado ou sem renda durante a pandemia. Em defesa de uma frente única dos trabalhadores, sem nenhuma aliança com o golpismo do judiciário, com governadores ou qualquer confiança neles, para dizer que não aceitamos a gestão desta crise nas mãos de Bolsonaro e nem nas de Mourão e dos militares.

 
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