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CORONAVÍRUS
Levantamento mostra que coronavírus pode ter matado mais de 115 mil até junho
Gabriel Girão

Levantamento independente foi feito pelo Esquerda Diário.

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A pandemia do coronavírus já ceifou mais de 70 mil vidas pelos números oficiais. No entanto, sabemos que esse número, assustador por si só, está muito abaixo da realidade devido a imensa subnotificação. Por isso, esse levantamento independente do Esquerda Diário é uma primeira tentativa de estimar o número de mortos. Devido ao atraso na notificação dos dados, faremos a estimativa somente até o fim do mês passado.

Como base de tal levantamento usaremos 2 dados. O primeiro são os óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), quadro clínico formado pela Covid. Como fonte desses dados, usamos o portal MonitoraCovid-19, da Fiocruz. São usados os dados até a semana epidemiológica 27.

Até a última atualização do portal o Brasil registrava 102641 mortes por Srag até a semana 27. Para que possamos ter uma ideia, a média de óbitos por SRAG dos últimos 4 anos (contabilizando o ano todo, de janeiro a dezembro), de acordo com o sistema InfoGripe da Fiocruz, foi de 5 mil.. Portanto, se descontarmos esse número vemos pelo menos 97641 mortes pelo novo coronavírus.

A esse dado é necessário fazer um adendo. Além da imensa subnotificação, o Ministério da Saúde ainda possui uma extrema lentidão para contabilizar suas estatísticas. Portanto, é muito provável que haja óbitos de SRAG ocorridos em junho e se duvidar até em maio ou abril que ainda não foram registrados no sistema, de modo que mesmo essa estimativa pode estar subestimando o número real de mortes. Portanto, ainda que a semana 27 vá até 4 de julho, é muito provável que o número de óbitos registrado seja menor do que o real ocorrido até junho.

Outro fenômeno importante de analisar é o aumento das mortes em casa. Com a pandemia, muitos países, inclusive o Brasil, registraram um aumento vertiginoso das mortes em casa. No entanto, muitas dessas mortes acabam não tendo a causa do óbito registrada. Por isso, para calcularmos a subnotificação, usamos o excesso de óbitos em casa relação ao ano passado cuja causa do óbito não foi registrada como problema respiratório (pois esses entraram nas estatísticas de SRAG). Usando como base os dados do Portal da Transparência, calculamos o excesso de óbitos em domicílio no período de 4 de fevereiro até 30 de junho, visto que a FioCruz já demonstrou que havia circulação comunitária do coronavírus no mês de fevereiro.

Analisando os dados vemos que - no ano de 2020 - nesse período ocorreram 84656 mortes em casa cuja causa do atestado não foi de problema respiratório. No mesmo período do ano passado foram 67319. Subtraindo um número pelo outro, chegamos a um excesso de mortes 17337.

Somando um com outro chegamos ao valor de 115018. Ou seja, pelo menos 115 mil mortes causada pelo que Bolsonaro chamou de gripezinha – isso somente até o fim do mês passado. Lembrando que na data 30 de junho o Brasil registrava 59594 mortes oficiais segundo o CONASS. Praticamente a metade do que estimamos aqui.

Número que poderia ser muito menor caso desde o início fossem tomadas medidas como testagem massiva, se tivesse havido uma reconversão industrial para produzir insumos necessários a pandemia como leitos e respiradores, se tivessem sido fornecidos os EPI’s adequados aos trabalhadores da linha de frente, enfim, se realmente tivesse sido feito um plano de combate à pandemia.

Entendemos aqui todas as limitações que esse levantamento tem, tanto pela limitação dos dados que tivemos acesso como por se tratar de um levantamento amador. Se por um lado, o atraso nos dados de óbitos por SRAG podem causar uma certa subestimação das mortes, por outro lado, algumas mortes em casa e até mesmo de SRAG podem ter sido causadas por outras complicações de saúde, mas como os hospitais estavam saturados, as pessoas não conseguiram buscar atendimento e acabaram por morrer em casa, ou no caso das SRAG causadas por outras razões que não a covid, só buscaram o atendimento quando o problema estava bem grave. Infelizmente, a ausência de testes faz com que sempre tenhamos que trabalhar com aproximações e estatísticas - que sempre tem suas falhas.

Acreditamos que futuramente estudos científicos poderão fazer uma estimativa mais precisa desse dado. No entanto, a ideia desse levantamento independente era dar uma noção inicial de qual a real extensão da tragédia sanitária no Brasil da qual Bolsonaro, os Governadores e os prefeitos são responsáveis.

 
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