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RETORNO ÀS AULAS EM SP
“Quem você acha que são as trabalhadoras da limpeza e cozinha?” Profa. Grazi ao Secretário de SP
Redação

Durante live com o Secretário Municipal da Educação de SP, professores exigem que as trabalhadoras terceirizadas façam parte do debate sobre o retorno às aulas e desmascaram o irrealizável plano elaborado pela prefeitura que nem se quer possuem os olhos daqueles que trabalham no chão das escolas. Grazi Rodrigues ainda denunciou a demissão das terceirizadas.

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Foto de Dimas Freitas / Jornal Metas

Durante a live de ontem (15/07), onde foram reunidos trabalhadores da educação para um debate com o Secretário Municipal, Bruno Caetano, além dos trabalhadores terem colocado o secretário contra a parede em relação ao irresponsável e irrealizável plano para o retorno às aulas, a professora Grazi Rodrigues, que foi representante eleita da DRE Jaçana-Tremembé da região norte metropolitana, denunciou a demissão de trabalhadoras terceirizadas, que são em sua grande maioria negras, das escolas às vésperas do anunciado do retorno às aulas e desmentiu o secretário ao vivo quando ele disse que zelava pelo emprego e a vida dos trabalhadores terceirizados.

Como foi dito por Grazi, militante do Movimento Nossa Classe Educação, o plano de retorno às aulas é bastante pautado pelo olhar do gabinete do governo e muito distante da realidade daqueles que colocam as suas vidas em jogo durante essa pandemia.

Veja aqui: Trabalhadores da Educação desmascaram Secretário da Educação em live sobre a volta às aulas em meio à pandemia.

Ainda, dentre tantas outras colocações e questionamentos ao secretário, Grazi fala sobre os dados da pandemia, que já matou mais de 74 mil pessoas no Brasil (dados até o momento da live) – devido ao descaso dos governos que não oferecem testes massivos, um auxilio emergencial mais digno, a expansão e centralização das redes privadas e públicas de saúde do país, etc. –, além da enorme quantidade de subnotificações.

“E secretário, também, segundo as pesquisas, o risco de morte pela COVID-19 é de 62% maior entre os negros em comparação aos brancos. Eu também queria perguntar, para todo mundo e para o senhor, quem vocês acham que são as trabalhadoras terceirizadas da limpeza e da cozinha das nossas escolas?” - Profa. Grazi Rodrigues

Elas são mulheres negras, mães, das periferias, vivendo condições de maior vulnerabilidade, que ou estão em suas casas sem emprego ou seguem trabalhando em diversos setores sem direito a EPIs e um salário digno que seja suficiente para sustentar suas famílias. Elas seguem se expondo todos os dias, sem poderem ter a segurança de um atendimento de saúde efetivo e que, ao retornarem aos seus lares, ainda correm o risco de levarem o vírus da covid para dentro de suas casas.

Herança escravocrata

Um dos itens desse plano de retorno publicado pela Secretária Municipal de Educação fala que os panos de chão deverão ser passados a ferro, um a um, depois de lavados. Realmente, uma piada de mal gosto essa. Grazi então questionou o secretário em como se segue um plano desses já que a grande maioria das escolas não possuem lavanderia e nem ferro de passar.

“Esses panos são lavados a mão e são pelas mãos negras dessas mulheres que a gente sabe que serão as mais expostas nesse retorno, podendo também tornar estatísticas” - Profa. Grazi Rodrigues

No início da pandemia, grupos e coletivos de educadores e oposições sindicais das redes municipal e estadual de São Paulo iniciaram um abaixo-assinado em defesa das terceirizadas não só do estado, mas de todo o país. O abaixo-assinado pedia pela manutenção dos empregos, com licença imediata, sem redução salarial. Entretanto, muitos foram demitidos ou tiveram que seguir trabalhando sem existirem atividades nas escolas e se expondo a contraírem o vírus.

Veja aqui: Professores organizam abaixo-assinado em defesa de terceirizadas das escolas públicas e também: Após demitir milhares de terceirizados, Doria anuncia volta as aulas presenciais.

Mais no final da live, enquanto o secretário faz uma fala sendo demagógico, de que ele se importa sim com a vida dos trabalhadores terceirizados, Grazi recebe um documento sobre a demissão (no mesmo dia da live) das terceirizadas da DRE de São Miguel. O secretário rebateu alegando que a própria empresa contratada não quer mais seguir com os serviços em parceria com a prefeitura nessa região. O secretário disse que tentará a recontratação dos terceirizados pela nova empresa que irá assumir.

Mas se o secretário se diz preocupado com a vida de todas e todos, porque a prefeitura assume parcerias com empresas terceirizadas ao invés de contratar diretamente essas trabalhadoras? A prefeitura de São Paulo, assim todo o governo, atendem aos interesses dos empresários e patrões. Enquanto repassam montantes de dinheiro à essas empresas, permitem que essas trabalhadoras e trabalhadores sigam recebendo salários baixíssimos para serem ainda mais explorados.

Acreditamos que o retorno às aulas deve ser decidido e planejado por aqueles que dedicam suas vidas às escolas e também por todas as comunidades. Deve ser elaborado por um debate vivo entre professores e outros trabalhadores da educação, pelas terceirizadas e terceirizados da limpeza e da cozinha que são os que garantem a limpeza e a alimentação de todos dentro das escolas, os trabalhadores da saúde que vivem desde o início colocando suas vidas na linha de frente durante essa pandemia, e ainda, todas as alunos e alunos, juntamente com seus responsáveis. Estes são os verdadeiros interessados pela educação de nossas crianças e jovens.

E por fim, mas como uma exigência central, nós do Movimento Nossa Classe Educação, acreditamos que também é preciso lutarmos pela efetivação de todas e todos os terceirizados, sem a necessidade de concurso público. Se são trabalhadores essenciais para o funcionamento de nossas escolas, estes devem ter os mesmos direitos que os educadores e receberem salários dignos para que possam sustentar suas famílias.

 
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