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POLÍCIA
Demagogia no combate ao coronavírus e o investimento na repressão polícial
Victoria Santello
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Em 2019, o governo do Estado de São Paulo liberou o total de R$ 72 milhões de bônus a 67,4 mil policiais, que incluem os policiais civis e militares. Com este montante, seria possível cobrir 24 mil diárias em leitos de UTI (no valor de R$ 3 mil reais/dia) ou um pouco mais de 1 milhão de testes de PCR (custando R$ 70,00 cada – valor retirado dos dados fornecidos pelo Hospital Universitário da UNICAMP.

No mesmo ano, o governo do Estado do Rio de Janeiro fez a doação de aparelhos ao Hospital Central da Polícia Militar (HCPM) equivalendo R$ 1,2 milhão, voltados para policiais militares do estado e seus dependentes. Com este valor, era possível realizar a aquisição de, aproximadamente, 38 ventiladores pulmonares de transporte (no valor de aproximadamente R$ 38 mil cada) ou 19 ventiladores pulmonares (no valor unitário de R$ 63 mil – dados obtidos a partir dos valores discriminados nas despesas feitas com a doação feita a UERJ). Os dados são de 2019 e representam apenas uma pequena quantidade do que é gasto com a polícia. Se levarmos em conta toda a infraestrutura, armas, salários e benefícios, esse valor é absurdamente maior.

São Paulo e Rio de Janeiro lideram tanto em quantidade de casos quanto de mortes pela COVID-19. São os mesmos governadores que, demagogicamente, rebatem o negacionismo do governo Bolsonaro no enfrentamento à pandemia e que hoje já estão flexibilizando o isolamento social para garantir os lucros dos empresários em meio à crise econômica. Na fala, se mostram em lados opostos a Bolsonaro, mas, na prática, têm a mesma política: fazer com que a classe trabalhadora pague com a sua vida as consequências da crise econômica. Fica ainda mais evidente essa consonância com a reunião feita com os atores do jogo político brasileiro: governadores, Rodrigo Maia, Davi Alcolumbre, além de parte dos Ministros de Estado como o General Heleno, com o objetivo de selar o acordo entre os agentes golpistas do executivo e os agentes golpistas do Congresso junto com os governadores, visando não o bem estar da população, mas sim os interesses da patronal industrial e dos bancos, que seguirão lucrando durante a pandemia.

O fato de os governos garantirem tanto dinheiro para manutenção da polícia em vez de adquirir equipamentos e insumos para o combate à pandemia demonstra claramente quais são as prioridades: aumentar os recursos do aparato de repressão do Estado. O Brasil tem a polícia que mais mata no mundo, e esse número não diminuiu com o isolamento social e a pandemia, pelo contrário. Os principais alvos da violência sistemática são os negros e os mais pobres.

Diante da pandemia do coronavírus e da crescente crise econômica, internacionalmente, vem se expressando movimentos de resistência aos ataques dos governos, como foi o exemplo da paralisação internacional dos entregadores de app. Neste momento marcado por atos massivos em repúdio ao racismo internacionalmente, precisamos, mais do que nunca, nos ligar a esses setores, pois, em todo mundo, é a população negra que mais sofre com as consequências econômicas e da pandemia.

Mais do que nunca, precisamos tomar o futuro em nossas mãos, pois somente a classe trabalhadora conseguirá dar as respostas a esta crise. São os trabalhadores e os setores essenciais, que diariamente enfrentam a pandemia colocando suas vidas em risco, que deveriam decidir os rumos do país. Para mudar as regras do jogo, e não apenas os jogadores, defendemos uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, que faça com que sejam os trabalhadores, os negros, indígenas e os setores mais atingidos pela pandemia a enfrentar os problemas estruturais do país.

 
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