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Uber gasta bilhões em compra de empresa enquanto demite os funcionários e não garante direitos
Jade Penalva
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A Uber Technologies anunciou nesta segunda-feira, 6, a compra da empresa de serviços de delivery Postmates por US$ 2,65 bilhões (aproximadamente R$ 14 bilhões de reais), como forma de aprimorar o segmento de entrega de alimentos da companhia americana, o Uber Eats.

O Postmates, assim como o Uber Eats, se caracteriza por ter focos geográficos de atuação diferentes e relacionamento mais forte com restaurantes de pequeno e médio porte. O Postmates, fundada em 2011, respondeu por 8% do mercado de entrega de refeições nos EUA em maio, o que seria essencial para complementar os crescentes esforços da Uber na entrega de mantimentos, itens essenciais e outros bens. De acordo com a Edison Trends, que rastreia gastos com cartão de crédito, juntos, Uber Eats e Postmates teriam uma participação de 37% nas vendas de entrega de alimentos nos Estados Unidos.

“A Uber e a Postmates compartilham a crença de que plataformas como as nossas podem fornecer muito mais do que apenas entrega de alimentos. Elas podem ser uma parte extremamente importante do comércio e comunidades locais, ainda mais durante crises como a da covid-19", diz Dara Khosrowshahi, CEO da Uber. O acordo entre as duas empresas reforçaria o Uber e ajudaria a Postmates, uma empresa de nove anos que luta contra rivais maiores na entrega de alimentos.

Ao longo de 2019, só na Uber tiveram 1,5 mil demissões, demonstrando que para as empresas a vida dos trabalhadores não vale de nada. Como vemos com a paralisação dos entregadores, a condição de trabalho deles não só é precária, como está piorando: as remunerações e direitos caem, e os empresários apostam em aumentar lucros se baseando na retirada de todo e qualquer direito desses trabalhadores, que chegam a ganhar valores de R$ 0,60 por quilometro rodado, enquanto as empresas nadam em milhões de dólares.

A precarização de um motorista de aplicativo começa na saúde. Com a dor na coluna, com o pouco tempo para alimentação, com a dor nos joelhos depois de horas trabalhando. O motorista de aplicativo não é nem será um funcionário, pois não é isto que a empresa propõe. Não está protegido em caso de doença, nem está protegido se for desligado pela Uber por alguma denúncia de algum passageiro, por exemplo. Tem direito aos dias de folga e a organizar seu próprio tempo, no entanto, para conseguir sobreviver terá que trabalhar de sol a sol trinta dias por mês, não tendo tempo para ficar com sua família.

A aposta dessas empresas é na precarização do trabalho em larga escala. Com a paralisação dos entregadores no dia 1/7, vimos que as suas demandas por melhores condições exigem: aumento do valor por quilômetro rodado; aumento do valor mínimo por entrega; fim dos bloqueios indevidos e reintegração de todos os bloqueados indevidamente; fim da pontuação; seguro para os casos de roubo, acidente e seguro de vida; auxílio pandemia e EPIs; licença para quem estiver doente.

A pandemia está servindo de pretexto para os patrões atacarem com mais força os trabalhadores. O exemplo de combatividade dos entregadores enche de esperança lutadoras e lutadores que entendem a importância de dar uma resposta dos trabalhadores contra os ataques do capital que continuam mesmo frente a crise sanitária que vemos no país. A única maneira de exigir melhores pagamentos e segurança no trabalho é através da auto-organização e das paralisações para reverter as péssimas condições de trabalho a que estamos expostos.

 
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