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CORTE DE BOLSAS
Alunos do Teatro da UFRN iniciam campanha contra corte das bolsas PIBID
Redação
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Diante da pandemia do coronavírus, a educação vem sendo um alvo central do negacionista Bolsonaro. Desde o início desse governo, muitas bolsas de pesquisas foram cortadas e diversos ataques foram feitos às universidades públicas.

Em Natal, estudantes de Teatro iniciaram uma campanha contra os cortes das bolsas PIBID no curso.

Reproduzimos a nota abaixo.

CARTA DE POSICIONAMENTO ACERCA DO CORTE DE BOLSAS DO PIBID DE TEATRO

24 de junho, 2020
Estudantes do curso de licenciatura em Teatro da UFRN (Natal)

A Pró-Reitoria de Graduação (PROGRAD) enviou, em 12 de junho de 2020, um documento para os coordenadores do PIBID, contemplando a divisão das bolsas do Programa no ano de 2020, bem como os critérios utilizados para essa divisão. O curso de Licenciatura em Teatro (assim como LIBRAS/Natal e Línguas em Espanhol/Currais Novos) ficou com um total de 0 bolsas, tendo em vista que um dos requisitos visa dar prioridade a cursos não contemplados no “Residência Pedagógica”, e nós, de Teatro, fomos honrados com a referida iniciativa. No entanto, acreditamos que os dois projetos possuem intuitos completamente diferentes, além de constatarmos o fato de que o parâmetro não foi aplicado de forma isonômica, considerando que outros cursos foram beneficiados pelos dois programas.
É inaceitável. É imoral. Porém, esse foi um ato totalmente maquinado. Estamos sendo atropelados e atacados de diversas formas, por várias frentes, por dias e dias, há alguns anos. O corte integral de bolsas do PIBID Teatro chegou como um choque de carros numa rodovia em um dia de chuva forte: simplesmente devastador. Fomos um dos cursos da UFRN mais prejudicados até o momento, pois restou decidido que ficaremos sem NENHUMA bolsa do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), programa que tem se mostrado de extrema essencialidade para nosso curso e para a construção epistemiológica de nossos discentes, e que estava ativo desde 2012.
O PIBID, no nosso curso, se aplica também como uma forma de permanência dos estudantes, muitos em situação de vulnerabilidade social, que veem no projeto a possibilidade de ocupar o espaço universitário, se dedicando e atuando diretamente no seu processo formativo, tendo um espaço de vivências e experimentação para uma formação docente humana, sensível e completa. Muitos, sem os recursos financeiros oriundos do PIBID, não poderiam sequer estar na universidade, pois precisariam buscar diariamente por emprego, alimento e sobrevivência.
Um exercício da prática docente, um gerador de questionamentos conscientes e afetuosos (no sentido de “afecto”: denominação atribuída a sentimento de carinho e ternura; estima ou afeição), que agora é descartado em mais um ágil movimento para a desestruturação de nossa área. Até quando temos que insistir em explicar que as artes são prioritárias? Que são elas que formam a subjetividade de um ser humano? Que sem teatro, sem dança, sem música, sem pintura, sem todas as investigações sensoriais que só as formas de arte provocam, não haveria sequer arquitetura, não existiria a música do primeiro encontro, não teríamos a capacidade de refletir sobre nossos gostos, conhecer outras culturas, que são tantas? Pois a arte é isso, é cultura. É vida, é uma área de conhecimento, uma geradora de empregos e sustento, que merece respeito e total reconhecimento: essa é nossa luta diária.
Nesse trecho extraído do documento de RELATÓRIO ANUAL DE EXECUÇÃO DO PATCG ANO 2020, podemos perceber que:
Em 2019.2, o projeto foi realizado com a parceria de 3 escolas municipais. Participação de 32 bolsistas na contagem geral, sendo 24 bolsistas remunerados em todas as etapas do projeto. Houve também no PIBID TEATRO estímulo à produção acadêmica: dez resumos de trabalhos realizados por discentes foram aprovados para serem apresentados no EIPE 2019– Encontro Integrado de Práticas de Ensino realizado pela PROGRAD/UFRN. As reflexões surgidas no âmbito das atividades do PIBID são freqüentemente evocadas pelos estudantes em diferentes componentes curriculares do curso de Licenciatura em Teatro. (p.2)

Cortes agora? Em meio a uma pandemia mundial? Para alguns, essas bolsas não são apenas um estímulo para exercer sua prática docente, mas se constituem em uma forma de sustento. É o pão na mesa de casa. Outra vez: em meio a uma pandemia mundial? Queremos compreender, porque não conseguimos aceitar que a primeira esfera dos direitos e garantias fundamentais em que devam haver cortes financeiros seja a educação, o pilar base de uma nação. E direcionar esse corte à área de Teatro é uma agressão direta e simbólica.
Nos colocamos juntas e juntos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte para lutar e expressar nossa necessidade pelas bolsas do PIBID de todas as áreas do conhecimento na nossa instituição. Essa é a nossa luta, ela é coletiva. Juntas e juntos somos mais fortes.
Assim, registramos nossa indignação e asseguramos que buscaremos todos os meios possíveis para sermos escutados e atendidos.

 
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