É contra a degradação das condições de trabalho que os entregadores paralisam suas atividades no dia de hoje, com reivindicações absolutamente legítimas como pedir o aumento do valor pago por km rodado e do valor mínimo das corridas (que diminuiu na pandemia), o fim dos bloqueios indevidos, além de medidas elementares a todos como EPIs, auxílio-doença (diante do risco de contaminação), seguro de vida, de acidente ou de roubos.
A paralisação de entregadores acontece no Brasil, na Argentina e conta com a adesão em outros países como México, Chile, Costa Rica, Guatemala e Equador.
No contexto da pandemia vemos o enorme crescimento do desemprego, junto da chantagem dos capitalistas, políticos e patrões, para retirar direitos, atacando e precarizando as condições de trabalho do conjunto da classe. Querem nivelar por baixo as condições de trabalho. O governador João Doria aproveita para tentar tirar direitos dos metroviários, e tem a cara de pau de se dizer “oposição” ao governo Bolsonaro: ataca o plano de saúde, o adicional de risco de vida, auxílio e estabilidade em caso de doença, entre vários outros, com cortes de adicional noturno e de horas extras e descontos em adicionais como férias. Justamente durante uma das maiores crises sanitárias mundial, onde os metroviários estão na linha de frente, trabalhando sob o risco durante toda a quarentena mal feita, com 300 metroviários afastados por contaminação ou suspeita.
O que precisamos é do contrário: unir os diferentes setores da nossa classe na luta contra os ataques e a precarização e para que todos tenham os mesmos direitos! E por isso tudo essas duas lutas têm uma importância gigantesca, não somente para essas categorias, mas para servir de exemplo a todos trabalhadores que também estão sendo pressionados pelas patronais, com ameaças de demissão, redução salarial e retiradas de direitos, tudo isso com aval do Congresso e da Justiça. A pandemia mostrou como os trabalhadores são essenciais e como não somos prioridade nem para Bolsonaro, Mourão e militares, nem para os governadores como João Doria, Witzel, Eduardo Leite ou Romeu Zema, nenhum deles!
Acontece no mesmo momento em que trabalhadores negras e negros se levantam nos EUA e em diversos países contra o racismo e a violência policial. Destacadamente jovens e negros, os entregadores foram os primeiros a se levantar aqui no Brasil e, com a unidade na luta com os metroviários, mostram que podem apontar uma saída para os trabalhadores de conjunto contra essa degradação.
É por isso que nós do Esquerda Diário colocamos todo o nosso peso em apoiar ativamente essas duas lutas, mas não as separamos da luta pelo Fora Bolsonaro e Mourão, que são a expressão máxima dessas políticas de precarização da vida. Lamentavelmente, as centrais sindicais como CUT e CTB (dirigidas pelo PT e PCdoB) parecem não ter a mesma visão, ou deveriam estar organizando imediatamente a construção de uma forte frente única a partir dos locais de trabalho com o conjunto dos trabalhadores.
Viva a luta dos trabalhadores do transporte! Somente a classe trabalhadora aliada ao povo negro pode fazer o lema “Vidas Negras Importam” ecoar bem alto. Não aceitaremos mais demissões, retiradas de direitos, risco à contaminação. Não aceitamos mais mortos pelas balas da polícia. Batalhemos juntos por uma alternativa política de trabalhadores independente.
Nossas vidas valem mais que o lucro deles!
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