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CORONAVÍRUS
Novo surto no Estado espanhol: 40% dos infectados em Aragón são trabalhadores migrantes
Roberto Jara

Há um reaparecimento na maioria das comunidades autônomas do Estado espanhol. No caso de Aragón, 40% dos infectados corresponde aos trabalhadores temporários que trabalham em condições insalubres nos matadouros e que há semanas dormem nas ruas, a impressa responsabiliza aos trabalhadores imigrantes, embora a razão esteja nas terríveis condições de vida e exploração deste setor.

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Os novos surtos do vírus estão diretamente ligados a precariedade e a insalubridade na indústria alimentícia, especialmente nas condições que sofre a classe trabalhadora nos matadouros e no campo, em sua maioria imigrantes. Os 40% destes novos casos em todo o estado tem se dado nessas empresas em quatro regiões de Huesca, que tiveram que retroceder a Fase 2. Trabalhadores imigrantes temporários, trabalhadores da indústria frigorífica e pessoas residentes estão entre os grupos mais afetados por esse novo surto.

A Associação Nacional da Indústria da Carne da Espanha (ANICE), fala de “cumprimento rigoroso” de segurança e higiene da indústria. A empresa Litera Meat em Binéfar (Huesca) tem culpabilizado diretamente os trabalhadores, sustentado pela imprensa que os jovens se contaminaram fora de suas instalações por terem participado de um “botellón” (social). A realidade é que não contam que muitos destes trabalhadores, entre março a maio, estavam vivendo nas ruas e em assentamentos precários e que não contam com a proteção necessária das empresas.

As condições de trabalho nos matadouros são deploráveis e os trabalhadores imigrantes se veem obrigados a viver em condições de superlotações sem as mais elementares medidas de proteção frente a enfermidade. O regime de subcontratos vigentes na indústria frigorífica permite que as empresas utilizem mão de obra imigrante muito mais barata sem garantir condições de segurança e higiene em meio a pandemia.

Os centros industriais com trabalhadores precários e imigrantes, sem proteção, com péssimas condições de moradia e expostos a baixa temperatura durante a jornada de trabalho, são lugares de contagio ideal para o vírus, porque os empresários priorizam seus lucros ao invés da vida de seus trabalhadores e familiares.
A Intersindical de Aragón, explica que “muita gente não entende o idioma e lhes obrigam a assinar papeis informativos sobre o COVID-19, é uma pratica meramente formal para que a empresa possa se proteger em caso de novos surtos, mas a realidade é que os trabalhadores e trabalhadoras seguem desinformados da realidade”.

No caso a que se referem estas informações são de Frutas Espesa em Zaidín (Huesca), além disso, indicam que nessas condições haviam menores de idade para o trabalho legal que utilizaram DNI (documento de identidade) de maiores de idade. Outros focos se encontram em Fraga (Huesca) onde os trabalhadores temporários dormiram durante semanas nas ruas da cidade com a conivência da patronal e do município que não deram nenhum tipo de alojamento.

Mais de 80 associações das regiões afetadas pedem o “fechamento temporário e imediato dos matadouros, que foram convertidos no principal foco de COVID-19 da região” e que se garantam ajudas publicas para aqueles trabalhadores, readmissão das pessoas demitidas durante a pandemia e que “reparem todo o dano causado as vitimas, suas famílias e o conjunto da população”.

O sistema da contratação de origem é a base de muitos setores da produção, não só agraria, esta exploração extrema de setores de imigrantes se apoia em uma legalização preparada por distintos governos que permitiu um retrocesso em suas condições de trabalho. Na década de 2000 se criaram os “contratos de origem”, para regular a imigração e garantir aos empresários que os trabalhadores estrangeiros foram contratados desde seus países sob “condições especiais”.

Se a primeira onda de Covid golpeou especialmente os bairros operários e populares, os trabalhadores e trabalhadoras mais precários e dos setores essenciais e os imigrantes sem direitos, o reaparecimento da Covid pode ser um segundo açoite ainda mais duro, já que agora se soma aos efeitos da crise econômica, a precariedade, o desemprego e a falta de recursos. Por isso, a formação dos comitês de higiene e segurança sanitária em todos os lugares de trabalho, eleitos democraticamente pelos trabalhadores e trabalhadoras é uma medida urgente para evitar que mais pessoas morram.

Esta pandemia esta desvendando com toda clareza os danos mecânicos do capitalismo, suas desigualdades e uma exploração extremamente cruel. Também revela o caráter imperialista e reacionário do Estado espanhol e seus CIEs e leis Estrangeiros, que devem ser revogadas e garantia de passaporte para todos.

Os trabalhadores e trabalhadoras temporários são “trabalhadores essenciais”, não só agora mas em todo momento. Devem desfrutar de condições de trabalho dignas, de proteção social e de salários de acordo com a importância de suas tarefas. É inaceitável que os patrões ocidentais se aproveitem da pobreza desses trabalhadores, forçando-lhes a colocar em perigo suas vidas.

 
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