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PSOL
Boulos, Freixo e parlamentares do PSOL vão à live legitimar FHC, Huck e herdeira do Itaú como opositores a Bolsonaro
Yuri Capadócia

Boulos, Freixo, Melchionna e David Miranda algumas das principais figuras do Psol estiveram presentes ontem em ato com FHC, Huck, Alckmin, setores do mercado financeiro e outros golpistas. Foram lá cumprir o imenso desserviço a quem olha seu partido como uma alternativa à esquerda. Foram dar aval a que estes golpistas e senhores da Casa Grande apareçam como aliados na luta contra Bolsonaro ou em defesa dos interesses dos trabalhadores.

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É chocante a participação do PSOL em uma frente deste tipo, com setores do mercado financeiro representados pela família Setúbal, o fundador do GATE e dezenas de políticos golpistas. Sua participação só ajuda a fortalecer os ataques aos trabalhadores, apoiados e articulados por vários dos presentes, e a fortalecer uma saída política que na melhor das hipóteses visa impedir o protagonismo do movimento de massas na luta contra o governo.

O ato virtual de ontem, articulado pela iniciativa Direitos Já! Fórum pela Democracia, representou a maior articulação de frente ampla até agora aglutinando setores que iam de FHC a Boulos, passando por Haddad, Wellington Dias e Camilo Santana, governadores do PT, Flavio Dino, governador do Maranhão e praticamente todos deputados do PCdoB, e até mesmo por fundadores de tropas policiais especializadas em massacrar detentos, negros em sua maioria, como o GATE, pela herdeira do Itaú e diversos políticos do regime, ministros de Temer, de FHC, figuras religiosas, artísticas. Antes do ato de ontem, já participaram desse Fórum pela Democracia até mesmo o articulador dos ataques contra os trabalhadores, Rodrigo Maia, e o ex-membro do governo Bolsonaro General Santos Cruz, mostrando como nessa suposta oposição tem lugar para qualquer um.

O ato representou uma defesa do podre regime do pós-golpe, com vagas declarações de unidade em defesa da Constituição, sequer a limitadíssima política de impeachment para tirar Bolsonaro e colocar um general defensor da ditadura como Mourão foi discutida. Os verdadeiros objetivos da frente são impedir uma contestação radical e destituinte do governo Bolsonaro, que toda a direita teme tanto quanto Bolsonaro, em especial os golpistas de todo tipo que são os articuladores dessa frente.

O ato teve direito a afirmações do apreço “democrático” das Forças Armadas pelo ministro da Defesa de Temer, por defesas de tucanos de que querem acabar com a desigualdade e outros absurdos de apoiadores da reforma da previdência e tantos outros ataques aos trabalhadores.

Dizemos que este ato virtual foi a maior articulação da “frente ampla” não pela repercussão que gerou, durante toda a live o pico de audiência não passou de 5 mil pessoas, mas pelo peso das figuras que aderiram, dentre elas um vasto elenco de golpistas. O centro da política de FHC e dos tucanos presentes, de Ciro e de globais como Huck é apresentar-se unitariamente com setores da esquerda e centro-esquerda e assim tentar se oferecer como líderes da oposição.

O PT, por sua vez, faz um jogo duplo diante desta frente, participando ativamente com ninguém menos que seu candidato presidencial, Fernando Haddad, além de seus governadores (Wellington Dias e Camilo Santana), mas por outro lado Lula e parte da liderança do PT não quis participar.

Que o PT se preste a este papel não constitui novidade. Agora é escandaloso que vá o PSOL, que participou com nomes de peso do partido como Guilherme Boulos, ex-candidato presidencial do partido, Marcelo Freixo, deputado federal e sua principal figura, Fernanda Melchionna, líder do partido na Câmara e militante do MES, e David Miranda, deputado carioca também militante do MES.

Antes do ato, Boulos fez uma única crítica a frente ampla - que se queria ainda mais ampla com convites recusados de última hora a Temer, Sarney e Toffoli - que se Moro entrasse por uma porta ele saía por outra, mesmo estando presentes o resto do elenco coadjuvante golpista inteiro. Para Boulos gente que enviou o Exército para reprimir greves de petroleiros como FHC, gente que repetidas vezes enviou a PM espancar professores, estudantes, trabalhadores sem teto, como no Pinheirinho, tudo bem, mas Sarney aí seria de mais. A herdeira do Itaú pode ser, mas Moro também seria demais.

Os tucanos presentes deixaram clara sua política de “Fica Bolsonaro”. E assim entende-se ainda menos o ímpeto de algumas figuras do Psol, e com bastante peso da corrente interna MES, de participar dessa frente ampla que nem para sua política de impeachment serve. Trata-se de uma radical separação entre participar dos atos antifascistas e antirracistas, e por outro lado se abraçar com gente da laia de Huck ou FHC.

A frente tem nas mãos de seus principais articuladores duas ordem de objetivos: um eleitoral de fortalecer o “centro” e outro mais estratégico. Para além das eleições ela serve para atrair setores dos trabalhadores e da juventude a limitar suas aspirações e seus métodos de luta ao que couber na jaula do negociável com FHC e consortes que nunca falaram a palavra “Fora Bolsonaro”.

De que adianta as falas de Boulos e da líder do PSOL na Câmara, Fernanda Melchionna, falarem da necessidade de retirar Bolsonaro se o sentido geral da frente é outro? Freixo por sua vez deu ênfase na necessidade de fortalecer as instituições. Ou seja, que Maia e o STF resolvam a crise. Para não melindrar governadores tucanos presentes nenhum parlamentar ou figura do PSOL sequer fez uma crítica à política genocida de reabertura da economia que representantes ali praticam, como Eduardo Leite, ou do papel de administração da violência policial por tantos anos como na figura de Geraldo Alckmin presente.

O jogo do Psol ao dar tanto peso na participação desse ato é buscar se incluir por dentro desse campo que vai ganhando forma e audiência midiática. Ao buscar se incluir como ala esquerda desse amálgama com objetivos contrapostos a necessidade de luta dos trabalhadores aqui e agora, o PSOL termina por ser cúmplice da estratégia de parte da burguesia de cumprir dois papéis com essa frente ampla: criar um bloco funcional para a reimplementação da dinâmica de reformas, ao mesmo tempo impedir que se desenvolva a luta de classes, aglutinando uma suposta oposição a Bolsonaro e em defesa da democracia. Uma oposição que conta, por exemplo, com Tasso Jereissati relator do projeto de privatização da água aprovado com votos de vários dos setores presentes.

Com essa estratégia as figuras do Psol que participaram buscam seu lugar ao sol no regime, que ainda que em oposição a Bolsonaro, é o regime degradado do pós-golpe. Enquanto isso, os setores precarizados da classe trabalhadora que tem de submeter aos serviços de aplicativo e são parte dos mais expostos a pandemia, convocam a luta para a paralisação internacional do dia 01/07. Metroviários em BH já estão em greve e os metroviários de SP preparam-se para no dia 01/07 se juntar aos entregadores. Ao invés de ajudar a fomentar essa luta de classes, que conta ainda com a pressão da luta antirracista nos EUA, e uma saída independente dos trabalhadores, as lideranças do PSOL presentes na prática se dispõem a ajudar a burguesia a camuflar os ataques em curso e impedir que se desenvolvam as lutas. É todo o oposto que precisamos.

 
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