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SAÚDE PÚBLICA DE MG
ESCÂNDALO: Zema pode cortar até 90% dos salários de trabalhadores da saúde na pandemia
Maré
Professora designada na rede estadual de MG
João Guidugli
Estudante do CEFET Varginha

Os cortes serão dos adicionais que os trabalhadores da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais recebem, como é a "ajuda de custo", mostrando que Zema nunca atendeu as reivindicações de incorporar esses adicionais ao salário base dos servidores justamente para poder aplicar ataques como este.

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Imagem: João Guidugli

Segundo decisão anunciada pela SEPLAG (Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão de Minas Gerais), os que estão na linha de frente, sendo obrigados a trabalhar sem EPIs adequados, sendo do grupo de risco e até estando confirmadamente infectados pelo novo coronavírus, terão seus salários cortados a partir do próximo mês.

Conforme consta no Boletim da Asthemg/SINDPROS, os cortes podem chegar a dois mil reais nos casos de muitos servidores. Alguns trabalhadores podem ter o salário cortado em até 90%. A retirada repentina de todas as gratificações, adicionais, promoções, progressões, férias-prêmio e abonos já era prevista pelos trabalhadores, que fizeram uma greve de mais de 70 dias no início deste ano reivindicando, dentre outras coisas, a incorporação desses adicionais ao seu salário base (que não tem reajustes há aproximadamente dez anos e, portanto, é baixíssimo). Esses valores não contam no cálculo do quanto vão receber de insalubridade, quando tirarem férias, licenças, ou se aposentarem e, por não serem valores previstos em contrato e protegidos por lei, do dia para a noite Zema pode simplesmente suspender o pagamento desses adicionais, apoiado no trabalho feito pelos governos anteriores, incluindo o de Fernando Pimentel (PT), que não reajustaram os salários dos servidores. Como discutido durante a Assembleia Geral dos Trabalhadores da FHEMIG, os servidores já pensam em retomar a greve, como resposta a decisão do governo.

Segundo Romeu Zema, o motivo para os cortes é financeiro. O ataque foi anunciado como “medida inevitável” para cumprir o acordo com a União e “ajudar no combate à pandemia de Covid-19”. Ou seja, castigar os trabalhadores da linha de frente para lamber as botas de Bolsonaro e Guedes. Em abril, o governo alegou que ia perder 2,2 bilhões de reais em arrecadação, mas conforme mostrou o Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Estadual de Minas Gerais (Sindifisco), não foi isso que aconteceu. Pelo contrário, em abril, a arrecadação tributária de Minas Gerais superou, em 1 bilhão e quatrocentos mil reais, o valor do mesmo mês do ano passado.

Vale lembrar que esse é o mesmo Estado que fez acordo com as mineradoras, perdoando mais de R$ 135 bilhões em dívidas das empresas, é o mesmo Estado que renovou a renúncia tributária de agrotóxicos, do agronegócio, deixando de arrecadar R$ 220 milhões. “Dinheiro tem, mas pra quem?”‘

Como temos publicado em uma série de denúncias, muitas feitas por trabalhadores e trabalhadoras de Hospitais da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais, a situação da pandemia em MG nunca esteve “sob controle” do ponto de vista da situação dos e das profissionais da saúde. Mas, impressionantemente, o governo Zema, capacho de Bolsonaro no quesito “a vida não pode parar”, pós-graduado em subnotificação, dentre outras pérolas, chega a esse nível inebriante de absurdo.

Essa categoria, que tem estado na linha de frente não só do combate ao coronavírus mas também ao governo Zema, tem muito potencial quando organizada e lutando com os métodos da classe trabalhadora. São, em sua maioria, mulheres, como a categoria da educação, e negros, como os trabalhadores precarizados dos aplicativos de entregas. Assim como milhões que se manifestam pelo mundo nos últimos dias, sobretudo nos EUA, também se indignam com a violência racista do Estado e da polícia.

O Esquerda Diário reforça sua solidariedade às e aos trabalhadores da Fhemig e se coloca à disposição de sua batalha por condições dignas para seguir salvando vidas. E chamamos a que demais jornais, grupos e partidos de esquerda, assim como sindicatos e entidades estudantis, se disponibilizem para auxiliar que esses profissionais possam garantir, através da luta, que tenham seus salários assegurados, sem que haja nenhum corte por parte deste governo bolsonarista de Romeu Zema.

Para que nenhum trabalhador morra por descaso da diretoria da FHEMIG e dos governos municipais como o de Kalil e estadual de Zema, seguimos defendendo disponibilização de equipamentos de segurança conforme a demanda, liberação dos trabalhadores que compõem o grupo de risco, para além daqueles que apresentam casos suspeitos e confirmados de Covid-19. Defendemos ainda que o controle de todo o sistema de saúde se dê pelos próprios trabalhadores com a estatização sem indenização do sistema privado.

Nos unimos aos trabalhadores exigindo melhores condições de trabalho, para que nenhum e nenhuma morra pela ganância capitalista. A unidade da juventude, dos movimentos de mulheres, de negros, LGBTs, e de todas as categorias de trabalhadores de MG com os servidores da FHEMIG pode colocar de joelhos o governador de MG e todos os empresários para quem ele governa.

 
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