A herança escravista, berço do racismo, está por toda a parte na sociedade capitalista, com mil homenagens aos mais asquerosos escravocratas. Aqui no Brasil, por exemplo, os bandeirantes – que caçavam negros que fugiam da escravidão e criavam os quilombos, e dos quais descende a racista e assassina polícia militar – tem seus nomes em todas as partes, em escolas, rodovias, avenidas, bibliotecas. Estátuas, como as do Borba Gato, estão em toda a parte, como uma vergonhosa marca de idolatria aos representantes de um dos mais monstruosos crimes já cometidos, o da secular escravização dos povos negros da África.
Agora, com as manifestações pelas vidas negras se espalhando pelo mundo, manifestantes vem atacando esses símbolos da herança racista e escravista do capitalismo. Hoje, nas imensas manifestações na Inglaterra, foi a vez da estátua de Edward Colston ser derubada pela multidão que tomou as ruas de Bristol. Veja alguns vídeos:
Após derrubarem a estátua, levaram ela até o rio e a arremessaram nas águas:
Mas quem foi Edward Colston? Ele foi um dos mais destacados membros da companhia oficial de tráfico de escravos da Inglaterra, a Royal African Company. Fez grandes fortunas com a prática atroz de sequestrar, escravizar e comercializar os negros africanos, entre 1672 e 1689, período no qual nada menos que 80 mil vidas negras foram submetidas a essa prática bárbara pela companhia que geria e com a qual lucrava. 23% das crianças, mulheres e homens escravizados morriam durante o percurso, pelas condições sub-humanas que enfrentavam nos navios negreiros.
A fúria dos manifestantes contra esse símbolo do racismo e dos imensos lucros que ele gera aos capitalistas é a expressão da imensa revolta contra um mundo e um sistema econômico no qual a exploração e opressão dos negros continua sendo uma base fundamental, mais de 300 anos depois dos crimes de Colston. Nos somamos aos manifestantes que querem ver Colston afundar no rio, e varrer também todo o racismo que hoje se expressa em crimes monstruosos como os assassinatos de George Floyd e João Pedro, bem como nas dezenas de milhares de mortes de negros por coronavírus.
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