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CRISE POLÍTICA
Globo se limita a ser advogada de Moro para manter controle da crise nas mãos do STF
Mateus Castor
Cientista Social (USP), professor e estudante de História

Por vezes a Globo é colocada como uma mídia “opositora” contra o governo Bolsonaro, tanto em setores da esquerda como até pela boca mal cheirosa dos bolsonaristas. Contudo, no mais novo estalar da crise política brasileira em que vários absurdos do Governo Bolsonaro vieram à público, não poderia ser outra linha editorial deste grande monopólio midiático além de ser uma verdadeira advogada de Moro, se limitando à defesa da tese do ex-ministro de que Bolsonaro buscava interferir diretamente na Polícia Federal, buscando controlar ou abafando os outros diversos podres que se acumulam no vídeo desta reunião.

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Veja análise do esquerda diário sobre a escalada da crise política

O objetivo da Globo está alinhado com grande maioria do STF e Moro em manter os limites da crise muito bem delineados e controlados por eles mesmos, como c da oposição contra Bolsonaro: desgastar o governo para preservar e recuperar seus poderes sem voto, que tanto Globo e outras mídias golpistas como Folha, junto à Moro e à suprema corte constituíram nos últimos anos, principalmente com o processo de Impeachment de Dilma e depois a prisão de Lula, dois momentos em que o direito democrático pelo sufrágio universal foi jogado no lixo em nome de uma agenda de ataques contra a imensa maioria da população. A Lava-Jato de Sérgio Moro foi essencial para cumprir estes objetivos.

Neste sentido, tanto a reportagem do Jornal Nacional, como as falas dos principais analistas da GloboNews, se limitam a manter seus ataques e choques contra o governo nas mãos deste setor golpista, resumindo os escândalos deste vídeo aos argumentos favoráveis à Sérgio Moro sobre a interferência, um tanto quanto já descarada, de Bolsonaro sobre a PF., Ao mesmo tempo, mantém o apoio aos ataques do governo contra a classe trabalhadora como a MP da Morte que corta salários, suspende contratos e demite em massa ou pouco falam sobre toda burocracia e dificuldades envolvendo o auxílio emergencial. Ainda estão juntos para que os trabalhadores paguem pela crise, mas isto não significa que os diversos atritos e movimentos de ataque entre os bandos burgueses não deva ser aproveitado para que a classe trabalhadora e a esquerda intervenha na situação.

Leia a íntegra da reunião em que Bolsonaro, militares e ministros mostram todo seu reacionarismo

O vídeo enquanto fator político nas mãos de Moro, STF e Globo serve à sequência lógica da política geral burguesa em desgastar Bolsonaro isoladamente, procurando controlá-lo com a ameaça de um Impeachment, deixando intacto Mourão Braga Netto e o avanço dos militares como árbitros na política nacional com suas ameaças golpistas e política criminosa frente a epidemia. Embora com hoje voltará à ser discutido na opinião pública, as reuniões de ontem entre Bolsonaro, Maia e governadores indiquem um limite claro à saídas constitucionais que sejam “progressistas” e que não acabem nas mãos dos golpistas.

Qualquer defesa de “constitucionalidade” quando resolvem se atacar, seja pelo Governo Bolsonaro ou pela sua limitada oposição capitalista, demonstra o uso oportunista e demagógico das leis da democracia burguesa, interpretadas arbitrariamente para disputarem entre si os rumos do país, enquanto cerram fileiras para manter a classe trabalhadora longe de qualquer papel protagonista na crise brasileira que deve ser quem paga as contas no final.

Qual saída precisamos?

Nós do Esquerda Diário somos a favor da queda de Bolsonaro, e trabalhamos diariamente para estender o ódio contra ele, contudo também para que nossa política “anti-governo” rume também a ser “anti-regime”. Ou seja, a saída não pode conduzir a substituição de Bolsonaro por Mourão, nem que seja derrubado pelas mãos do asqueroso Congresso e sim dos trabalhadores, da juventude e do povo. É preciso levantar claramente a política Fora Bolsonaro e Fora Mourão. E essa política não deve ser levantada com pedidos confiando nas mãos do Congresso, do STF, Globo e nenhum ator até ontem golpista. É com essa política de unidade que chamamos o Bloco de esquerda do PSOL e o PSTU a abandonar a política de impeachment, que é diretamente contraditória com o "Fora Bolsonaro e fora Mourão", não vacilando e avalizando às estratégias do PT e do PCdoB. No caso de algumas organizações do bloco de esquerda do PSOL que não se posicionaram em relação à direção do PSOL, é preciso que se posicionem contrariamente ao apoio a Mourão.

Leia mais: PT, PCdoB, PSOL, PSTU pedem impeachment. Mourão no poder e acordão com Maia é oposto do que precisamos

O que o PT, PCdoB e setores da esquerda fazem com o pedido de impeachment é buscar a conformação de uma Frente Ampla com o congresso nacional, chamando também STF, Globo e Folha, visando disputar setores da burguesia descontentes com Bolsonaro e pactuar com eles o futuro do país. Apesar dos escândalos do vídeo de hoje, na reunião de ontem (22) Maia deixou claro que está muito mais preocupado em passar os ataques contra os trabalhadores, fazendo alianças com Bolsonaro, do que em atender os pedidos desesperados e cheio de ilusões institucionais de uma esquerda cada vez mais distante da luta de classes ou até mesmo de olhar quais são os jogos parlamentares em curso.

A esquerda brasileira, ao invés de apostar em processos institucionais como o impeachment, deveria avançar para questionar o regime brasileiro de conjunto através da sistemática preparação e organização em cada local de trabalho ou nas condições virtuais impostas pela pandemia tendo como norte a luta de classes. Não há saída progressista que possa vir das mãos do Congresso, do STF, Moro, Globo e de nenhum setor burguês. Se a história não ensinou isso, o recente golpe de 2016 deveria ter ensinado. Confiar o destino dos trabalhadores e das massas populares nas mãos de atores caquéticos do regime somente fortalece capitalistas.

Quem realiza uma política influi também em seu resultado, os reacionários tirarem Bolsonaro é muito diferente dos trabalhadores e o povo retirarem-no. E quem conduz um impeachment são forças parlamentares reacionárias, influindo diretamente em seu resultado, a linha editoral da Globo serve para provar o quanto o Impeachment é uma política que faz parte do arsenal golpista. Ao contrário de enfraquecer o regime autoritário que emergiu de 2016, seria sua reconfiguração e promoção de um novo acordão reacionário em prol do generalato do Exército.

Essa é a política de unidade que propomos aos setores que se reivindicam socialistas. Mas levantamos ainda que é preciso ir por mais. Batalhamos por uma política em que os trabalhadores não se limitem a questionar apenas a figura presidencial ou o fato de podermos votar somente de 2 em 2 anos, mas que seja capaz de questionar o regime de conjunto, impondo mudanças no conjunto das regras do jogo e não somente mudança de alguns jogadores, afinal, não se trata de ser só anti-bolsonarista, pois também é necessário ser anti-regime e lutar com a perspectiva de afundar o sistema capitalista, que condena à fome e à morte o nosso povo, sem isso não nos livramos do crescente entulho autoritário que se acumula no país.

Somente batalhando por uma resposta que seja dada pelos trabalhadores é que será possível fortalecer a luta pelos nossos interesses e impedir que os capitalistas deem alguma “solução” que nos condene à mais profunda catástrofe que já vivemos nas últimas várias décadas. Nós batalhamos por um governo dos trabalhadores em ruptura com o capitalismo, e enquanto os trabalhadores não defendam isso é necessário ter uma política que coloque os trabalhadores e o povo como sujeitos, democráticos da discussão de tudo no país, o que pode acelerar sua experiência com toda forma de democracia burguesa, por isso defendemos uma uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, que seja capaz de colocar os trabalhadores na linha de frente da condução da solução desta crise para impedir a morte de milhões de pessoas e ao mesmo tempo questione também esse regime absolutamente caquético, apodrecido e antioperário, possa debater cada aspecto crucial do país, da dívida pública, ao latifúndio, ao que fazer com as imensas riquezas nacionais como o petróleo e o ferro entregues ao imperialismo, batalhando em primeiro lugar por questões essenciais frente à pandemia, desde garantia de liberação de todos trabalhadores não essenciais com salário, renda emergencial de no mínimo R$2mil para todos sem renda, testes massivos, imediata reconversão industrial, até grandes questões políticas estruturais do país.

 
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