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REUNIÃO MINISTERIAL
"Odeio o termo povos indígenas". Veja íntegra da fala de Weintraub na reunião
Rafael Barros

Weintraub fez um discurso bastante ideológico na reunião ministerial, respeitando suas origens olavistas e sendo fiel ao bolsonarismo. Mostrou acara do seu autoritarismo, pedindo a prisão de ministros do STF, atacando os chineses e também o direito dos indígienas. Veja na integra o que disse o ministro.

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Na tarde desta sexta (22) o ministro Celso de Mello liberou o vídeo e a transcrição da reunião ministerial que se tornou o centro da crise política do governo nas últimas semanas. Hoje, Celso de Mello libera a bomba e reabre o escândalo por trás da tão falada reunião.

Dentre as diversas falas dos ministros, e os incontáveis absurdos ditos pelos ministros, aqui vamos dissecar trechos do bolsonarista de carteirinha, Ministro da Educação, Abraham Weintraub.

Do absurdo de pedir a prisão de todos os opositores de Bolsonaro, em especial o STF, citado nominalmente por ele, até ataques aos povos indígenas em seu discurso, Weintraub também foi um que disparou sua metralhadora para todos os lados.

"Eu por mim botava todos esses vagabundos na cadeia"

Na esteira da briga do Governo Federal com a decisão do STF que deixou a cargo dos governadores e prefeitos a responsabilidade sobre as quarentenas, Weintraub despejou uma frase que representa o extremo autoritarismo contido no bolsonarismo.

Weintraub se classifica como um “militante”, afinal foi um dos que foi levado ao ministério pelo dedo do guru Olavo de Carvalho. Ele fala que a briga travada por estes “militantes” é a briga pela “liberdade”, o que para Bolsonaro, seus ministros, e sua base bolsonarista, significa o avançar de medidas extremamente autoritárias contra todos que discordem de suas posições.

“A gente tá perdendo a luta pela liberdade. É isso que o povo tá gritando. Não tá gritando pra ter mais Estado, pra ter mais projetos, pra ter mais .. . o povo tá gritando por liberdade, ponto. Eu acho que é isso que a gente tá perdendo, tá perdendo mesmo. A ge ... o povo tá querendo ver o que me trouxe até aqui. Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF. E é isso que me choca. Era só isso presidente, eu ... eu ...realmente acho que toda essa discussão de "vamos fazer isso", "vamos fazer aquilo", ouvi muitos ministros que vi ... chegaram, foram embora. Eu percebo que tem muita gente com agenda própria. Eu percebo que tem, assim, tem o jogo que é jogado aqui, mas eu não vim pra jogar o jogo. Eu vim aqui pra lutar.”

Weintraub segue o curso dos ataques vistos na reunião a todos os que se colocam na oposição do governo, propondo respostas autoritárias em nome de implementar o plano bolsonarista no Brasil.

No trecho anterior ao que Weintraub pede a prisão de ministros do STF, ele faz afirmações sobre o que o fez entrar no governo.

“Tem três anos que, através do Onyx, eu conheci o presidente. Nesses três anos eu não pedi uma única conselho, não tentei promover minha carreira. Me ferrei, na física. Ameaça de morte na universidade. E o que me fez, naquele momento, embarcar junto era a luta pela ... pela liberdade. Eu não quero ser escravo nesse país.”

Fica a dúvida se o medo de Weintraub é de ser escravo de qualquer projeto, seja um projeto de esquerda seja um projeto social democrata, que não seja o “oásis autoritário” que tanto clama o bolsonarismo.

Atacando chineses e indígenas

Weintraub havia, pouco tempo antes da reunião, feito uma publicação extremamente infantil, atacando o governo chinês, se apoiando nas teorias conspiracionnistas de que o coronavírus teria sido produzido pelo país. A publicação foi amplamente repudiada pelos prejuízos que poderia levar às relações diplomáticas com os chineses.

Na transcrição Weintraub ataca os chineses, e acaba atacando junto os direitos e as liberdades dos povos indígenas em seus discursos, dialogando com a fala anterior da ministra Damares sobre as medidas de proteção aos indígenas frente ao coronavírus.

O ministro aponta seus canhões sobre uma suposta doutrinação ideológica do partido comunista chinês - a transcrição e o vídeo liberados por Celso de Mello ocultam, por decisão judicial, trechos em que outros países são citados, e no caso dessa citação fica claro que Weintraub se refere aos chineses.

Ele diz:

(...) odeio o partido comunista [trecho coberto, que muito provavelmente se refere ao PC chinês] Ele tá querendo transformar a gente numa colônia. Esse país não é ... odeio o termo "povos indígenas", odeio esse termo. Odeio. O "povo cigano". Só tem um povo nesse país. Quer, quer. Não quer, sai de ré. É povo brasileiro, só tem um povo. Pode ser preto, pode ser branco, pode ser japonês, pode ser descendente de índio, mas tem que ser brasileiro, pô! Acabar com esse negócio de povos e privilégios. “

Weintraub expressa bem o que representa a “liberdade” que ele citava anteriormente; Para ele estão em mesma linha “acabar com privilégios” e acabar com a ideia de que existem povos indígenas no Brasil, como faz o Governo Bolsonaro desde seu início com suas políticas e declarações que acirram as já tensas disputas por terras que todo ano levam a diversas mortes de lideranças indígenas. Weintraub e seu discurso corroboram as medidas e discursos bolsonaristas contra a demarcação de terras em nome do agronegócio.

Suas falas e a abordagem que Weintraub propõe são depois reivindicadas por Bolsonaro ao falar contra Witzel e Doria mais a frente. A ideia que passam é de que a luta do bolsonarismo é a “verdadeira” luta por liberdade, contra a população e contra todos os poderes, de forma autoritária.

Leia aqui, na íntegra, o que falou Weintraub na reunião

Abraham Weintraub: Tem três anos que, através do Onyx, eu conheci o presidente. Nesses três anos eu não pedi uma única conselho, não tentei promover minha carreira. Me ferrei, na física. Ameaça de morte na universidade. E o que me fez, naquele momento, embarcar junto era a luta pela ... pela liberdade. Eu não quero ser escravo neste país. E acabar com essa porcaria que é Brasília. Isso daqui é um cancro de corrupção, de privilégio. Eu tinha uma visão extremamente negativa de Brasília. Brasília é muito pior do que eu podia imaginar. As pessoas aqui perdem a percepção, a empatia, a relação com o povo. Se sentem inexpugnáveis. Eu tive o privilégio de ver a ... a mais da metade aqui desse time chegar. Eu fui secretário-executivo do ministro Onyx. Eu acho que a gente tá perdendo um pouco desse espírito. A gente tá perdendo a luta pela liberdade. É isso que o povo tá gritando. Não tá gritando pra ter mais Estado, pra ter mais projetos, pra ter mais… o povo tá gritando por liberdade, ponto. Eu acho que é isso que a gente tá perdendo, tá perdendo mesmo. A ge ... o povo tá querendo ver o que me trouxe até aqui.

Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF. E é isso que me choca. Era só isso presidente, eu ... eu ... realmente acho que toda essa discussão de "vamos fazer isso", "vamos fazer aquilo", ouvi muitos ministros que vi ... chegaram, foram embora. Eu percebo que tem muita gente com agenda própria. Eu percebo que tem, assim, tem o jogo que é jogado aqui, mas eu não vim pra jogar o jogo. Eu vim aqui pra lutar. E eu luto e me ferro. Eu tô com um monte de processo aqui no comitê de ética da presidência. Eu sou o único que levou processo aqui. Isso é um absurdo o que tá acontecendo aqui no Brasil. A gente tá conversando com quem a gente tinha que lutar. A gente não tá sendo duro o bastante contra os privilégios, com o tamanho do Estado e é o ... eu realmente tô aqui - o aberto, como cês sabem disso, levo tiro ... odeia ... odeio o partido comunista [trecho não liberado pelo STF, que cita outro país].

Ele tá querendo transformar a gente numa colônia. Esse país não é ... odeio o termo "povos indígenas", odeio esse termo. Odeio. O "povo cigano". Só tem um povo nesse país. Quer, quer. Não quer, sai de ré. É povo brasileiro, só tem um povo. Pode ser preto, pode ser branco, pode ser japonês, pode ser descendente de índio, mas tem que ser brasileiro, pô! Acabar com esse negócio de povos e privilégios. Só pode ter um povo, não pode ter ministro que acha que é melhor do que o povo. Do que o cidadão. Isso é um absurdo, a gente chegou até aqui. O senhor levou uma facada na barriga. Fez mais do que eu, levou uma facada. Mas eu também tô levando bordoada e tô correndo risco. E fico escutando esse monte de gente defendendo privilégio, teta. Tendeu? É isso. Negócio. Empréstimos. A gente veio aqui pra acabar com tudo isso, não pra manter essa estrutura. E esse é o meu sentimento extremamente chateado que eu tô vendo essa oportunidade se perder.

Eu sou, evidentemente, eu tô no grupo dos ministros que tá mais ligado com a militância. Evidente, porque eu era um militante. Eu tava militando de peito aberto, continuo militando. Do ponto de vista de carreira, eu poderia ter quem... tentando me dar bem. Não foi isso que eu fiz. Não foi isso que eu fiz. Sei que isso daqui é um palácio, existem intrigas palacianas - estou sendo muito franco. E a gente pode sim perder a liberdade, perder esse país. Ninguém vai se dar bem se a gente perder esse país. Quem vai se dar bem são poucos, pouquíssimas famílias. Pouquíssimas famílias. Não se iludam. Não se iludam. Era isso.


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