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POLÍTICA
Bolsonaro e governadores anunciam cessar fogo: estabilidade para atacar durante a pandemia
Jean Barroso
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Em reunião com governadores, Bolsonaro foi acompanhado de Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, além de parte dos Ministros de Estado como o General Heleno e o astronauta Marcos Pontes. O objetivo e o transcorrer da reunião selou um acordo de sanção do famigerado projeto chamado de "socorro aos estados". Na reunião, que teve o discurso ensaiado de véspera, nenhuma das provocações por parte de Bolsonaro ou dos governadores apareceu. Muito pelo contrário: acordo entre os agentes golpistas do executivo e os agentes golpistas do Congresso junto com os governadores.

"Socorro aos estados" deveria ser chamado de socorro aos bancos, pois no projeto, a União vai arcar com dívidas dos estados e será mantida fielmente o pagamento da dívida pública. Através do Banco Central, recursos para os grandes bancos capitalistas seguirão também fluindo. Por sua vez, servidores públicos que estão na linha de frente da luta contra a pandemia, seja nos hospitais federais, estaduais e municipais, terão seu salário congelado. Enquanto um técnico de enfermagem conta com um salário, em média, de R$ 1.500 reais nas capitais e menos ainda no interior, o governo penalizará ele mais ainda. Já os salários dos deputados seguirá na casa dos R$ 33 mil reais.

A pauta principal enunciada pelos governadores para anunciar o seu cessar fogo com Bolsonaro era simples: que na PL de "socorro aos estados" esteja proibido o aumento aos servidores públicos. Bolsonaro acatou o pedido na reunião sem pestanejar. Exceto concursos públicos para a Polícia Rodoviária Federal, detalhe anunciado por Davi Alcolumbre, o PL vai junto com a medida para que estados congelem o salário de servidores, segundo prometeu Bolsonaro.

Na reunião, ainda, Bolsonaro saudou João Doria, e vice versa. Afinal de contas, quando se trata de atacar o povo pobre e garantir o lucro dos capitalistas, sempre existirá um "BolsoDoria" ali representado no governo. Temas polêmicos foram descartados em nome de um apaziguamento da crise política. Afinal de contas, tanto governo federal quando os governos estaduais e municipais são responsáveis pela situação de crise que os brasileiros estão vivendo, com quase 20 mil mortes. Por isso, o mais sensato para a casta parasita dos políticos é se unir em torno dos seus próprios interesses contra os interesses do povo.

Houve ainda, é claro, refastelamento de Rodrigo Maia afirmando que já está pensando em uma reforma administrativa e previdenciária para atacar com tudo os trabalhadores e o povo pobre assim que a pandemia acabar. Enquanto tramam por nossas costas, o povo morre na fila para conseguir um respirador - e se conseguir, provavelmente estará sendo atendido em uma máquina superfaturada comprada através dos contratos emergenciais sem licitação e sem nenhuma transparência. A casta política está deitando e rolando enquanto a oposição aposta, ainda, que conseguirá convencer Rodrigo Maia e Alcolumbre a dar seguimento ao impeachment de Bolsonaro, proposta que nunca teve tão distante quanto hoje depois desta reunião.

O clima de União nacional expresso pela reunião é o maior já tido desde o princípio da crise política com o coronavírus. Bolsonaro, atingido pela "bala de festim" de Moro, ganhou mais força do que perdeu, com parte do Congresso apoiando-o. Maia pode ser que tenha preocupações com a proposta que prevê que possa concorrer a reeleição na Câmara. Alcolumbre, por sua vez, é mais ligado ainda ao Bolsonarismo do que Maia, é nome direto do presidente no Senado. Se por um lado, reforçam seu poder de barganha junto aos governadores, por outro este poder está ligado a interesses de fortalecer o bonapartismo institucional no processo da crise política. Esse tipo de contradição nunca será favorável aos trabalhadores, e por isso é completamente ilusória a tentativa de alguns partidos de esquerda, de jogar para Maia e Alcolubre a proposta de impeachment de Bolsonaro.

Enquanto isso, trabalhadores informais e autônomos de todo o país mal conseguem acessar o miserável auxílio emergencial de Bolsonaro - que já pensa, com Paulo Guedes, na possibilidade de reduzi-lo mais ainda para R$ 200,00. O salário emergencial deveria ser de no mínimo R$ 2 mil reais, facilmente financiado com a taxação das grandes fortunas, o não pagamento da dívida pública e com o fim dos privilégios como o cartão corporativo de Bolsonaro, as verbas parlamentares e altos salários de deputados, ministros, senadores e juízes.

Da mesma maneira, o acordo não prevê medidas de combate à Covid-19. O grande acordão prevê os interesses da patronal industrial e dos bancos, que seguirão lucrando durante a pandemia. Por isso os interesses dos trabalhadores jamais poderiam ser atendidos por este setor "semi-oposicionista" a Bolsonaro. Pois estes são ligados às suas burguesias locais. Só rompendo com estes setores e lutando para reconverter toda a indústria, para produzir respiradores, EPIs, respiradores e produtos de necessidade básica para enfrentar a pandemia, é que seria possível atender aos anseios da classe trabalhadora, atuando no na direção oposta à uma frente ampla com os corruptos representantes capitalistas do congresso e dos governos estaduais.

 
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