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Sem acesso à educação por falta de internet, alunos da rede pública seguem preocupados com Enem
Lara Zaramella
Estudante | Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo

O adiamento do Enem foi aprovado nesta semana em no máximo 60 dias, não servindo de nada para milhões de estudantes da rede pública que ou estão passando por dificuldades com o precário EaD imposto na educação básica, ou seguem sem acesso à educação em meio à pandemia.

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Já fazem semanas que as Secretarias da Educação de diversos estados do país vêm implementando o ensino à distância na educação básica, por conta da suspensão das aulas presenciais devido à pandemia do novo coronavírus.

A cada dia o que se escancara é a desigualdade social na realidade dos brasileiros, se fazendo presente também na realidade escolar, em que milhões de estudantes da educação básica não têm estrutura para acessar o ensino remoto. O EaD vem com o suposto objetivo de diminuir as perdas e impactos da quarentena, mas na verdade somente aprofunda as desigualdades educacionais escancarando a precariedade da rede pública.

O professor especialista em educação, Fernando Cássio, da Universidade Federal do ABC, aponta que “se a gente tiver que abrir mão do ano letivo para isso [garantir formação adequada], é o que deveríamos fazer. O ano letivo não deveria ser prioridade. A pandemia exibe em praça pública a desigualdade, pobre morre mais do que rico, mas mostra também a desigualdade na educação”.

Essas desigualdades trazem consequências drásticas para os estudantes da rede pública que já se veem muito distantes de ingressar em uma universidade pública e que estão passando por dificuldades no estudo e acompanhamento do EaD precário que foi implementado.

É o caso de um estudante da rede estadual fluminense, RJ, que declara que está “desanimado mesmo tendo esse adiamento do Enem. Quem está estudando com vídeo e material adequado fica mais tranquilo para o Enem”, relatando que não tem computador, celular nem internet em casa. Infelizmente, essa é a situação de muitos jovens brasileiros.

Nesta segunda-feira, 19, o Senado aprovou o texto-base do projeto de adiamento do Enem e ontem, 20, o MEC soltou um comunicado oficial declarando adiamento de 30 a no máximo 60 dias do exame vestibular. Claramente, o adiamento em no máximo dois meses não supre as carências e prejuízos que milhões de estudantes estão vivendo.

Sabemos inclusive, que mesmo antes da pandemia, milhares de jovens estudantes todos os anos ficam para fora das universidades, justamente pelo papel de filtro social e racial que cumprem os vestibulares. O direito à educação superior deveria ser garantido a todos, sendo então um absurdo que existam vestibulares. Em um momento de pandemia, essa barreira social se torna ainda maior, como vemos nos relatos de milhares de estudantes da educação básica da rede pública.

Para o jovem negro, pobre e de escola pública se torna impossível romper a barreira para entrar no ensino superior público diante da crise e da implementação do EaD. As provas de vestibular e Enem serem adiadas de 30 a 60 dias, é cínico e cruel. Diante da situação atual, em que a massiva maioria dos jovens não terão acesso à educação em grande parte do ano de 2020 (ou o farão de maneira hiper precária), estas provas sequer deveriam acontecer.

 
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