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CRISE POLÍTICA
Frente a renúncia de Teich redobrar a luta por uma resposta dos trabalhadores frente a crise
Maíra Machado
Professora da rede estadual em Santo André, diretora da APEOESP pela oposição e militante do MRT

Com a renúncia de Teich do Ministério da Saúde, e as movimentações para a entrada de um novo ministro, se reforça a necessidade da luta por uma resposta dos trabalhadores, independente das frações da burguesia, para responder esta crise

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O ministro Nelson Teich renunciou nesta sexta-feira (15) criando um novo fato na crise política nacional. O ministro escolhido a dedo para dar uma “cara científica” a linha negacionista de Bolsonaro e implementar o trabalho sujo dessa política, não aguentou o choque entre seus interesses empresariais como homem de negócios na saúde e as propostas de Bolsonaro, sobretudo no que toca ao fim das quarentenas e distribuição aleatória da hidroxicloroquina e renunciou. Sua renúncia acontece enquanto Bolsonaro acelera sua pressão pelo fim do isolamento social em todos estados e mais vidas que poderiam ser salvas são perdidas para a Covid, em meio a dias seguidos de recordes negativos de contaminações e mortes. Tristes recordes mesmo em meio a tão criminosa subnotificação e ausência de testes em todo país. Em seu lugar, assume interinamente o general Eduardo Pazuello, conhecido por atuar nos conflitos xenófobos contra os venezuelanos em Roraima, e que era o braço direito de Teich no Ministério.

Com a renúncia de Teich - que, sem cairmos em ilusões, entrou no ministério para avançar com a política negacionista de Bolsonaro - volta a ficar em primeiro plano os choques entre as necessidades econômicas de empresários que dão sustentação à política agressiva de Bolsonaro de diminuir ou eliminar as quarentenas e a dramática situação nos sistemas hospitalares em tantos estados e capitais do país. Uma situação dramática devido ao alto contágio de tantos milhões de brasileiros sem renda e emprego ou que não conseguem sobreviver com a escassa e sempre atrasada quantia de R$600 de auxílio emergencial. A situação também é dramática pela absurda falta de leitos hospitalares, respiradores, EPI’s e equipes sanitárias, uma situação que é produto do desfinanciamento e progressiva privatização da saúde e do SUS, uma política que foi e é tocada e apoiada por cada governador que agora enche a boca para falar de saúde, por cada ator golpista, como Maia, Mandetta, Moro, mas também tem suas raízes nos cortes à saúde via Desvinculação das Receitas da União nos governos petistas que retiram centenas de bilhões de reais da saúde e assistência social.

A tragédia social, econômica e sanitária foi diária e sistematicamente construída por cada um desses atores políticos golpistas, sejam eles os negacionistas como Bolsonaro, os militares que estão alinhados com seu governo e mesmo que não defendem o fim total do isolamento social defendem uma forte “flexibilização” e, por outro lado, os governadores que falam em lockdown mas garantem que as indústrias, o agronegócio, o minério, o petróleo, o telemarketing e várias outras atividades continuem funcionando normalmente e expondo milhões de trabalhadores a riscos.

A saída de Teich deixa patente também toda uma reconfiguração em curso no governo Bolsonaro, com especulações se o cargo será entregue ao centrão ou aos militares que ganham mais e mais poder no Planalto, mas por um caminho ou outro está claro que está em jogo tomar mais medidas que coloquem ainda mais o lucro acima das vidas. Ontem Bolsonaro pronunciou-se em reunião junto com vários dos mais ricos empresários brasileiros, como os presidentes do Bradesco, da Casas Bahia, da JBS, e de multinacionais yankees como a GM e a Ford que por ele ele decretaria o fim de todos isolamentos sociais e adotaria só o seu “isolamento vertical” de grupos de risco. Na mesma reunião Bolsonaro chamou os empresários a pressionarem governadores para impedir decretos de lockdown e para batalhar pela abertura dos estados. Havia especulações no jornalismo político que nos próximos dias Bolsonaro iria fazer uma coletiva de imprensa decretando o fim do isolamento social. O reacionário presidente, com público respaldo da cúpula militar, como se viu em artigo o vice-presidente Mourão tem criticado abertamente o judiciário e governadores pelas medidas de isolamento social.

O primeiro atrito público entre o ex-ministro e Bolsonaro tinha acontecido quando o presidente tinha publicado decreto determinando que academias, salões de beleza e barbearias seriam consideradas atividades essenciais, novos episódios de atritos parecem ter ocorrido nos bastidores, envolvendo as aberturas das quarentenas e os protocolos para uso do fármaco usado na malária. Nos EUA de Trump esta mesma semana abriu-se uma crise com funcionário da saúde em torno dos mesmos protocolos envolvendo a mesma substância.

Esta nova crise política e sanitária cruzando o país coloca em primeiro plano como é necessário batalhar por uma resposta dos trabalhadores a essa crise. Exigindo EPI’s para todos trabalhadores da linha de frente, já que há dezenas de milhares de trabalhadores da saúde contaminados, contratações emergenciais, liberação com salário de todos trabalhadores em trabalhos não essenciais, liberação imediata de R$2mil a todos brasileiros sem renda, para que tenham condições de realizar isolamento social, bem como realizar uma imediata reconversão das indústrias sob controle dos trabalhadores para produzir respiradores e todos insumos necessários para salvar vidas e não lucros.

A responsabilidade dos militares nas crises política e sanitária que vivemos coloca de forma ainda mais patente como não podemos conduzir nosso ódio de Bolsonaro para colocar em seu lugar um igualmente defensor da ditadura e do fim das quarentenas como Mourão. É preciso levantar uma posição de Fora Bolsonaro, Mourão e militares, mas também sem confiar que sejam Maia, Toffoli, Doria ou Witzel qualquer alternativa para salvar vidas, emprego e renda, tal como chamamos setores da esquerda para juntos construir juntos um polo com essa resposta, construindo-a nos locais de trabalho e nas redes sociais. Nossa batalha tem que ser para a construção de uma resposta onde o povo possa decidir os rumos do país para enfrentar a crise sanitária e a crise econômica. Por isso defendemos a luta por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, sem a tutela e veto de nenhum dos 3 poderes, com delegados eleitos pelo sufrágio universal, e onde trabalhadores e trabalhadoras brasileiras possam lutar pelas demandas que realmente atendem às necessidades da população, sem aceitarmos as mesmas regras desse jogo que tem como objetivo de todos os governantes, nos fazer pagar com nossas vidas por esta crise.

 
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