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PATRONAL RACISTA
RACISMO: Empresa é condenada por amarrar trabalhadora negra como "punição"
Redação

A Autoliv, empresa automobilística sediada em Taubaté (SP) foi condenada por uma caso de racismo ocorrido em sua fábrica após uma trabalhadora negra ser amarrada pelos pulsos ao seus supervisores e arrastada pelo galpão como "punição". Lutemos contra a patronal e a burguesia racista que carrega a herança escravocrata da sociedade brasileira que nos explora e nos humilha.

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A Autoliv, empresa automobilística sediada em Taubaté (SP), foi obrigada a indenizar em R$180 mil uma funcionária por danos morais e racismo, segundo a decisão da 7ª Câmara do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região na última terça-feira (12). O caso, ocorrido em 2015, se deu quando a trabalhadora foi amarrada pelos pulsos e a dois de seus superiores pelos braços, e arrastada pelo galpão da empresa como “punição” e para servir de exemplo a outros funcionários por ter saído mais cedo de seu expediente.

O caso foi confirmado em depoimento pelos autores da agressão, que até hoje atuam como supervisores na empresa. Em um outro episódio, um dos chefes da Autoliv parabenizou a funcionária “pelo seu dia”, em referência ao dia da Consciência Negra. Segundo a advogada de defesa da funcionária, a empresa provavelmente não irá recorrer da decisão da Justiça em 3ª instância, já que responde a vários outros processos trabalhistas.

O escandaloso caso está longe de ser uma exceção na realidade das massas trabalhadoras, em sua maioria negra, em um país em que o racismo estrutural serve como pilar fundamental de manutenção das relações de opressão e exploração na sociedade. O Brasil foi o último país no mundo a abolir a escravidão – data relembrada ontem, 13 de maio –, mas mantém suas profundas raízes escravocratas, funcionais para que um punhado de parasitas como os proprietários de empresas como a Autoliv (que hoje poderia estar convertendo a sua produção industrial para manufaturar respiradores e salvar inúmeras vidas do coronavírus) possam submeter milhões de trabalhadoras e trabalhadores a humilhações e condições miseráveis de trabalho, mantendo cerca de outros 30 ou 40 milhões desempregados e, assim, oferecer salários de miséria aos que têm a “sorte” de manter seus empregos em meio à crise.

Veja também: Após 132 anos da abolição da escravidão no Brasil, COVID-19 promove devastação nos países de maioria negra

Em meio ao cenário de pandemia do Covid-19 que assola o país, os planos reacionários do governo, em suas distintas alas, apenas escancaram o que já era sabido: em qualquer crise, não serão os grandes empresários e capitalistas a pagarem, e sim os setores populares e a classe trabalhadora que hoje enterram seus entes queridos em valas comuns. Para salvar a economia, milhões que trabalham em setores não essenciais da produção são obrigados a se manterem em suas funções (a despeito da quarentena seletiva que os governadores se gabam de oferecer como estratégia de combate ao vírus), sem a mínima garantia de testes ou EPIs para que não tenham de arriscar suas vidas. O mísero auxílio emergencial de R$600 do governo e os ataques “verde e amarelo” aos direitos trabalhistas vêm agora para se somar aos que historicamente já vinham sido aplicados – no caso da Autoliv, outra ação levada à Justiça diz respeito a um episódio em que uma funcionária foi impedida de cumprir seu horário de almoço.

Tampouco é suficiente confiar que o Judiciário golpista, que hoje mantém 40% da população carcerária no Brasil sem julgamento, se coloque ao lado dos trabalhadores e dos setores oprimidos nesse momento – basta ver que em primeira instância, a indenização para o caso de agressão e racismo na Autoliv havia sido avaliada em R$620 mil, considerando que se tratava de uma empresa de grande porte, mas o valor foi diminuído em segunda instância. Para a casta judiciária, as nossas vidas e as condições humilhantes e criminosas de opressão impostas aos que sustentam a sociedade com sua força de trabalho importam menos do que romperem seus laços com os grandes empresários e capitalistas. É preciso fazer se impor os interesses da nossa classe, que em nada podem se conciliar com os dos que nos exploram cotidianamente, para transformar todo o ódio e indignação com a catástrofe social do coronavírus e o escândalo de casos como o da Autoliv em luta organizada, levantando uma saída independente dos que se apoiam na tragédia da crise para avançar ainda mais nos ataques aos nossos direitos.

 
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