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ANIVERSÁRIO DE KARL MARX
Há 202 anos do nascimento de Karl Marx
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“Sem dúvida que a incomparável grandeza de Marx encontra-se, entre outras coisas, nele todo inseparável que nele formam, completando-se e ajudando-se mutuamente, o pensador e o homem de ação. Mas igualmente certo é que o lutador prevaleceu nele, em todo instante, sobre o homem de pensamento”. (Franz Mehring, Marx. Historia da sua vida)

Escrever uma homenagem sobre o 202° aniversário de nascimento de Karl Marx, traduzir em algumas poucas palavras algo sobre umas das personalidades mais interessantes de todos os tempos, resulta em uma tarefa complexa e emocionante. Por onde começar, o desafio torna-se difícil a minutos de realiza-lo. O que dizer, o que destacar sendo toda sua vida e obra tão rica – como disse Engels -, “sobre esse homem a quem toda a classe operária da Europa e América (hoje devemos afirmar mundial) deve mais do que qualquer homem”.

Algo tentaremos, quem sabe algumas gotas dos rios de tintas que se tem sobre ele, nos guiem nestas breves linhas.

Como o motivo da nota é seu nascimento não podemos deixar de mencionar que Karl Marx chegou a este mundo em 5 de maio de 1818 em Traveris, uma cidade do que era então a Prussia Renana, atualmente Alemanha. Estudou jurisprudência, história e filosofia, ali se encontrou com as ideias de Hegel, de quem herdou a dialética, para coloca-la sobre seus pés. Elaborou seu sistema de concepções que constituem o materialismo e o socialismo científico, tomando de forma genial as três correntes ideológicas do seu século: a filosofia clássica alemã, a economia clássica inglesa e o socialismo francês.

Mas não podemos seguir com Marx, sem mencionar a Engels, seu grande amigo e companheiro desde 1844, quem sabe a amizade mais comovedora que conheçamos, uma colaboração plena no sentido mais amplo do termo. Juntos tomaram parte ativa na vida dos grupos revolucionários e assentaram as bases do socialismo científico. Em 1847 ingressam na Liga dos Comunistas e redatam o famoso Manifesto, que aparece em fevereiro de 1848, quando as últimas revoluções burguesas se propagavam como um rastilho de pólvora pelo velho continente. Quando o proletariado se mostrava na Europa como a classe mais numerosa e despossuída, a que podia varrer, inclusive, a “nova ordem estabelecida” pela burguesia. Como disse Lenin “nesta obra se traça, com claridade e brilhantismo geniais, uma nova concepção de mundo: o materialismo consequente, aplicado também ao campo da vida social; a dialética como a doutrina mais completa e profunda do desenvolvimento; a teoria da luta de classes e a histórica missão revolucionária universal do proletariado como criador de uma nova sociedade, a sociedade comunista”.

Quando a revolução é derrotada, Marx é expulso de vários países e em 1849 se instala em Londres onde passará o resto de sua vida em condições bastante duras. Ali se concentrará em estudar a economia política e desenvolverá sua teoria materialista. Sua obra prima, O Capital, a que com interrupções dedicará o resto de sua vida, revolucionará a ciência econômica e política.

No final da década de 50 se recrudescem os movimentos democráticos, isto o leva novamente a uma intensa atividade prática e em 28 de setembro de 1864 é um dos fundadores da “Associação Internacional dos Trabalhadores”, conhecida como a Primeira Internacional, que unificou o movimento operário de distintos países. Sem dúvida Marx foi a alma desta organização, escreveu grande parte de seus manifestos, resoluções e declarações.

Em 1871, logo da queda da Comuna de Paris, a raiz da divisão provocada pelos bakuninistas (anarquistas), a I Internacional deixou de existir. Mas cumpriu sua missão histórica, dando lugar a uma época de desenvolvimento incomparavelmente mais amplo do movimento operário, que colocava em pé partidos operários socialistas de massas dentro de cada Estado nacional.

A saúde de Marx foi-se deteriorando, após intenso trabalho na Internacional e em suas atividades teóricas. Continuou seus estudos e investigações para terminar O Capital, coletando para este fim múltiplos novos documentos, mas a doença o impediu de concluir. E em março de 1883 Marx adormeceu para sempre.

O comunismo não surge de uma ideia

Em 1883, após a morte de seu amigo, Engels se vê obrigado pela primeira vez a escrever sozinho um novo prólogo do Manifesto Comunista e nele deixa claro, com grande humildade, qual é o grande aporte pessoal de Marx a ciência: “A ideia básica que atravessa o Manifesto – que, em cada época histórica, a produção econômica, e a estrutura social que se deriva necessariamente dela, constituem o fundamento da história política e intelectual desta época; que, em consequência, (desde a dissolução da propriedade comum original da terra), toda a história tem sido uma história das lutas de classes, das lutas entre classes exploradas e exploradoras, dominadas e dominantes, em diversos estágios da evolução social; mas que esta luta tem alcançado agora um estágio em que a classe explorada e oprimida (o proletariado) já não pode libertar-se da classe que a explora e oprime (a burguesia) sem libertar, ao mesmo tempo, para sempre toda a sociedade da exploração, da opressão e as lutas de classes: esta ideia básica pertence única e exclusivamente a Marx”.

Lenin, por sua vez, assegura que “o marxismo nos proporciona o fio condutor que permite descobrir uma sujeição a leis neste aparente labirinto e caos, a saber: a teoria da luta de classes”. Já no prólogo d’O Capital, Marx adverte sobre o propósito de sua grande obra, “de fato, descobrir a lei econômica que preside o movimento da sociedade moderna”; quer dizer, conhecer profundamente as relações de produção da sociedade burguesa na sua aparição, desenvolvimento e decadência. Basendo-se nas leis econômicas do movimento da sociedade moderna, para Marx a transformação da sociedade capitalista em comunista é uma grande possibilidade.

Há duzentos e dois anos do nascimento de Marx e em plena crise capitalista envolta de uma pandemia global, o trabalho se encontra cada vez mais socializado, base material para o socialismo, mas é voltado para a produção de lucro e não das necessidades humanas. O capitalismo desenvolveu de tal maneira as forças produtivas que com ele tem reduzido enormemente o tempo social necessário para a produção das mercadorias, mas que é incapaz de organizar a produção de máscaras, respiradores e insumos necessários para enfrentar o Covid-19 e salvar vidas. Já no Manifesto Marx e Engels asseguravam que: “nunca soubemos tudo o que poderia dar o trabalho humano até que demonstrou a burguesia”. Mas sob o capitalismo, este enorme avanço histórico não liberta a maioria da sociedade do trabalho pelo contrário, o coronavírus nos serve como um choque claro desta contradição: as jornadas de trabalho são cada vez mais extensas, as condições de precarização do trabalho são moeda corrente, e a desocupação aumenta enquanto a carga de trabalho dos ocupados cresce.

Mesmo em tempos de pandemia global, uma minoria cada vez mais ínfima da humanidade é a que vive cada vez melhor, enquanto a classe trabalhadora paga a conta com sua saúde e vida às centenas de milhares a necessidade impulsiva de acumulação pela própria acumulação de capital, que depende do trabalho bilhões de trabalhadores que produzem toda a riqueza do mundo, mas que agora não têm acesso nem à equipamentos básicos de proteção. A lógica de produção capitalista mantém a ganância individual dos capitalistas – que competem com outros capitalistas – e não para as necessidades do conjunto da sociedade.

Esta injustiça permanente gera uma contradição indissolúvel para o sistema capitalista: a luta constante da classe operária para sacudir-se o jugo do capital. Por isso, tem uma tarefa que no Manifesto é parte do programa imediato da tomada do poder pelo proletariado, que é a “abolição da propriedade privada dos meios de produção”. Como diz Riázanov, “Marx extrai da situação efetiva da classe operária todas as deduções fundamentais do Manifesto Comunista: organização de classe do proletariado, destruição da dominação da burguesia, conquista do poder político pelo proletariado, supressão do trabalho assalariado, nacionalização de todos os meios de produção”.

Sem medo de errarmos, afirmamos que além das grandes mudanças que vieram com o século XX, a vigência da obra de Marx reside em que cada uma das conclusões, as que chegou junto com Engels, se verificam na atualidade.

Artigo adaptado e atualizado do original de Jazmín Jimenez

Para aprofundar sobre a vida de Marx, se recomendam os seguintes livros:
David Riazanov, Marx y Engels de Ediciones IPS.

V. I . Lenin, Carlos Marx (Breve esboço biográfico, con una exposición del marxismo)
Franz Mehring, Karl Marx. Historia de su vida

 
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