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CORONAVÍRUS
Durante período de pandemia, total de mortes cresceu 30% em relação a 2019 nas cidades mais atingidas
Redação

Nas cinco cidades com mais casos do novo Coronavirus até agora - São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Manaus e Recife, o indicador decisivo para os epidemiologistas, o excesso de mortalidade por todas as causas, disparou nas últimas semanas.

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Hoje foram publicados no G1 novos dados sobre o desenvolvimento da pandemia em cinco cidades brasileiras. O estudo foi realizado por Paulo Lotufo, da USP, com base em dados capturados do Portal da Transparência do Registro Civil pelo engenheiro de software Marcelo Oliveira.

Perante a baixa testagem e a subnotificação, tanto de casos quanto de mortes pela pandemia, o pesquisador comparou a média histórica de mortes com os dados desse ano no mesmo período, podendo calcular o chamado “excesso de mortalidade por todas as causas”. As mortes nas cinco cidades brasileiras somaram pelo menos 26.445 desde o início da pandemia até o dia 25 de abril, um crescimento de 30% em relação à média dos anos anteriores, de 20.384 durante as mesmas semanas.

A diferença, de 6.061 mortes, supera em 173% aquelas atribuídas à Covid-19 oficialmente até aquela data. No período, os números oficiais falavam em 2.219 mortes pelo novo coronavírus nas cidades analisadas - em 4.057 em todo o país. Houve, nessas cidades, no mínimo 3.842 mortes além das registradas por Covid-19, de acordo com a análise de Lotufo, baseada no último dado disponível para o total de certidões de óbito registradas nos cartórios do país.

Nas cinco cidades analisadas – São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Manaus e Recife –, o excesso de mortos foi, respectivamente, de 2.500, 1.219, 312, 1.376 e 655. Desses, foram atribuídos à Covid-19 em cada uma das cidades, também respectivamente, 1.114, 382, 295, 246 e 182.

Sem testagens massivas, não é possível dizer quantas dessas mortes foram diretamente causadas pelo vírus, porém certamente a maior parte delas é consequência da pandemia e do descaso com a vida dos trabalhadores. “A pandemia desequilibra o sistema de saúde”, diz Lotufo. “Amplia as mortes por diversos outros tipos de doença, como ataques cardíacos ou acidentes vasculares cerebrais, além de gerar um custo também pelo adiamento no tratamento de doenças crônicas.”

Os anos de cortes e privatizações do sistema público de saúde debilitaram a resposta dos brasileiros ao vírus. Associado à baixa testagem para mapear a doença e o baixo comprometimento com a liberação de todos para fazer a quarentena, é certa a superlotação dos leitos de UTIs e atendimentos médicos no geral. Assim, diversas outras doenças que poderiam ser tratadas com facilidade em outros momentos, se tornam letais.

Em relação aos dados, é relevante considerar o atraso nas informações disponíveis: legalmente, há um prazo de 24 horas para a família informar mortes ao cartório, mais cinco dias para o registro do óbito, além de outros oito para as informações serem enviadas à Central Nacional de Informações do Registro Civil (CRC Nacional). Há, portanto, pelo menos duas semanas de defasagem entre os dados informados no Portal da Transparência dos cartórios e a realidade. O número de mortos pode ser muito maior que o encontrado.

Encontrar os dados também não é trabalho fácil: eles estão dispersos em diversos sites e formatos. Como diz Justen, “No caso específico da Covid, talvez em virtude de questões políticas, estamos muito aquém do que poderíamos estar”, e destaca a falta de padronização nos formatos usados por secretarias estaduais e municipais, disponíveis em arquivos no formato PDF, textos de notícias sem data e até imagens em redes sociais. O pesquisador afirma que a desordem com os dados brasileiros não é generalizada, mostrando ainda mais o interesse político por trás do processo.

 
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