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1º DE MAIO
Povo Sem Medo e Resistência rompem com ato das grandes centrais mas não com a sua frente ampla
Yuri Capadócia

No dia de ontem (30/04) a Frente Povo Sem Medo e a Resistência anunciaram sua ruptura com o ato das grandes centrais sindicais que contará com inimigos da classe trabalhadora, nas figuras convidadas de Maia, FHC, Doria e Witzel. Uma ruptura, entretanto, que preserva a estratégia de aliança com esses setores.

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Como viemos denunciando, desde a semana passada, a vergonhosa linha das grandes centrais sindicais que convidaram inimigos da classe trabalhadora para o 1º de maio, resultou na correta ruptura de diversas organizações socialistas, como a CSP-Conlutas e a Intersindical-Instrumento de Luta, que junto a nós passaram a convocar um ato por um 1M classista e independente.

No dia de hoje mais duas organizações anunciaram também suas rupturas, a Frente Povo Sem Medo e a Resistência, organização do PSOL. Entretanto, como mostram as notas das organizações, a ruptura com o ato não significou a ruptura com a estratégia de Frente Ampla reivindicada no conteúdo das notas, resguardando para uma “unidade na ação” a estratégia de aliança com esses setores.

Enquanto partem corretamente de repudiar as figuras convidadas a dividir o palanque do Dia do Trabalhador e classificar como protagonistas dos ataques a classe trabalhadora, são capazes ainda assim de reivindicar alianças com esses setores burgueses em defesa da democracia.

“Reconhecemos também a necessidade da construção de uma Frente Ampla contra o fascismo e em defesa da democracia, incluindo todos os setores políticos que queiram lutar por democracia.” (trecho da nota da Frente Povo Sem Medo)

“Representantes de setores da burguesia são bem vindos em unidades mais amplas para defesa das liberdades democráticas ou qualquer outra reivindicação pontual que possamos ter em comum com eles. Mas não cabem na unidade da classe trabalhadora em torno ao seu programa de classe, pois aqui temos interesses antagônicos. Na unidade da nossa classe cabem e são necessários todos os seus representantes: centrais sindicais, partidos políticos e movimentos sociais.” (trecho do editorial da Resistência)

Essa separação entre os ataques econômicos e a degradação da democracia burguesa, ignora o papel que essas mesmas figuras golpistas cumpriram na recente conjuntura do país. Foi por meio do golpe institucional, em que cada um desses personagens desempenhou papel central, que abriu-se caminho tanto para a aprovação dos ataques econômicos, a exemplo da Reforma da Previdência protagonizada por Maia, como para o processo de degradação do regime que culminou na eleição de Bolsonaro.

A tática da Frente Ampla objetivada por essas organizações abre espaço, por exemplo, para aqueles que confiscaram o direito democrático mais elementar do povo decidir em quem votar, se embandeirarem de defensores da democracia, ao se aliar com o judiciário. Bolsonaro não foi parido do nada, para se alçar ao poder teve que contar com o apoio de uma ampla coalizão desses mesmos golpistas, que manipularam cada passo das eleições, prendendo o candidato mais popular e caçando milhões de votos. Um discurso de unidade tão amplo e sem delimitação que absolve e se alia aos mesmo reacionários que se recobriram de todo o discurso bolsonarista para se elegerem, como Doria e Witzel, e que mesmo agora, apesar de polarizem com Bolsonaro, seguem atacando os trabalhadores, como a brutal ação de Doria na favela do Moinho ou o projeto de Witzel pronto a privatizar a Cedae, ou as universidades estaduais.

Frente ao aberrante negacionismo de Bolsonaro em meio a crise sanitária até esses inimigos da classe trabalhadora posam como “sensatos” ou “moderados”. Mas essa mesma crise sanitária e econômica escancara para os trabalhadores obrigados a trabalhar sem EPIs, morrendo na fila por UTIs que estão em falta, ou sem terem a garantia de seus empregos e renda que esses políticos burgueses tão pouco são alternativas à crise. Mais do que nunca, se revela aos trabalhadores que esses políticos estão mais preocupados com atender ao lucro dos capitalistas do que preservar as vidas, o emprego e a renda. Por isso, o papel das direções da classe trabalhadora não pode ser o de nutrir ilusões nesses setores.

Por isso, reforçamos o chamado a unificarmos as organizações políticas e entidades que estão em defesa de um 1M independente e classista. O momento exige a unidade dessas forças em um ato democrático, com espaço para que cada organização expresse suas posições, e que parta de uma posição firme pelo Fora Bolsonaro e Mourão - deixando clara a necessidade de derrubar esse governo, e que não serve aos trabalhadores substituir o capitão pelo general que começou este mês homenageando o golpe militar que “derrotou a ameaça comunista”.

O 1M precisa ser um polo independente e classista em que emerja a voz da classe trabalhadora e um programa comum para que não sejam os trabalhadores a pagarem pela crise. Com a proibição de todas as demissões, uma quarentena com licença remunerada, contra as suspensões de contrato e reduções salariais, e garantindo um salário emergencial que chegue imediatamente a todos que estão sem renda, com valor suficiente para manter uma família. Com testes massivos, leitos equipados, contratação de todos os profissionais da saúde e centralização da saúde no estado, sob controle dos trabalhadores. Com todo o financiamento necessário, a partir do não pagamento da dívida pública. Com a reconversão produtiva para garantir os insumos e equipamentos necessários.

Para impulsionar um programa emergencial e classista como esse, a fim de dar conta das crise sanitárias e econômicas, é que defendemos a consigna da Assembleia Constituinte Livre e Soberana como resposta também a crise política. O problema que enfrentamos não é somente um governo, mas um regime que desde o golpe de 2016 não pára de avançar em sentido cada vez mais autoritário e fraudulento. O povo precisa decidir, por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana!

 
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