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ATO INTERNACIONALISTA DA FRAÇÃO TROTSKISTA
Argentina: "os sucessivos governos liberais e os que se dizem progressistas destruíram sistematicamente todo o sistema de saúde em todo o mundo, inclusive nas grandes potências"
Lina Hamdan
Mestranda em Artes Visuais na UFMG

Raul Godoy, trabalhador de Zanon, fábrica sob controle operário há 19 anos, na Argentina, encerra o ato internacionalista da Fração Trotskista

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Frente a uma crise que escancara o papel que a classe trabalhadora cumpre para fazer o mundo funcionar, a qual poderia por si mesma tomar os rumos das decisões de como enfrentar a crise, nada mais preciso do que a fala de Raul Godoy: "Se fossem os trabalhadores que tomassem as decisões nas grandes fábricas, esses exemplos [de controle operário] poderiam ser generalizados para níveis de produção essenciais, para fazer respiradores, construir hospitais, alimentos e tudo o que seja necessário para enfrentar uma pandemia, mas a serviço das necessidades das grandes maiorias".

Raul Godoy, operário da fábrica de Zanon, militante sindical e do Partido dos Trabalhadores Socialistas (PTS), da mesma organização internacional que o Movimento de Revolucionário de Trabalhadores no Brasil, é uma figura emblemática da luta dos trabalhadores desde a crise de 2001 na Argentina. A luta em sua fábrica começou por melhores condições de trabalho e segurança, após a morte de um de seus colegas, e contra as demissões.

Hoje, frente provavelmente à maior crise capitalista da história, faz quase 20 anos que a fábrica se tornou sua "segunda casa", sob controle dos trabalhadores e sem chefes. Dessas experiências, "desses lugares, onde resistimos durante anos à difícil tarefa de sobreviver no mundo capitalista", os militantes revolucionários tiram suas escolas para enfrentar uma situação como a atual, que coloca como necessidade superior a ideia do controle dos trabalhadores sob a produção e os serviços da sociedade, sob pena de sermos submetidos a uma barbárie da qual não temos qualquer culpa.

Esta culpa quem carrega são os capitalistas. Como disse Godoy no encerramento do ato internacional da Fração Trotskista neste histórico dia dos trabalhadores, "os sucessivos governos liberais e os que se dizem progressistas destruíram sistematicamente todo o sistema de saúde em todo o mundo, inclusive nas grandes potências. Direitistas como Trump e Bolsonaro tornaram tudo pior, como visto hoje com seu gerenciamento desastroso da pandemia."

Em Zanon, uma empresa sob controle dos trabalhadores, não se coloca em risco a vida dos trabalhadores sob o pretexto de obter mais lucros. Não se continua uma produção que não seria necessária para a população, e sim a reorienta para produzir de acordo com as necessidades da comunidade.

Godoy citou os trabalhadores de uma gráfica argentina, também sob controle dos trabalhadores há cinco anos, a Madygraf, que fazem uma demonstração exemplar no momento atual. Eles converteram a produção para produzir máscaras e álcool em gel.

Em uma fábrica sob controle dos trabalhadores, os trabalhadores não pagam pela perda de lucros através de demissões. O controle de uma empresa coloca a questão de quem transforma a sociedade. Os trabalhadores e sua capacidade de pensar no interesse da maioria.

E se os trabalhadores podem administrar uma empresa e sua produção ou seu serviço, eles também são os capazes de propor uma saída da crise para a maioria da população, lutando contra capitalistas e governos e lançando as bases de uma nova sociedade.

É esse o caminho que Raul Godoy e sua organização, seu conjunto de militantes e apoiadores defendem e batalham:

"Nosso acúmulo teórico, político, o desenvolvimento de nossa rede de diários, os acordos programáticos, táticos, eleitorais e de ação que alcançamos com diferentes correntes ao longo dos anos são um grande passo, mas sabemos que são insuficientes. Nossa tarefa mais importante é convocar novas gerações de jovens, de mulheres e de trabalhadores para abraçar com força as ideias revolucionárias, para que se apropriem de todas as ferramentas desenvolvidas e que queiram ir por mais."
Frente aos governos que gerem a crise para salvar os capitalistas, Godoy ressaltou o fato de neste primeiro momento, estes "impuseram uma ideia de unidade nacional contra a pandemia. E os governos conseguiram "legitimar por enquanto" as forças repressivas nas ruas."

Mas a resistência à miséria e a barbárie já começa a se expressar, e "quando os piores momentos passarem, surgirá a miséria social e o desastre econômico que eles deixaram, e renascerá, em outro terreno e de forma muito mais potente, a luta de classes."

E os revolucionários, onde estivermos, estaremos defendendo a necessidade da "independência política dos trabalhadores, [de] um programa para que a crise seja paga pelos capitalistas e [reivindicando] a luta de classes para impô-lo."
Raul Godoy encerrou o ato convidando a todos a contribuir e a construir uma fortaleza das e dos trabalhadores, de de maneira independente do setores que favorecem direta ou indiretamente os interesses opostos aos de nossa classe, das mulheres, dos negros, dos LGBTS, dos imigrantes e de todos os povos oprimidos e explorados do mundo:

"O convite que queremos fazer neste ato, aos milhares que se conectaram de diferentes partes do mundo, é participar da construção desse partido internacional e revolucionário da classe trabalhadora, da organização dos escravos insurretos, que organize a força necessária para enfrentar os padecimentos e as penúrias a que todos os capitalistas desejam continuar nos submetendo."

Nossa corrente internacional também aposta, no calor da luta de classes, em confluir com partidos, grupos, setores e correntes dos mais diversos países com os quais compartilhamos experiências de combate político e nas ruas em direção a um movimento comum, por uma internacional da revolução socialista, que para nós implica a reconstrução da IV Internacional.

Convidamos você para esta tarefa ambiciosa e apaixonante.

E como disse nosso querido camarada Leon Trotsky na ocasião da fundação da IV Internacional, disse assim:

"Queridos amigos, não somos um partido iguais aos outros. Não aspiramos apenas ter mais afiliados, mais jornais, mais dinheiro, mais deputados. Tudo isso faz falta, mas são apenas um meio. Nosso objetivo é a libertação total, material e espiritual, dos trabalhadores e dos explorados por meio da revolução socialista.
Sobre cada um de nós recai essa ambiciosa e apaixonante responsabilidade histórica à qual convidamos você a se unir: levar sobre nossas costas uma partícula do destino da humanidade."

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