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BOLSONARO DESDENHA DA PANDEMIA E DE NOSSAS MORTES
Em meio a recorde de mortes, Bolsonaro questiona veracidade de números de óbito por COVID-19
Fernando Pardal

Nessa quinta-feira, 30, Bolsonaro afirmou que é responsabilidade de governadores e prefeitos o não achatamento da curva, e insinuou que os números de mortos são inflacionados enquanto governa o país com a maior subnotificação de casos do mundo.

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Apenas um dia após responder “e daí?” e fazer piada com os mais de cinco mil mortos por COVID-19 no Brasil, Bolsonaro procurou se isentar da sua responsabilidade por essa catástrofe social de imensas proporções.

"O Supremo Tribunal Federal STF decidiu que as medidas para evitar, ou melhor, para fazer com que a curva fosse achatada, caberia aos governadores e prefeitos. Não achataram a curva", disse, como se não tivesse responsabilidade alguma, enquanto incentiva as carreatas da morte e prega insistentemente a reabertura de todo o comércio, além de sequer garantir a testagem massiva, a medida mais elementar de combate à pandemia. Ele ainda reforçou a ideia de que a responsabilidade não é sua, dizendo que a imprensa quer "colocar no seu colo a responsabilidade por mortes”.

"Governadores e prefeitos que tomaram medidas bastante rígidas não achataram a curva, a curva tá aí. Partindo do princípio que o número de óbitos é verdadeiro", afirmou, tentando ao mesmo tempo responsabilizar outros governos e ridiculamente questionando os números de mortos por COVID-19. Mas em uma coisa Bolsonaro tem razão: os números com os quais trabalhamos são falsos. Isso porque o Brasil é o país com a maior subnotificação do mundo, e estudos apontam que o número de casos pode ser até 15 vezes maior do que os confirmados. Isso também é responsabilidade de Bolsonaro, dos governadores e prefeitos, que não garantem a testagem.

Bolsonaro questionou, em especial, os óbitos em São Paulo, Estado mais afetado pela doença. "Cada vez mais chegam informações, que o próprio Diário Oficial lá do Estado de São Paulo, que na dúvida sobre a causa da morte bota coronavírus para inflar o número para fazer uso político disso", declarou. Para nós que temos visto conhecidos, parentes, amigos, familiares se contaminando e mesmo morrendo, amargando em hospitais lotados ou sendo enterrados em valas coletivas, é revoltante e repulsivo ver o presidente falando essas palavras.

Em sua luta política rasteira, Bolsonaro disse: "É o governador gravatinha de São Paulo fazendo ’politicalha’ em cima de mortos, zombando de familiares que tiveram seus entes queridos que morreram por vírus ou outra causa", afirmou, sendo que era ele mesmo que estava ainda ontem fazendo piadas com os mortos. Doria também tem suas mãos sujas do sangue das vítimas da COVID-19, é claro, pois não garante testes e aplaude medidas como a MP da morte de Bolsonaro. Entre o sujo e o mal lavado, quem paga a conta somos nós.

Bolsonaro ainda tentou usar o episódio para defender sua interferência na Polícia Federal, motivador de sua desavença com Moro, onde cada qual disputa para ser o chefe do autoritarismo e da arbitrariedade dessa instituição:

"Nós fizemos tudo que foi possível e mais alguma coisa. Agora cabe aos governadores gerir esse recurso. O que mais nós temos, por parte de alguns Estados, é desvio de recursos. É isso que está acontecendo. Por isso, precisamos da Polícia Federal isenta, sem interferência para poder tratar desse assunto, para poder coibir possíveis abusos"

Bolsonaro negou, contudo, que esteja em um "embate" com os governadores, a quem vem criticando a atuação desde o início da pandemia. "Esse problema (da pandemia) é para todo mundo resolver, não é para ser politizado". Mas é a política deles que está fazendo da pandemia uma calamidade para o povo.

Sobre o desemprego causado pela pandemia, o chefe do Executivo citou que "milhões" de brasileiros já perderam seus trabalhos e que a volta da economia não será "rápida". O que ele não diz é que fez de tudo para permitir que os capitalistas tivessem carta branca para suspender contratos sem pagamento de salários, entre outras medidas que atacam os trabalhadores, além de ter apoiado todos os ataques a nossos direitos no governo Temer.

Ainda emendou, com sua hipocrisia: "Só não está uma desgraça maior porque fizemos esse plano emergencial para pagar os R$ 600 para as pessoas". Ele destacou ainda que cerca de 30 milhões de cidadãos já receberam o benefício, mas pontuou que "muita gente se inscreveu de má-fé". Ou seja, esse auxílio, totalmente insuficiente para manter uma população – e que Bolsonaro propunha que fosse de R$ 200, ainda é questionado por ele, levantando suspeitas de fraude. Na prática, o que estamos vendo é que as pessoas não estão conseguindo sequer acessar esse benefício, e muitos já estão passando fome.

Contra essas declarações absurdas de Bolsonaro, não podemos contar com nenhum “salvador” ligado à política patronal. STF, militares, Mourão, Doria e Maia são todos defensores dos capitalistas. O que precisamos é lutar para tirar eles, impondo com a força dos trabalhadores uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana para conseguirmos impor nossa própria saída para a pandemia e a crise.

 
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