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XENOFOBIA
STF abre inquérito contra declaração racista e xenofóbica de Weintraub contra chineses
Redação

O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, determinou na noite desta terça-feira, 28, a abertura de inquérito contra o ministro da educação Abraham Weintraub para apurar uma publicação claramente xenofóbica e racista do ministro em que insinuou que a China vai sair "fortalecida da crise causada pelo coronavírus, apoiada por seus ’aliados no Brasil’". A decisão atende a um pedido feito pelo vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros.

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"Quem são os aliados no Brasil do plano infalível do Cebolinha (personagem criado por Maurício de Sousa) para dominar o mundo?", escreveu Weintraub na postagem que em seguida apagou. Na publicação, o ministro usa uma imagem dos personagens da Turma da Mônica ambientada na Muralha da China e, substituindo a letra "r" pela letra "l", faz referência ao modo de falar de Cebolinha, para insinuar que se trata dos chineses.

Uma publicação completamente repugnante, que culpa a China e, por extensão todas as pessoas de ascendência chinesa, de ser responsável por criar a pandemia, que este mesmo ministro é parte daqueles que negam a sua seriedade. Weintraub é defensor ferrenho da volta às aulas em todo o país, em um momento onde as mortes parecem avançar cada vez mais, sendo contabilizadas mais de 5000 só ontem e ultrapassando o número de mortos na China.

Ao mesmo tempo que sua declaração é completamente repudiável, ainda mais frente ao seu negacionismo, que porá em risco a vida de milhares de professores, estudantes e trabalhadores da educação de todo o país, a abertura desse inquérito cumpre o papel de criar mais um instrumento de arbítrio do STF sobre o governo Bolsonaro.

No pedido enviado ao Supremo, Medeiros afirmou que as peças de informação revelam que o "Ministro de Estado da Educação, Abraham Bragança de Vasconcellos Weintraub, teria veiculado e posteriormente apagado manifestação depreciativa, com a utilização de elementos alusivos à procedência do povo chinês, no perfil que mantém na rede social Twitter".

A PGR pediu diligências como a preservação e a posterior obtenção dos dados referentes ao acesso que possibilitaram a prática supostamente delituosa, abrangendo, entre outros itens, os registros (’logs’) relacionados ao acesso do responsável pela postagem, bem como o e-mail usado por ocasião da criação do perfil @AbrahamWeint.

Na decisão desta terça, Celso de Mello determinou à PF que conclua as diligências em até 90 dias, em razão da pandemia do novo coronavírus. O ministro determinou ainda que Weintraub seja inquirido "independentemente de prévio ajuste quanto ao dia, hora e local para a realização de referido ato", prerrogativa conferida à vítimas e testemunhas.

O decano ainda afastou o sigilo dos autos. "Os estatutos do Poder, numa República fundada em bases democráticas, não podem privilegiar o mistério. A prática estatal, inclusive quando efetivada pelo Poder Judiciário, há de expressar-se em regime de plena visibilidade. Consequente afastamento, no caso, do segredo de justiça".

Nesse sentido, o inquérito busca criar um processo que desgasta uma das principais figuras ideológicas do governo Bolsonaro, ligados ao olavismo e ao trumpismo aberto, e dar ao STF mais um processo que coloca o andamento da crise política do governo na palma da sua mão.

Ontém, o ministro Celso de Mello também foi responsável pela autorização da abertura de investigações das declarações de Sergio Moro sobre Bolsonaro, que lhes fortalece o papel de controle dos seus excessos, em especial contra os governadores e outros agentes do que viemos chamando de “bonapartismo institucional”, como as cúpulas do judiciário e o Congresso. O STF já havia determinado, por unanimidade (algo raro para a corte), que os governadores e prefeitos seriam responsáveis pela abertura ou não do isolamento social, esvaziando o Executivo Federal de poderes a esse respeito. Foi assim que passou a dividir (não sem atritos) o papel de árbitro da crise política com a alta cúpula dos generais do exército, que praticamente assumiram o comando da pandemia, da formação de uma base de Bolsonaro no Congresso, e até mesmo na formulação das diretrizes econômicas do Planalto com o programa Pró-Brasil.

O Judiciário não indica saída alguma de todos aqueles que sentem ódio genuíno da xenofobia e negacionismo incessante desse time de olavistas no governo. É ele quem impôs duríssimas condições para os trabalhadores que enfrentam as consequências da pandemia, com suas vidas em risco autorizando a redução salarial, suspensão de contratos e desemprego. É mais do que necessário uma alternativa independente deste golpistas e bolsonaristas que agora se mordem e assopram mas estiveram juntos até então para degradar direitos democráticos e atacar as condições de vida da população trabalhadora e pobre.

O “Fora Bolsonaro” descolado de clamar pela derrubada de Mourão e dos militares acaba por beneficiar uma saída construída pelos “velhos” golpistas da Câmara e do STF, que acabaria por colocar nada menos que o reacionário defensor da Ditadura Militar na presidência e consequentemente os militares.

 
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