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CORONAVÍRUS
Equador e Brasil: a precarização da vida e uma resposta anti-imperialista à crise do coronavírus
Comitê Esquerda Diário Unicamp

Diante da pandemia do coronavírus, nos últimos meses os países subdesenvolvidos têm sido colocados à prova em diversos aspectos. Entre os países mais afetados da América Latina temos o Brasil em primeiro lugar com quase 46 mil casos confirmados, seguido por Peru, Chile e Equador, tendo esse último os casos mais emblemáticos como o de corpos em putrefação nas ruas.

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Entre o Equador e Brasil há várias semelhanças e, em meio a essa pandemia onde os casos de infectados e mortos pelo coronavírus aumentam a cada dia, escancara-se o fato de que o vírus não atinge todas as pessoas da mesma forma e de que o povo pobre acaba pagando a conta da crise.

O Equador se tornou manchete nos jornais por se encontrar em completa catástrofe social e sanitária, atualmente já são mais de 10 mil casos confirmados, só na província de Guayaquil (segunda cidade mais populosa do país) já são mais de 600 mortes em hospitais e mais de 800 que ocorreram dentro das próprias casas, casos em que as famílias acabam deixando os corpos nas ruas e calçadas pois o socorro não está sendo capaz de retirar todos. Cidadãos relatam na internet que estão sepultando pessoas em terrenos vazios pois o sistema funerário entrou em colapso, muitos túmulos foram lacrados como indigentes e outros foram retirados em caminhões frigoríficos para serem queimados.

No início da pandemia o governo do país fechou os olhos para os perigos da doença, liberando a realização de grandes eventos e circulação de pessoas em locais públicos. Esse fato, combinado a um sistema de saúde totalmente frágil está provocando milhares de mortes até hoje. Só após os hospitais ficarem sem capacidade de comportar os doentes foi que o governo passou a reforçar o isolamento, liberando até o uso da repressão policial para retirar as pessoas das ruas.

O presidente do país, Lenin Moreno, mesmo com crise em Guayaquil estando já em níveis alarmantes decidiu permanecer pagando fielmente a dívida externa com o FMI e outras entidades financeiras internacionais, que sugam as riquezas dos países subdesenvolvidos. Já foram desembolsados mais de 300 milhões de dólares em dinheiro do Estado para essas entidades em vez de ser direcionado a solucionar essa crise.

A realidade de uma das cidades mais pobres da América Latina, que tem um sistema de saúde extremamente precário e praticamente inexistente, tem cerca de 16% da população vivendo em periferias sem acesso aos serviços básicos como água e energia elétrica. Esse cenário se assemelha ao contexto brasileiro, o país que em 2019 chegou a 41,1% de trabalhadores na informalidade, sendo o pagamento da dívida pública de 2005 a 2018 mais de 1,12 trilhões de reais, verba essa que era destinada somente a saúde. Além disso, cerca de 31 milhões de pessoas não tinham fornecimento de água potável em casa - conforme o IBGE de 2018 - e 11,5 milhões de brasileiros também viviam em casas superlotadas, impossibilitando o isolamento social.

Veja também: É possível construir 1,3 milhão de leitos de UTI com o que a dívida pública drena da saúde

Sob essas circunstâncias vemos que é muito preocupante a situação da população que vive nas periferias devido à falta de distribuição de água potável e descarte irregular de esgoto nas comunidades. Já foram registrados muitos casos de coronavírus nas favelas do Rio de Janeiro e São Paulo, além dos casos nas cidades mais pobres de outros estados. Denúncias de funcionários da saúde no Rio afirmam que existem muitos casos subnotificados sendo registrados apenas como síndrome gripal por ordem do governo estadual, pela insuficiência de testes, já que os disponíveis estão sendo direcionados apenas a casos graves. Além disso, o Brasil também enfrenta a falta de leitos em alguns estados que é fruto de anos de sucateamento do SUS.

Os desdobramentos e impactos do coronavírus mundialmente, em especial na América Latina, nos mostram que: mais do que nunca é necessário levantar uma campanha por testes massivos para que haja um enfrentamento mais racional ao vírus, podendo haver um melhor mapeamento das pessoas que estão com a doença ou não. Também se faz de extrema necessidade o fim do pagamento da dívida pública e do FMI, que escoa todas as riquezas para os países imperialistas; é preciso que todo esse dinheiro seja remanejado para o combate ao COVID-19 com a construção de leitos e hospitais, assim como a reorganização da economia, para a produção de respiradores, máscaras e álcool em gel por indústrias sobre o controle dos trabalhadores.

As jornadas que ocorreram em outubro de 2019, quando o povo equatoriano derrotou o ataque de Lenin Moreno ao tentar implementar os ajustes do FMI, nos serve de exemplo de como é possível à partir da forças dos trabalhadores, indígenas, negros e mulheres, mostrar uma saída para essa enorme crise.

Temos como outro grande exemplo a união de grupos de pessoas que já mostram grande influência se organizando para promover ações de solidariedade à população, como a entrega de produtos de higiene nas favelas.

Assim mostra-se mais do que necessário a união da classe trabalhadora frente a esse cenário, apontando uma saída tanto à crise sanitária quanto à social, para enfrentar a exploração dos patrões que querem lucrar às custas do proletariado (como Bolsonaro e sua MP da morte) e dirigir os meios de produção ao combate ao coronavírus assegurando a saúde de todos.

 
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