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AMÉRICA LATINA
A América Latina sofrerá a pior recessão econômica de sua história, segundo a CEPAL: quem pagará a conta da crise?
Redação

São devastadores os números fornecidos pela CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), que prevê um declínio de 5,3% do PIB regional, marcando valores negativos históricos, com uma economia que já estava desacelerando, uma tendência que se acelera devido ao coronavírus. A questão natural que se coloca é: quem pagará os custos dessas crises econômicas e sociais?

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Texto publicado originalmente em espanhol no La Izquierda Diario, integrante chileno da Rede Internacional de Diários La Izquierda Diario, da qual o Esquerda Diário faz parte.

Ninguém ficou indiferente aos novos números divulgados pela CEPAL, que representam uma recessão histórica para a região, superando até a da grande depressão de 1929, onde a economia contraiu 5% do PIB regional.

Atualmente, até 2020, a agência prevê que a América do Sul contraia 5,2% como resultado da contração da China, um dos principais destinos das exportações de matérias-primas da região. Ainda, marca uma queda de 2,3% na América Central devido ao declínio do turismo e à redução da atividade nos Estados Unidos; e 2,5% no Caribe, principalmente devido ao declínio do turismo.

Essa queda abrupta marca um salto na projeção mais recente da CEPAL, que havia projetado um crescimento ínfimo de 1,3% no marco da desaceleração generalizada, e se situa em um contexto em que os números já eram preocupantes para o subcontinente, que acumulou um baixíssimo crescimento de 0,4% na média dos últimos 5 anos.

Por sua vez, o valor geral das exportações diminuiria 15% de acordo com o mesmo relatório, o que atingiria principalmente os países da América do Sul, que concentraram sua atividade econômica na exportação de bens primários.
Um cenário preocupante: mais pobreza, mais desemprego. Esses números marcam claramente um cenário catastrófico, não apenas para "as economias em geral", mas principalmente para os setores populares e para os trabalhadores.

Também está previsto um aumento considerável no desemprego, colocando a taxa de desemprego em torno de 11,5% na região, marcando um aumento de 3,4%.
Claramente, a política de Piñera, no caso do Chile, aumenta essas probabilidades, pois ele não apenas pretende, com sua lei de "proteção ao emprego", suspender o contrato para que o empregador seja liberado da responsabilidade de pagar o salário, como deu às empresas total liberdade para demitir seus trabalhadores em meio à pandemia. Os números de março no país são preocupantes: quase 300 mil demissões foram verificadas apenas nesse mês, aumentando 38% em relação a março do ano passado.

Ademais, a queda do PIB e o aumento do desemprego afetarão diretamente a economia familiar, aumentando os níveis de pobreza na região, atingindo um salto de 30,3% para 34,7%, enquanto a "pobreza extrema" aumentaria 2,5%, atingindo 13,5%.

E o que dizer no caso do Chile com seus altos níveis de endividamento das famílias, onde hoje veio à tona mais um dado preocupante: a dívida total das famílias representa um número histórico de quase 75% da renda disponível. Ou seja, 75% da renda dos trabalhadores pertence aos bancos.

Uma situação inevitável? Que a crise seja paga pelos capitalistas!
Para a CEPAL, isso ocorre porque o coronavírus "será a causa da maior crise econômica e social da região em décadas, com efeitos muito negativos sobre o emprego, o combate à pobreza e a redução da desigualdade".

Mas não se trata apenas do coronavírus. O vírus não destrói empregos, não gera economias dependentes da destruição do meio ambiente ou da pobreza extrema, não paga salários de fome nem enriquece os ricos graças à precariedade da grande maioria.

Isso tem responsáveis concretos. É o capitalismo e os capitalistas, seus governos e seus políticos. As mesmas pessoas que agora querem fazer com que essa crise econômica e sanitária seja paga pelos trabalhadores e pelos setores populares, com a suspensão de contratos de trabalho, demissões ou forçando-os a trabalhar sem proteção, enquanto as empresas estão cheias de bônus e créditos baratos.

Embora a CEPAL apresente uma possível recuperação rápida, isso se baseia em suposições pouco claras, negadas por figuras como Vittorio Corvo, ex-presidente do Banco Central, que afirmou categoricamente em uma entrevista ao La Tercera que: “Não vejo um recuperação em V da economia mundial ou no Chile, mas na forma de U”, insistindo em uma lenta recuperação econômica.

Enquanto falam sobre pobreza, recessão e desemprego, os grandes empresários mantêm seus enormes lucros e, no caso do Chile, Piñera garante que esse será o caso, como vimos com as enormes suspensões de contratos de trabalho. Os números poderiam chegar a 786 mil trabalhadores suspensos, inclusive por empresas multimilionárias como a Starbucks, que suspendeu os salários de 90% de sua equipe ou a La Polar, que fez o mesmo com 1.300 trabalhadores.

É necessário um programa de emergência para enfrentar a crise da saúde, começando com a suspensão de empregos não essenciais com pagamento integral dos salários aos trabalhadores e realizando testes gratuitos em massa para identificar o vírus.

Mas também para enfrentar os desastres econômicos que os capitalistas e seus políticos nos impõem. O povo trabalhador não pode pagar por esta crise! As demissões devem ser proibidas e qualquer empresa que vá à falência ou feche deve ser nacionalizada sob o controle de seus trabalhadores, para que não haja resgate aos negócios dos grandes empresários enquanto eles continuam a encher os bolsos.
Por sua vez, o pagamento da dívida externa deve ser suspenso imediatamente para enfrentar esta crise.

Mas essas medidas de emergência só podem ser eficazes se forem baseadas no planejamento racional da economia e da sociedade, com base nas necessidades sociais e econômicas das grandes maiorias trabalhadoras.

É por isso que devem estar ligadas a um programa e a uma saída conjunta dos trabalhadores e trabalhadoras, para que a crise seja paga pelos capitalistas, sob a perspectiva de que a classe trabalhadora possa reorganizar o país e a sociedade.
Um programa baseado, entre outras coisas, na nacionalização do cobre e dos recursos naturais sob o controle de seus trabalhadores, o fim das AFPs (Administradoras dos Fundos de Pensão) nacionalizando todas as aposentadorias nacionais, sob o controle dos trabalhadores e aposentados, e não dos especuladores que jogam com nossas pensões nem de políticos pagos pelos empresários.

Isso, juntamente com a nacionalização dos grandes bancos e a unificação em um único banco, sob o controle dos próprios trabalhadores, respeitando as poupanças e os depósitos de todos os pensionistas. Com esse sistema, poderíamos conceder empréstimos baratos a pequenos comerciantes, artesãos e empresas familiares que hoje estão em falência e são os mais sujeitos a abuso e usura bancária.
Esses são alguns dos pontos pelos quais lutamos pelo Partido dos Trabalhadores Revolucionários no Chile, juntamente com nossas organizações irmãs na América Latina, como o PTS na Argentina e a Rede internacional de Diários La Izquierda Diario.

 
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