www.esquerdadiario.com.br / Veja online / Newsletter
Esquerda Diário
Esquerda Diário
http://issuu.com/vanessa.vlmre/docs/edimpresso_4a500e2d212a56
Twitter Faceboock
CORONAVÍRUS
Orientações da OMS e a contrastante realidade argentina
Mirta Pacheco

A OMS adverte sobre medidas mínimas recomendadas para que os países comecem a desfazer a quarentena, além de reduzir ao mínimo o risco de surtos em hospitais. A crise nos sistemas sanitários segue em evidência, devida aos cortes dos governos.

Ver online

Estas medidas básicas propostas pela OMS se contradizem com as denúncias dos trabalhadores da saúde sobre a falta de materiais para evitar o contágio.

Enquanto o governo de Alberto Fernández anunciou a segunda etapa da quarentena (somando algumas exceções) será estendida até o dia 26 de abril, assim como em muitos países, na Argentina também surgem denúncias pela falta dos insumos básicos em todo canto para responder ao Sars-Cov-2, o que é conhecido mundialmente como coronavírus.

O diretor da OMS, Tedros Adhanom, falou ao meio dia da segunda-feira sobre as medidas que os países devem contemplar para ir reduzindo o tempo de quarentena, até acabar com ela. Na terça-feira foi publicado um guia com este conteúdo.

Referiu-se especificamente que a transmissão deve estar controlado. Mas isso é praticamente impossível, sem os testes massivos para isolar efetivamente e proceder no estudo de cada contato dos indivíduos afetados. São passos necessários a serem seguidos, que os países da região não estão levando adiante, questão que inclui o governo argentino.

Na Argentina, o governo vem anunciando, por meio do seu ministro de Obras Públicas Gabriel Katopodis, a construção de de 12 hospitais modulares de emergência, com 24 camas de terapia intensiva em cada um e 46 de internação comum.

Somente para cuidados intensivos (UTI) isso represente apenas 288 camas a mais, para todo o país. Existirão 5 no interior (em Chave, Grande Córdoba e Grande Rosáio) e 7 na região metropolitana de Buenos Aires.

Parece pouco. O governo vem defendendo que o sistema sanitário argentina dispõe de quase 221 mil camas de internação em todo o país, desta quantidade 8.293 pertencem às UTI. Mas este número global, quando é destrinchado, evidentemente é uma armadilha.

Primeiro porque este total inclui o sistema privado de saúde (clínicas e sanatórios) e já pudemos ver como frente a um débil fingimento por parte do Ministro da Saúde, Ginés González García, de unificar o sistema público e privado, a câmara empresarial deste ramo freou qualquer tentativa de avançar com esta medida, elementar se se quer enfrentar seriamente a pandemia.

Mas além disso, obviamente estas camas, tanto o número total, quanto as de cuidados intensivos, não estão todas disponíveis, porque são ocupadas por pacientes com outras patologias. Ou seja, o número não é este e a população não está recebendo uma informação real e concreta de com qual número pode realmente contar.

Além disso, a recomendação da OMS é de 8 camas a cada 1000 habitantes e na Argentina existem 5.02. Com muitas diferenças segundo a região do país, por exemplo o NEA conta com 3.59 camas para cada 1000 pessoas e o NOA com 3.94.
Estes índices e reivindicações dos trabalhadores da saúde se dão nos marcos de um sistema sanitário em crise, produto das políticas de ajuste de diferentes governos, especialmente os das últimas décadas.

Voltando à conferência de imprensa do Diretor da OMS, também falou de muitos países que utilizam a quarentena como uma desculpa para ir contra as liberdades democráticas da população: “Pedimos aos países que não utilizem medidas de distanciamento em detrimento aos direitos humanos”.

Isso pudemos ver amplamente na Argentina, com as forças repressivas (sobretudo no interior do país e na região metropolitana de Buenos Aires) encorajadas a reprimir e prender majoritariamente jovens.

Também falou da falta de insumos médicos a nível global, sobretudo em países dependentes: “Existe uma falta global de recursos; estamos trabalhando com a indústria privada para aumentar a oferta e garantir uma distribuição equitativa”.
Mas frente a isso, o que não disse é como os países imperialistas estão rapinando estes recurso, roubando-os e prejudicando os países dependentes.

Frente a esta pandemia continuam sendo os trabalhadores, sobretudo os da saúde, os que alertam sobre a escassez de recursos.

Mas sobretudo, são os que começam a defender como enfrentá-la (com a nacionalização de todo o sistema de saúde sob controle das trabalhadoras e trabalhadores, cientistas e técnicos e a necessidade de readequar a indústria para a fabricação de respiradores e outros insumos essenciais) para que não sejam as grandes maioria as que perderão esta corrida.

Publicado originalmente no La Izquierda Diario Argentina, integrante da Rede Internacional La Izquierda Diario, assim como o Esquerda Diário.

 
Izquierda Diario
Redes sociais
/ esquerdadiario
@EsquerdaDiario
[email protected]
www.esquerdadiario.com.br / Avisos e notícias em seu e-mail clique aqui