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Centrais sindicais apoiam os ataques aos trabalhadores de Maia, governadores e Bolsonaro
Marcella Campos

É absurdo e nefasto o que tem feito as centrais sindicais brasileiras. Elas apoiam as ações não somente de Doria, Witzel e Maia, mas até mesmo de Bolsonaro.

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A cada dia que passa fica mais evidente como há um número crescente de pessoas adoecidas, o número oficial de contaminados, sem testes massivos é mentiroso. Também fica evidente a cada dia que as patronais estão demitindo a torto e direito e quando não estão demitindo estão promovendo agressivos ataques aos trabalhadores. Bolsonaro dia-a-dia sabota a prevenção da população por mais que fale outra coisa nos pronunciamentos. Os governadores tentam se dizer preocupados mas não garantem nem testes massivos nem leitos e juntos de Bolsonaro aplaudem os ataques aos trabalhadores, para “salvar a economia”. Nesse marco é absurdo e nefasto o que tem feito as centrais sindicais brasileiras. Elas apoiam as ações não somente de Doria, Witzel e Maia, mas até mesmo de Bolsonaro.

Depois de uma completa inação as centrais sindicais já soltaram dois comunicados públicos, em um primeiro chamam o Congresso a tomar à frente das medidas, e dentro dele dizem apoiar explicitamente os governadores. Ou seja, depois de sumirem e deixar os trabalhadores para lidar com a sede de lucros dos patrões, sem EPIs sem nada, o que caberia aos trabalhadores é ser base de apoio de Maia, articulador da reforma da previdência, ou aplaudir os esforços de Doria que nem dois meses atrás estava mandando massacrar professores na ALESP para promover a reforma da previdência, ou de um Witzel que diz que a polícia tem que mirar “na cabecinha” dos negros e atirar. Ontem, em nova nota, conseguiram levar o descalabro a novas alturas.

Ontem as centrais sindicais CUT, Força Sindical, UGT, CTB, Nova Central e CSB se reuniram e publicaram um documento intitulado “O acordo coletivo é fundamental para superar a crise”, nele afirmam com todas as letras que as medidas de Bolsonaro na MP da Morte 2.0 são “insuficientes, ou seja, corretas mas parciais. Mas como pode ser correto medida que salvam os lucros mas não os empregos? Que permitem perdas salariais em meio a uma pandemias, medidas que ajudam as patronais economizem recursos e que os trabalhadores tenham nenhuma garantia, e mais, uma MP que oferece absolutamente nenhuma medida de proibição de demissões, mas somente de como as patronais serão compensadas por alguns meses e como os trabalhadores que elas não quiserem pagar o salário integral terão garantia por alguns meses. Tanto na MP como na escandalosa posição das centrais não há nenhum impedimento a demissões.

As patronais podem e estão demitindo em meio à crise. A MP “insuficiente” do genocida Bolsonaro não fala nada disso, só ajuda a patronal que preferir cortar salários. Aí diante disso o que dizem as centrais? Falam na necessidade de acordo coletivo, mas nem sequer dizem “não ao acordo individual”, falam em compensação para manutenção integral do salário e prorrogação do seguro-desemprego para os demais. As definições de chapa-branca estão sendo atualizadas a cada dia!

O contexto de pandemia só agrava a atuação em prol de governos e patrões por parte das centrais

A profunda crise mundial do coronavirus e, consequentemente, o aprofundamento da crise econômica, que já vinha corroendo a vida dos trabalhadores, deixa nítida como mais velada ou escancaradamente as centrais sindicais apoiam as medidas dos governos para que sejam os trabalhadores a pagar pela crise, e que no máximo preocupam-se na manutenção de seu papel institucional de mediadores. Isso coloca a urgência do debate de qual programa defender para responder a altura às necessidades e demandas dos trabalhadores, em meio a pandemia, ajustes e ataques aos direitos da população. Sabemos que a crise sanitária só se intensificou nessa magnitude por consequência da crise capitalista de 2008 e dos anos de ajustes neoliberais em áreas essenciais como a saúde e a previdência social. Por isso é urgente que as centrais sindicais do país, como CUT e CTB (PT e PCdoB), além de Força Sindical e UGT, rompam imediatamente com colaboração com os ataques, que na pratica abandona os trabalhadores aos desejos de lucros patronais e ajuda dos governos aos patrões, para enfrentar as imbricadas crises econômica e sanitária, sem contar com uma de suas ferramentas históricas, os sindicatos.

Desde que a pandemia chegou ao Brasil a resposta de Bolsonaro e Guedes foi por um lado negar a gravidade do problema e por outro impor como única solução intensificar os ajustes. Entre essas medidas está a chamada MP da morte, que continha o fatídico artigo 18 que previa a permissão de empregadores de suspenderem contratos com trabalhadores por 4 meses sem salário, agora foi criada uma MP da Morte 2.0 que garante alguma compensação pelo Estado, mas com perda salarial e garantia de lucros para os patrões, e um direito dos patrões que significa miséria e apreensão aos trabalhadores nunca foi tocado, nem mesmo pelas centrais, seu direito de jogar no olha da rua quem se sustenta, sustenta uma família. O show de horrores de Bolsonaro escancara que não teve a menor vergonha de dizer publicamente que preferem algumas milhares de mortes da população a deixar de lucrar aos montes, como disse o dono do restaurante Madero e outras patronais que defendem a mesma linha de Bolsonaro de sequer tentar diminuir o contágio. A oposição saúde e empregos é mentirosa, se trata para eles de defender um lema “lucro acima tudo, patrões acima de todos”.

Bolsonaro tenta usar o medo e a incerteza dos trabalhadores informais e precários de como vão sustentar suas famílias no próximo período, mas a completa ausência de medidas concretas de combate a pandemia no país e os ataques para preservar os lucros patronais é que de fato ameaçam a vida dos trabalhadores. As centrais sindicais ao se contentarem com um país dividido entre os trabalhadores que pode fazer quarentena e os que seguem trabalhando sem que governos e patrões forneçam qualquer proteção básica, como água, sabão, áascaras e álcool em gel, mas também sem batalhar por testes massivos e aceitar que as patronais possam demitir e não levantar nenhum programa para tirar dos lucros e do não pagamento dívida pública recursos para garantir recursos para a saúde e uma renda no mínimo, igual a média salarial nacional de R$2mil, deixam Bolsonaro e Maia como os verdadeiros defensores desses setores informais, precários, terceirizados e autônomos. E mais, a todos milhões que estão sofrendo ou cortes salariais ou já sofreram demissões, eles dizem nada. É a parte não declarada do acordo que as direções das centrais tem com os patrões para que sejam os trabalhadores a pagarem pela crise. Como ficarão os trabalhadores quando acabar o seguro desemprego? Esse corporativismo longe de unir as fileiras de todos os trabalhadores e colocá-los como sujeitos que respondam as crises, enfraquece uma saída independente e fortalece Bolsonaro junto a uma parcela importante da população e deixa cada trabalhador indefeso diante do seu patrão que agora usa a pandemia como desculpa para garantir seus lucros as custas de nossa saúde, nossos salários e direitos.

Enquanto Bolsonaro zomba em rede nacional da vida das pessoas, os governadores do país, liderados por Doria com sua obsessão em ser o próximo presidente em 2022, tentam mostrar serviço no combate ao coronavirus, mas com medidas totalmente insuficientes, como a quarentena total sem a promoção de testes massivos, já que pesquisas mostram que a maioria dos transmissores não apresentam sintomas ou estão na fase pré-sintomática da doença, ou o ridículo auxilio de R$55,00 para os alunos que estão sem receber merenda nas inúmeras regiões periféricas da do estado de São Paulo. Somente os testes massivos podem dar base para uma quarentena racional e organizada, sabendo quem de fato necessita de isolamento. Enquanto isso muitos seguem trabalhando sem saber se são vetores assintomáticos do COVID-19, indo aos seus locais de trabalho e retornando todos os dias para suas casas e seus familiares cumprindo quarentena. Assim, Doria e os governadores não implementam medidas básicas, mas indispensáveis para evitar o adoecimento de centenas de pessoas. Mesmo assim as centrais sindicais dizem apoiar todas as medidas dos governadores, Lula elogia Doria no twitter e em lives. Qual desses senhores consegue sustentar seu filho sem merenda com R$55 que seu elogiado Doria oferece?

Já o congresso de Maia e Alcolumbre tampouco pode ser alternativa para os trabalhadores, como chegou a reivindicar a penúltima nota conjunta das centrais sindicais. Maia anunciou que seu objetivo era cortar em até 50% o salário dos servidores públicos, entre eles os professores e profissionais da saúde, os mesmos que nesse momento arriscam suas vidas, sem EPIs muitas vezes, pela vida da população.

De Bolsonaro a Maia, apesar das fissuras, há uma grande convergência: não afetar os lucros bilionários dos empresários e bancos, garantir integralmente o “direito” das patronais de se desfazerem de trabalhadores excessivos, os mesmos que precisarão se amontoar em hospitais sem leitos e respiradores suficientes. Enquanto aprova uma renda mínima para a população garante auxílios máximos para os capitalistas, mesmo que custe a vida dos trabalhadores, seja pela pandemia ou pela fome. Um estudo da Folha afirma que até semana passada de todos anúncios bilionários do governo diante da crise só 6% se destinavam à população, todo o restante, 94%, iria para os patrões. Essa quantia deve ter mudado ligeiramente com os pacotes dessa semana, mas a essência segue a mesma.

MP da Morte 2.0 é “insuficiente” ou é preciso um programa independente dos governos e dos empresários?

Por isso é inaceitável e escandaloso que as centrais sindicais e seus sindicatos soltem uma nota com o título “congresso assuma o protagonismo” ou depois dizerem que a MP da Morte 2.0 é “insuficiente”. Ela é criminosa contra os trabalhadores, do começo ao fim, não correta e que precisaria de tal ou qual melhoria. O único protagonismo que Maia e governadores podem ter é na aprovação de ataques contra os trabalhadores, como demonstraram todas as vezes que tiveram oportunidade. Não esqueçamos o choro de alegria de Maia ao aprovar a reforma da previdência.

É fato que a crise pode agravar ainda mais os já alarmantes índices de desemprego no país, pela ganancia dos empresários, protegidos pelo Estado, mas a resposta a isso só virá com um programa sério de defesa dos trabalhadores. Por que até agora as centrais sindicais não defenderam que se aprove uma lei anti-demissão? Porque nem sequer dizem “não à negociação individual”? E a criminosa divida pública, que tira bilhões todos os meses do país direto para os cofres de bancos e dos imperialistas, quando será contestada pelos sindicatos?

Sem apontar claramente a saída para o caminho de independência de classe e com os trabalhadores como sujeitos, mais do que ter uma atuação absurda, CUT e CTB jogam água no moinho de Doria, em primeiro lugar, mas também de Witzel, Zema, Ibanês e os demais governadores e agora até mesmo de Guedes e Bolsonaro e sua “MP insuficiente”. As centrais sindicais do país tem a obrigação de usar todo seu aparato para denunciar as insuficiências e as demagogias de Doria, os governadores e Congresso. Além de não deixar que Bolsonaro apareça como quem responde aos anseios da população mais precária.

A tarefa número 1 que as centrais sindicais e seus sindicatos precisariam se dar nesse momento é uma gigantesca campanha de exigência aos governos de testes massivos, para todos sintomáticos, todos que conviveram com algum sintomático, todos que seguem obrigados a trabalhar, e assim organizar a quarentena e diminuir drasticamente o contágio do COVID-19. A aprovação da renda mínima no congresso era necessária, mas sabemos o quão insuficiente é, por isso CUT, CTB e as demais centrais precisam exigir um conjunto de medidas que garantam emprego e salário para todos, bem como atendimento médico aos que precisam. Medidas como a revogação completa da MP da Morte 2.0 (MP 936) e da lei do teto dos gastos, além da isenção das contas de luz, água e comunicação para as famílias trabalhadoras, congelamento do preço dos alimentos e do gás de cozinha e a imponha por uma lei que proíba as demissões e suspensão ou diminuição dos salários. Porém, nem sequer de “seus” governadores do PT e PCdoB as centrais exigem a proibição de demissões.

Se as centrais sindicais não passarem a se enfrentar com os interesses empresárias e dos governos nesse momento histórico deixarão mais uma vez os trabalhadores sem alternativa, ou pior, perdendo empregos, salários, direitos e vendo saída em Bolsonaro, Guedes, Maia, Doria e cia, enquanto adoecem pelo descaso e a negligência com suas vidas.

Em cada local de trabalho que segue funcionando os sindicatos precisam começar a organizar os trabalhadores para exigir o mínimo de segurança e passar a debater e discutir essas propostas, surgindo assim forças dos trabalhadores que imponham a garantia de segurança sanitária, empregos e direitos, que se coordenem com outros setores que seguem trabalhando e que incorporem aqueles que queiram se ativar na maneira que for possível nas condições de isolamento social e assim passar a colocar de pé a independência política dos trabalhadores, que de fato podem dar um basta na ganância dos capitalistas para salvar vidas, empregos e direitos.

É natural que grande parte da população se sinta mais segura, pela ausência de medidas mais contundentes dos governos, garantindo o isolamento social e a quarentena, mas para as centrais sindicais isso é usado como desculpa para sua inércia ou apoio às medidas de Maia e os governadores e ficar estritamente nos marcos das quarentenas atuais, sem testes, sem a eficácia possível do século XXI. Nós do Esquerda Diário batalhamos para que essa não seja a única medida apresentada aos trabalhadores, por isso colocamos todos os esforços e conteúdo do nosso diário para exigir testes massivos, denúncia o descaso de governos e capitalistas com a segurança de quem ainda está trabalhando. Com denúncias operárias, em lives, textos, debates on line sobre a situação nacional e internacional com uma leitura independente dos governos e patrões, também chamamos a todos os estudantes e trabalhadores que não aceitam naturalizar essa situação de miséria de falta de testes, leitos, respiradores e renda que o capitalismo nos reserve. Para quem está em quarentena e para quem também está trabalhando estamos construindo comitês virtuais que possam levar essas exigências as centrais sindicais e a desmascarar a demagogia do congresso, Maia, Doria, Witzel e companhia para toda a população, pois para garantir vidas e empregos é precisa enfrentar-se com o capitalismo e seus governos.

 
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