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MINAS GERAIS
Governo Zema esconde mortes e casos de coronavírus em MG não realizando testes suficientes
Redação

O acompanhamento da crise e os informes epidemiológicos divulgados pelo estado de Minas Gerais são um verdadeiro escândalo, que a grande mídia também ajuda a esconder. Com quase 40 mil casos suspeitos de COVID-19, apenas 370 estão confirmados, denotando uma imensa subnotificação, que Zema usa para esconder os casos e mortes por coronavírus no estado de Minas Gerais.

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Romeu Zema (NOVO) e outros governadores, como João Doria (PSDB) de São Paulo, não apoiam a orientação genocida de Bolsonaro frente ao coronavírus mas encontraram uma nova maneira de “resolver” o problema da pandemia da COVID-19: esconder as mortes e os casos da doença.

Segundo consta no Informe Epidemiológico de ontem (2) da Secretária da Saúde do Estado de Minas Gerais, nos últimos 10 dias a COVID-19 cresceu em Minas Gerais: os casos suspeitos tiveram aumento significativo, de 4 mil subiram para quase 40 mil.

Mas se por um lado não são todos esses casos que serão casos efetivos da doença, a discrepância entre os números suspeitos e o número de casos confirmados é escandalosa, e mostra a imensa irresponsabilidade do governo Zema que joga dados com as vidas da população, especialmente dos mais pobres que dependem exclusivamente do sistema público superlotado caso tenham risco de morte pela COVID-19.

Do total de 2.400 testes realizados até segunda-feira, dia 30, foram confirmados 261 casos, o que nos dá uma taxa de 10,87%. Uma taxa relativamente baixa à primeira vista.

Mas ao aplicarmos essa taxa ao número de casos suspeitos ontem, 39.084 casos, temos a projeção de 3.595 casos de Covid-19 no estado de Minas Gerais, um número quase 10 vezes maior do que os casos confirmados pelo governo Zema.

Reprodução de trecho do Informe Epidemiológico oficial do governo Zema, que pode ser acessado aqui.

Isso mostra como os dados relatados pelo informe são totalmente inconsistentes e como é urgente a aplicação de testes massivos na população, testando todos que têm quaisquer sintomas, pessoas que tiveram relação com esses sintomáticos, trabalhadores da saúde e todos os trabalhadores que seguem trabalhando ou que voltem ao trabalho, e que pra isso seriam necessários centenas de milhares de testes, e não os míseros 1.800 testes por dia prometidos pelo governo Zema e até agora não entregues (!).

Essas são as orientações da própria Organização Mundial de Saúde, que no combate ao coronavírus pede “testes em massa”, uma medida elementar de prevenção e tratamento da pandemia que o governo federal, governadores e prefeitos têm se recusado a garantir no Brasil.

Mas a subnotificação ainda aumenta a base de cálculo – o número de casos suspeitos – numa proporção gigantesca. Em São Paulo, na semana passada, um hospital da rede privada ocultou casos pra preservar sua imagem. Coveiros denunciam em São Paulo que estão expostos, pois enterram 30 pessoas por dia que faleceram por doenças respiratórias e não foram testadas. A prefeitura de São Paulo, comandada por Bruno Covas (PSDB), ordenou a postos de saúde que subnotifiquem os casos de COVID-19. A subnotificação é a forma que os governos encontraram para evadir do combate à pandemia.

Médicos e trabalhadores da saúde de várias cidades e estados do país afirmam que que a subnotificação é “gigantesca”, e também a falta de testes, particularmente nas capitais do país com maior densidade populacional.

No Recife, por exemplo, um médico estima que para cada 1 notificação formal, podemos ter até 40 casos suspeitos, o que ampliaria para quase 160.000 os casos suspeitos e para mais de 17.000 o que estão com a doença hoje em Minas Gerais.

Sobre os testes, em coletiva de imprensa no começo da semana, o secretário da Saúde de Minas Gerais, Carlos Eduardo Amaral, prometeu, para essa semana, 1.800 por dia, que são ainda somente promessa. Mesmo usando os dados subnotificados do governo estadual, com essa quantidade de testes, seriam necessários mais de 20 dias pra testar todos os casos suspeitos, considerando que a doença não se alastrasse mais, o que é um cenário bastante improvável, tendo em vista que uma parte da população está sendo obrigada a trabalhar e, portanto, sob o risco iminente de propagar o vírus. Com o número de casos que calculamos aqui e essa quantidade de testes, seriam necessários mais de 80 dias para testar todos os casos suspeitos.

Esses cálculos mostram como a principal medida de Romeu Zema para “mostrar serviço” contra a pandemia, o isolamento parcial sem testes massivos para a população, é uma medida ineficiente. A falta de testes e, consequentemente, a subnotificação, são também um problema grave para os que estão na linha de frente do combate pandemia: os trabalhadores da saúde.

Enquanto ouvem a demagogia e os inéditos “elogios” dos governantes ao seu trabalho, as trabalhadoras e trabalhadores da saúde atuam sem saberem quem está ou não doente, ficam “no escuro”, como confirma a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade e também várias denúncias de profissionais da saúde que sofrem com a falta equipamentos, UTIs e quantidade de quadros para enfrentar a crise em um cenário subdimensionado de pessoas doentes.

É preciso testar massivamente a população de Minas Gerais e de todo o país. Mas não só. É necessário garantir todas as condições para um combate efetivo à pandemia, e não somente com promessas ao vento e isolamento parcial e inefetivo, como têm feito o governo Zema e os prefeitos como Kalil (PSD) em Belo Horizonte.

Para garantir a manutenção do isolamento social sem perda de renda e rebaixamento das condições de vida, é necessário dar licenças remuneradas para todos trabalhadores de serviços não essenciais; proibir as demissões e dar uma renda mínima de R$ 2.000 para os desempregados e trabalhadores que perderam sua renda, custeado pelo imposto progressivo às grandes fortunas.

Garantir moradias para todos que não tenham acesso a moradia digna, saneamento básico e água encanada, utilizando grandes hotéis para isso, é urgente em um país que tem 31,3 milhões de pessoas sem água encanada, o que não é diferente em Minas Gerais e nas grandes favelas e aglomerados da Região Metropolitana de BH.

Transformar a produção das fábricas de produtos que não são essenciais agora para produção de equipamentos de saúde, como respiradores, máscaras, aventais, luvas, álcool em gel e sabão, já que trabalhadores da saúde denunciam por todo país falta de insumos básicos para proteção própria e de pacientes, como ontem no Hospital João XXIII em Belo Horizonte.

Além do investimento imediato para ampliação dos leitos, dos leitos de UTI e para contratação de mais trabalhadores da saúde, é preciso unificar todo sistema de saúde em um sistema 100% estatal controlado pelos trabalhadores.

 
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