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PETROBRÁS
Petrobras expõe trabalhadores ao Coronavírus e persegue grevistas: como se organizar para responder
Leandro Lanfredi
Rio de Janeiro | @leandrolanfrdi
Rita Frau Cardia

A Petrobrás segue deixando os petroleiros expostos ao coronavírus sem testes para todos os petroleiros (sendo que já tem casos de infectados confirmados e dezenas, se não centenas de casos suspeitos, mas que o Estado não fornece testes), fazendo com que petroleiros de plataformas sigam ainda numa quarentena em hotéis e mais tempo em alto mar sem a menor segurança sanitária na epidemia, sem testes, em nenhum lugar há EPIs elementares como máscaras N95 e até álcool gel falta. E junto das empresas terceirizadas coage os trabalhadores terceirizados a retornarem ao trabalho nos terminais aquaviários como o Terminal Aquaviário da Baía da Guanabara (TABG), Terminal da Baía da Ilha Grande (TEBIG), entre outros. Enquanto isso a empresa vem tomando medidas repressivas em meio à crise do Covid-19 passando por cima inclusive do acordo estabelecido no Tribunal Superior de Trabalho (TST) pós greve de fevereiro que se comprometia em não demitir e nem punir nenhum trabalhador.

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De acordo com dados divulgados pela Federação Nacional de Petroleiros (FNP) são 6 demissões na P-67 e 5 suspensões de 14 dias na P-66, ambas do Litoral Paulista e 2 demissões no serviço de controle remoto na P-55 e 4 suspensões de 14 dias no mesmo serviço da mesma plataforma, que se localiza no Espírito Santo. O sindicato do Norte Fluminense (FUP) denuncia outras demissões em plataformas de sua base, o sindicato de Pernambuco idem, e o sindicato de São Paulo (também da FUP) denunciou punições nas refinarias de Mauá, Paulínia e na Termelétrica de Três Lagoas (MS). Todas essas punições são de grevistas, a administração bolsonarista da empresa tenta amedrontar a categoria frente a imensos ataques que prepara.

Todos esses ataques demonstram que a Petrobrás está se aproveitando da crise do Coronavírus para atacar a categoria que fez a primeira greve nacional no governo Bolsonaro. Os ataques se concentram justamente em setores que cumpriram um papel de vanguarda na greve, enfrentando-se com a política privatista da Petrobrás dos lambe botas do imperialismo como Bolsonaro, Guedes e o presidente da empresa Castello Branco.

Com aprofundamento da crise econômica mundial que tem como fator acelerador e detonante a pandemia, a indústria do petróleo se encontra em um dos momentos de baixa histórica do preço do barril, correspondendo aos números mais baixos em 17 anos. E assim como empresas imperialistas de petróleo e gás, a Petrobrás para manter seus lucros, adota a política de desinvestimento e agressivo corte nos direitos da força de trabalho, encerrando contratos de terceirizados e cortando direitos de petroleiros próprios, o que significa descarregar a crise nas costas da classe trabalhadora.

Se antes da crise sanitária e aprofundamento da crise econômica, o projeto do Bolsonaro e Guedes era de privatização de várias unidades em terra, recentemente a empresa já está tomando medidas de hibernação de unidades em águas rasas, como a plataforma do Ceará e que estão encaminhando para as outras plataformas de águas rasas localizadas no Rio Grande do Norte, Sergipe e Norte Fluminense, o que significará mais ataques sobre os trabalhadores. Se depender da empresa já sabemos com a FAFEN o que fazem com os petroleiros, com demissões, abrindo ainda mais o caminho para uma futura privatização.

Enquanto isso a Petrobrás está propondo a seus acionistas triplicar o teto para o pagamento de bônus à sua diretoria. Já protocolou um documento com essa proposta no dia 20/03 e debaterá com os acionistas em abril esse aumento que significa 26,6% na projeção de gastos com salários e benefícios dos executivos. Esse valor equivale a 11,8 milhões de reais enquanto não garantem teste para qualquer petroleiro e ainda está deixando de pagar as horas extras, ou seja, cada petroleiro obrigado a dobrar num turno devido ao afastamento de um colega por suspeita de COVID-19, trabalhará de graça, o petroleiro que ficar embarcado mais uma semana idem. Direto do seu home office com milhões de reais a mais os diretores determinam que os trabalhadores trabalhem de graça e sem testes.

Por isso é fundamental que os petroleiros retomem as lições que tiveram na greve em fevereiro e desde já se organizem em cada local que segue trabalhando e se coordenem nacionalmente para enfrentar a crise do Coronavírus e os ataques na Petrobrás. Sem esta organização, local e a sua vez nacional, ninguém nem consegue mapear quantos casos de contaminação já ocorreram ou quantas demissões e advertências já ocorreram, a empresa se aproveita do momento da pandemia. A política da empresa só reafirma que querem descarregar a crise entre os trabalhadores e que para isso não medem esforços para tomar medidas desumanas que custem a vida de cada trabalhador e seus empregos. O que só comprova que o remanejo da produção feito pela Petrobrás só serve para garantir os lucros dos capitalistas e dos altos executivos da empresa e não está à serviço da população e da classe trabalhadora.

Por isso desde o Esquerda Diário propomos:

  • Assembleias onde for possível e a criação de comitês de emergência sanitária em cada unidade compostos por petroleiros próprios e terceirizados para exigir testes massivos a todos trabalhadores que se contaminaram, os que conviveram com estes e todos que seguem trabalhando já e que possam realizar recorrentemente. Exigir todos os equipamentos de segurança como máscaras, álcool em gel e tudo que for necessário para maior proteção de quem segue trabalhando. Esse comitê também deve servir para que os petroleiros pensem todas medidas imediatas de segurança e higiene, as escalas e jornadas de trabalho, e a avançar a questionar as programações de parada de manutenção e de produção, se estas são efetivamente necessárias ou se submetem mais trabalhadores a riscos na pandemia sem oferecer nada de emergencial à população.

A partir da coordenação, desde a base, unificando a categoria dividida em centenas de unidades, dezenas de sindicatos e duas federações, centralizando informações dispersas poderiam se tornar conhecidas, e exemplos de controle sobre a produção, para garantir segurança sanitária, poderiam se expandir, rumando a questionar as diferenças de rumo que a empresa controlada pelos diretores e gerentes tem e qual teria sob administração democrática dos trabalhadores. Se hoje há riscos sanitários, demissões, privatização e uma produção completamente por fora das necessidades nacionais no combate à pandemia, nas mãos dos petroleiros a empresa poderia ser reorganizada para fornecer gás de cozinha à população, produzir insumos hospitalares e tantos outros produtos petroquímicos de primeira necessidade.

  • A FUP e FNP deveriam impulsionar uma forte campanha por testes massivos já em todo o país, para pessoas sintomáticas, aquelas que conviveram com estas e todos que seguem trabalhando e exigir das centrais sindicais (CUT e CTB e também a CSP-Conlutas) que seja uma campanha nacional e impulsionada por todos os sindicatos. A FUP e FNP também deveriam impulsionar uma campanha contra as demissões na Petrobrás. Denunciando como essa violenta prática anti-sindical é uma preparação para a entrega de recursos naturais do país ao imperialismo.

A auto-organização dos petroleiros é fundamental para enfrentar a crise tomando as decisões em suas mãos e para debaterem a necessidade de assumirem o controle da produção para defender suas condições sanitárias mas também para que essa se reconverta para produzir mais gás de cozinha para a população que já sofre em várias cidades com a falta ou preços abusivos desse item de primeira necessidade, produzir insumos hospitalares necessários e até mesmo álcool gel (como já propusemos que a Fafen tenha esse destino), e que nenhum trabalhador seja demitido fazendo com que a produção esteja à serviço de enfrentar a crise da pandemia em benefício do povo pobre e trabalhador.

O destino de riquezas nacionais como o petróleo vincula-se à defesa de uma Petrobras 100% estatal e administrada democraticamente pelos trabalhadores, do mesmo modo que para salvar vidas é necessário unificar todas capacidades hospitalares, clínicas, laboratoriais existentes no país, centralizando a saúde pública e privada em um Sistema Nacional Único, estatal e sob controle dos trabalhadores da saúde, construindo novos leitos e contratando profissionais da saúde que estejam desempregados. Um salário de R$ 2 mil reais (tomando a média salarial do setor privado da PNAD-IBGE de dezembro de 2019) por pessoa que esteja sem renda, na informalidade ou desempregado, como medida emergencial, a partir da taxação das grandes fortunas.

O Esquerda Diário vem dando a batalha em todos os locais de trabalho e estudo, especialmente os sindicatos, presencialmente em setores essenciais que não podem parar ou que as patronais em sua sede de lucro não permitiram parar, em outros ainda que virtualmente, para que lutemos unificados por testes massivos já. Todos os programas como lives, podcasts, canal no youtube que temos desenvolvidos queremos que estejam à serviço de ajudar a classe trabalhadora a erguer uma resposta que se contraponha ao negacionismo bolsonarista mas se enfrente também com os governadores e outros capitalistas que apoiam ataques de Bolsonaro aos trabalhadores e mesmo que atuem diferente nas quarentenas não garantem medidas elementares, como testes massivos, para que estas sejam mais efetivas.

Batalhamos por ser a imprensa que mais dá vazão para as denúncias dos trabalhadores e voz às lutas operárias, como estivemos presentes na greve dos petroleiros e ecoamos recentemente o grito dos trabalhadores de telemarketing contra o descaso das patronais a sua proteção da pandemia. Fazemos um chamado à cada petroleiro próprio e terceirizado a colocar sua energia a fortalecer essas ideias, atuando como colaborador e construindo os Comitês Virtuais do Esquerda Diário em sua cidade, estado ou categoria, para nos reunirmos para debater politicamente a situação política atual e fortalecer uma resposta anticapitalista diante da crise econômica, sanitária e política de nosso país.

 
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