Diante a situação mundial de crise em que estamos vivendo, vemos claramente o sistema em que nos inserimos se desmantelar e se desfazer diante a falta de bases fixas. Diante a campanha do presidente Jair Messias Bolsonaro, em que o slogan é “O Brasil não pode parar”, vemos claramente como a economia e o dinheiro se colocam constantemente como prioridade e importância em relação às pessoas. Essa irresponsabilidade reflete diretamente nas vidas das pessoas, quando elas não têm opções e são obrigadas a seguir trabalhando, ou perdem seus empregos.

Esse é o caso de uma operadora de Telemarketing em Curitba que relata a seguinte situação em seu trabalho: “tem 4 casos suspeitos e 1 deles dizem ser confirmado mas a garota não levou o laudo ainda pra confirmar, são 6 andares só no meu prédio com uns 250 funcionários por andar com grávidas, pessoas mais de idade. Estão na base do álcool nos equipamentos apenas, mas ninguém fala nada sobre paralisação, eu mesma acho que vou ter que pedir a conta porque moro com idoso e não posso arriscar a saúde dele [...] Eles só estão pensando no lucro.” É nessa última frase que o sistema se desmantela.

Para a economia capitalista funcionar, o lucro tem que ser constante, ele tem sua história marcada pela escravidão, pela barbárie, pelo risco a vida, não importa, contanto que estejam lucrando o que for necessário fazer para obtê-lo, serve. É extremamente importante colocar esses casos sob os holofotes pois essa situação vem ocorrendo no país todo e como a entrevistada disse: a única opção que lhe sobra é pedir demissão.

Agora imaginemos que ela pede demissão, com isso ela para de receber o salário dela, e assim ela não tem com garantir coisas básicas da vida como higiene e alimentação, a situação piora ainda mais pois precisamos disso para se prevenir da doença. Por outro lado, se ela continua trabalhando, ela pode ficar doente, passar para as pessoas com quem ela convive, dando continuidade a uma cadeia de infectados. O número de doentes cresce, e os hospitais superlotam sem ter leitos para todos, nem testes para julgar a necessidade de internação e isolamento. Eu não preciso nem escrever como isso acaba, pois creio que já está bem claro. Mas isso pode ser evitado se o chefe da empresa de telemarketing parar sua atividade, pensando nas pessoas que trabalham com ele. Agora você leitor me pergunta, mas se ele para, o trabalhador fica sem o salário. Sim, é muito compreensível que alguns empresários não consigam se manter pagando aqueles que trabalham para ele, principalmente quando falamos de pequenas empresas. E aí que entra o Estado.

O Estado deve garantir que sua população não se prejudique com a crise e pagar os salários que elas deixariam de receber, caso a empresa não seja capaz de manter pagando seus funcionários. Então quando Bolsonaro lança sua campanha de que o Brasil não pode parar, ele ta tentando se livrar de sua obrigação com a nação. No entanto é válido ressaltar que nesse momento precisamos mais do que nunca de profissionais das áreas essenciais, principalmente da saúde, inclusive contratação de mais médicos para atuar na linha de frente e tirando pessoas de risco que estão trabalhando. O Brasil precisa parar, mas de forma consciente! E seguiremos trabalhando pelos nossos direitos e para que a população, principalmente aqueles que são os mais oprimidos e os que mais são afetados no momento de crise não se prejudiquem por essa bola de neve que o sistema criou.

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