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FORÇAS ARMADAS
O braço forte que os militares oferecem contra pandemia não salvará vidas
Úrsula Noronha

Na última terça-feira, mesmo dia em que Bolsonaro mostrou novamente seu descaso com a saúde da população frente à crise do Covid-19 em pronunciamento, o comandante do Exército Edson Leal Pujol fez uma declaração na linha contrária. Afirmou oficialmente que enfrentar o coronavírus talvez seja a “missão mais importante de nossa geração”, sem esconder seu autoritarismo ao deixar explícito que “o braço forte atuará se for necessário”.

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O pronunciamento oficial do Exército Brasileiro ocorreu um pouco antes de Bolsonaro afirmar absurdamente que devemos "voltar à normalidade” e fazer coro aos empresários rejeitando a possibilidade de a produção seguir parada por causa de uma “gripezinha”. Diante da realidade de 46 mortos e 2200 contaminados pelo Coronavírus (segundo os números oficiais que não apresentam fielmente a realidade pois a população não tem acesso a testes massivos), Edson Pujol, sem esconder o autoritarismo da intervenção dos militares, se pronunciou pela primeira vez publicamente desde que assumiu o cargo de Comandante das Forças Armadas com um forte discurso de “combate sério” à pandemia frente ao descaso de Bolsonaro.

No vídeo publicado pelo exército, o general disse que "Vivemos o enfrentamento de uma pandemia que exige a união de todos nós brasileiros. O momento é de cuidado e de prevenção, mas também de muita ação por parte do Exército brasileiro", deixando claro o papel que ele coloca para os militares de ter uma responsabilidade frente a crise, destoando oficialmente da política de Bolsonaro de minimizar as consequências do Covid-19 – sem que isso signifique um rompimento com o governo.

Pujol, ao afirmar que "Talvez seja a missão mais importante de nossa geração”, oficialmente coloca os militares em um novo marco como mediadores da crise, deixando explícito que o Exército participará da operação conjunta concebida pelo Ministério da Defesa por meio do Estado Maior das Forças Armadas.

O comandante que disse em 2018 que "Há preconceito na análise do período militar" foi parte de promover Braga Netto, chefe do Estado-Maior e da intervenção militar no Rio de Janeiro, a chefiar o estratégico ministério da Casa Civil. Hoje Braga Netto faz parte do comando do comitê de crise contra o coronavírus junto com o Ministro daa Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Somado a esses fatos, mesmo "em off" vários generais se declararam verbalizando uma preocupação com uma possibilidade de caos no país pela situação atual da economia e criticando muito na forma a declaração de Bolsonaro da última terça-feira. Esse incômodo na forma é um importante fator a ser considerado para além das discordâncias em como combater o coronavírus, pois expressa o nível de confronto do presidente com os governadores que as Forças Armadas estão empenhadas a amenizar.

Essa crítica à forma junto com a incitação dos militares de que a situação vai gerar um “caos” vem para preparar a opinião pública para possíveis medidas mais duras como Estado de Sítio, ou outras nas quais os militares assumiriam um papel mais protagonista da crise. Não à toa Pujol no pronunciamento não escondeu o caráter autoritário da intervenção do exército afirmando que "O braço forte atuará se for necessário. E a mão amiga estará mais estendida do que nunca aos nossos irmãos brasileiros. Se a nossa Pátria amada está sendo ameaçada, lutaremos sem temor".

Após o pronunciamento de Pujol, o vice-presidente Hamilton Mourão, nessa quarta-feira, 25, voltou a comentar as falas de Bolsonaro. Afirmou que o presidente não se expressou da melhor forma mas que a medida do governo é uma só, de isolamento e distanciamento social. No entanto, colocou que a orientação para o isolamento ainda está sendo discutida. Dessa forma, defendeu a mudança do “isolamento horizontal” (que envolve outras pessoas) para o “vertical” (apenas para idosos e doentes), de forma gradual após um período de 14 dias. Ou seja, apesar de dar a impressão de acordo com Bolsonaro, Mourão discorda frontalmente da sua posição defendida no último pronunciamento.

 
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