www.esquerdadiario.com.br / Veja online / Newsletter
Esquerda Diário
Esquerda Diário
http://issuu.com/vanessa.vlmre/docs/edimpresso_4a500e2d212a56
Twitter Faceboock
CORONAVÍRUS
A demagogia dos bancos, resguardados pelos governos, enquanto os trabalhadores pagam a crise
Rafael Barros

Guedes e o Banco Central anunciaram que vão liberar R$ 1,2 trilhões para salvar os bancos. Itaú, Bradesco e Santander, quase que num "gesto carinhoso" ao governo que os salva, anunciaram que irão importar testes rápidos ao Brasil. A demagogia de quem tem o resguardo dos governos em meio a uma crise que quem irá pagar é a classe trabalhadora.

Ver online

Um dos principais e mais visíveis problemas das medidas do governo Bolsonaro e dos governos estaduais para o combate ao coronavírus esta na quantidade de testes feitos e os planos para o futuro próximo. Doria anunciou um plano de 2.000 testes por dia o estado de São Paulo, um número irrisório, comparado inclusive com as previsões de contaminados divulgadas por seu próprio governo. O problema é enorme pois cerca de 80% dos infectados pelo coronavírus apresentam apenas sintomas leves ou moderados, ou então são assintomáticos, o que torna mais essencial ainda testar massivamente a população para evitar a propagação ainda maior.

Em meio a isso, Bradesco, Itaú e Santander, num gesto demagógico, anunciaram, segundo coluna de Lauro Jardim, do portal O Globo, a importação de R$ 5 milhões em testes rápidos, para serem doados ao Ministério da Saúde.

Os governos, enquanto vêem a falta de testes, de respiradores e de leitos de UTI para atender as próprias previsões, despejam decretos e medidas que liberam verbas bilionárias para as bolsas, bancos, e empresas segurarem seus cintos em meio à crise do coronavírus, e a crise econômica, cuja crista da onda cresce ao redor do mundo, com a recessão a beira da porta, PIBs em queda brusca em diversos países.

“Gesto carinhoso” de quem esta sendo salvo em meio a crise

A importação de testes por parte destes três bancos pode ser considerada quase como um "gesto carinhoso" ao governo Bolsonaro. Afinal, o Banco Central anunicou uma injeção de R$ 1,2 trilhões para salvar os bancos, em meio aos primeiros passos grandes da crise sanitária fruto do vírus.

Um “gesto carinhoso” ao governo por parte dos bancos que sugam valores absurdos do orçamento do Estado mensalmente, e agora voam correndo aos braços dos governos para sua salvação.

Em meio ao valor liberado por Paulo Guedes, estes R$ 5 milhões doados pelos bancos, não representam praticamente nada, nem frente aos seus próprios lucros, nem frente aos números necessários para suprir a demanda de testes que teremos. Segundo dados divulgados por nós do Esquerda Diário, com o valor liberado por Bolsonaro e Paulo Guedes para salvar os bancos, conseguiríamos garantir a compra de 16 bilhões de testes – o suficiente para testar a população mundial duas vezes. Cada Teste rápido custa 75 reais. Com base nesse valor, poderíamos ter um plano de compra de testes massivos. Para testar toda a população brasileira por exemplo (209,3 milhões de pessoas), de um montante de R$ 15,7 bilhões, cerca de 1,3% do valor dado de mão beijada aos bancos pelo governo. O valor que os bancos anunciam que irão importar, não chega a conseguir comprar 70 mil testes rápidos, número ainda muito aquém da necessidade que temos que suprir.

Vendo estes números fica mais claro o cinismo do “gesto carinhoso” e demagógico dos bancos nas compras de teste.

A prioridade sempre foram os bancos: revogar a Lei do Teto de Gastos

Mas não é apenas frente a essa crise que os governos, e o Governo Bolsonaro, no caso, organizam seus orçamentos e despesas em função do capital financeiro. Nosso orçamento é feito em função da Lei de Responsabilidade Fiscal, e da garantia irrestrita de constante e religioso pagamento dos valores absurdos da Divida Pública brasileira. Desde o golpe institucional de 2016, avançaram os ataques e cortes no orçamento público em função da Divida Pública, o grande alimento do bolso dos banqueiros nacionais e internacionais.

Um dos principal dos ataques justificados pela Dívida e a furiosa necessidade dos capitalistas pelos ajustes fiscais, é a Lei do Teto de Gastos, que aprisiona e reduz os gastos públicos em saúde e educação até 2036.

Em meio a crise sanitária que desperta fruto da precarização de anos do SUS e de todo o sistema público de saúde, e às crescentes demandas geradas pelo coronavírus, não podemos aceitar mais que os que sejam salvos sejam os banqueiros e grandes empresários, enquanto os governos destinam a população para a morte, como quer Bolsonaro com sua MP que autoriza o corte de salários e redução das jornadas de trabalho em 50%, deixando trabalhadores à mercê da sede de lucro dos seus patrões.

Para que consigamos responder a necessidade de testes para evitar maior contagio e propagação do vírus, e para evitar o completo colapso do sistema de saúde, e garantir leitos de UTI e respiradores para todos, é preciso então que se invertam as prioridades.

Ao invés das quantias trilionárias ou bilionárias injetadas às empresas e bancos, e as medidas absurdas de ataques aos trabalhadores que ainda não foram enviados para suas casas, é necessário colocar abaixo o Teto de Gastos, para que possa-se direcionar verbas para a saúde que atendam as demandas reais, e não os interesses das bolsas e do capital financeiro. Isso também passa por jogar aos ares a religiosidade de Paulo Guedes, sua corja neoliberal no Ministério da Fazenda, e a subversivência febril de Bolsonaro ao imperialismo. A Divida Pública não pode sugar o orçamento do Estado, pois a vida da classe trabalhadora e da população pobre vale mais do que o lucro dos banqueiros.

 
Izquierda Diario
Redes sociais
/ esquerdadiario
@EsquerdaDiario
[email protected]
www.esquerdadiario.com.br / Avisos e notícias em seu e-mail clique aqui