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CORONAVÍRUS
Ficou com ódio do discurso de Bolsonaro? Tenha ódio dos patrões!
Ítalo Gimenes
Mestre em Ciências Sociais e militante da Faísca na UFRN

Durante o discurso presidencial da noite da terça-feira, 24, panelas batiam em janelas e edifícios em muitas cidades do país. #GenteOBolsonaro subiu logo para o topo dos trendings das redes sociais, com mensagens de gente que sentiu o sangue ferver quando o ouviu repetir “é só uma gripezinha”. Esse ódio deve ser também contra patrões, todos, e se voltar para a confiança naqueles únicos que são capazes de combater de fato o coronavírus: os próprios trabalhadores.

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Bolsonaro disse que devemos “voltar à normalidade”, diante dos 46 mortos e 2200 contaminados pelo coronavírus. Rejeitou e possibilidade de a produção seguisse parada por causa de uma “gripezinha”, e “seu corpo de atleta” seria a prova de que as pessoas não precisam se preocupar. Se apoiou novamente no discurso de Trump, que defendeu fim do contingenciamento nas empresas na Páscoa, ainda que milhões fossem trabalhar sem ter plano de saúde e com medo de perderem o emprego.

Não anunciou 1 leito novo sequer, enquanto já faltam respiradores em hospitais, e a epidemia ainda não chegou no seu pior momento. Anunciou no dia anterior uma MP que suspendia salários, ainda que recuou, seguiu com uma medida que mantém a possibilidade de demissões durante a crise, e banco de horas pros trabalhadores.

Dinheiro para a saúde? O Banco Central doou aos banqueiros mais de R$ 1trilhão em uma injeção de liquidez imensa, nem uma migalha disso é usada para sustentar os trabalhadores informais sem recursos agora, nem um triz disso é usado em pesquisa científica, tão vilipendiada por Bolsonaro.

Jurou por Deus que cloroquina vai resolver tudo, cuja eficácia é ainda muito questionada, e que a economia tem que continuar. Parece um louco, mas não seu desvio não é psíquico, pois está a serviço de uma classe.

O empresário Abílio Diniz, acionista e membro do conselho global da rede varejista Carrefour na França e no Brasil (da Sadia, Perdigão, entre outros), fez uma live no Instagram - para o canal de Thiago Nigro, conhecido sugestivamente como Primo Rico - que diz quase as mesmas palavras de Bolsonaro: pediu serenidade e que o contingenciamento fosse o mais breve possível, para o trabalhador não parar de produzir.

“Essa questão do lockdown [paralisação da produção], esse contingenciamento, tem de terminar dentro de um certo tempo. É bom que as autoridades deem uma dimensão. Eu preferia que durasse semanas. Não há necessidade de esperar meses”, disse Diniz. Ousou argumentar que “todo mundo está perdendo dinheiro nessa crise”, como se fosse comparável a sua fortuna declarada de US$ 3 bilhões ao salário de um jovem no telemarketing, forçados a trabalhar.

O discurso de Bolsonaro legítima declarações de revirar o estômago, como a de empresários Roberto Justus, Alexandre Guerra, do “Véio da Havan” ou do dono do Madero, Junior Durski, que disse: “O Brasil não pode parar, as consequências que vamos economicamente no futuro vão ser muito maiores do que as pessoas que vão morrer agora com o coronavírus”. O “custo corona” é muito alto e que não tem saída, vão morrer 5, 10, 15mil, não importa, seus lucros são mais importantes. Justus disse que se morrer, 10-15% era aceitável, por que o custo da sua internação seria mais alto. São os mesmos que aplaudiram a MP da Morte de Bolsonaro.

Saiba Mais: A reação desses senhores desprezíveis é cruel, assassina e escancara ganância capitalista

Repudiáveis outras, que dizem que temos que aceitar desde já quem vive e quem morre, que temos que agir normalmente e que os trabalhadores sigam produzindo para eles venderem os mesmos hambúrgueres gourmet, itens de esporte, sei la mais que itens totalmente desnecessários para combater o coronavírus, como buchas de canhão da doença e da fome.

Colocam trabalhadores em fábricas e telemarketing sem garantir condições sanitárias e higiênicas para garantir lucros e não produtos e serviços essenciais. Inclusive os que dizem que querem “colaborar”, produzindo respiradores nas montadoras de carro, álcool gel nas cervejarias, porque seguirão explorando os trabalhadores, especulando nas ações das bolsas o preço do que produzirem, tornando mais custosas as máscaras, alimentos, e outros víveres que são necessários nesse momento.

É assim o vírus chamado capitalismo, e que será o verdadeiro responsáveis pelas mortes, enquanto mantém as decisões dessa guerra nas mãos desses parasitas do Estado e das empresas.

Todos querem aproveitar da guerra contra o coronavírus, uma corrida para salvar os seus lucros, tornando o combate ao vírus um negócio lucrativo. Os governos olham para as suas fortunas e dizem que falta dinheiro para o coronavírus. Veem estes milionários em quarentena nos seus palácios, nos melhores hospitais, recebendo testes e estocando álcool gel, e dizem em cortar salário pra pagar a saúde.
Sentimos o ódio desses capitalistas, e é preciso saber como fazê-los pagar pela crise do coronavírus, que seja parte de um plano de guerra que inclua renda, emprego e testes para todos.

EDITORIAL: Emprego, renda e testes para todos: por um verdadeiro plano de guerra na crise e contra Bolsonaro

Deveria haver quebra do sigilo bancário desses senhores, confisco de seus bens e utilizar todo o montante arrecadado para o combate ao vírus, produzindo testes para todos, respiradores, leitos de UTI, e todos os itens necessários para nos armar pra batalha.

Ao mesmo tempo, todos os trabalhadores que estão desesperados com a ameaça de desemprego ou de redução salarial não podem ser punidos. É preciso proibir as demissões nesse momento e girar esforços da economia para combater o vírus, girando a indústria, os transportes, os hotéis, os trabalhadores informais, para o combate ao vírus, também de forma a não haver desemprego.

Parar com o pagamento da dívida pública, abolindo o teto de gastos, e essa farra de créditos bancários aos especuladores. Nacionalizar os bancos, para acabar com a especulação, e poder centralizar o conjunto da produção e das finanças sobre controle dos trabalhadores, para que esteja nas suas mãos decisão do plano de guerra.

 
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