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O capitalismo é um culto à morte: não morreremos por Wall Street!
Tatiana Cozzarelli

Donald Trump e os capitalistas querem salvar a economia colocando milhões de pessoas da classe trabalhadora em risco com o coronavírus. Nós não vamos morrer por Wall Street.

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Enfermeiras e médicos estão vestindo sacos de lixo como equipamento de proteção. Eles estão fazendo suas próprias máscaras de utensílios de lojas de artesanato. Eles não consequem nem ser testados, na realidade a maior parte das pessoas não consegue colocar as mãos em um teste de coronavírus.

Não existem respiradores ou leitos suficientes nem para a metade do possível fluxo de casos de coronavírus para os hospitais. E mesmo se existissem, não existem enfermeiros e médicos suficientes para tratar estes pacientes.

Pessoas que atualmente realizam trabalhos essenciais em supermercados, fábricas ou como pessoal de limpeza não estão recebendo o equipamento de proteção necessário. E mesmo com estes trabalhadores entrando em contato com o vírus repetidas vezes, eles ainda não conseguem ser testados. Muitos mais ainda não pagaram o suficiente para uma folga.

Alguns setores conquistaram o direito de trabalhar de casa, como os professores de Nova Iorque que estavam planejando um sickout (NdT: um protesto no qual se declara doente coletivamente sem atestado, como forma de greve) para protestar contra as condições inseguras. Outros conquistaram o direito de fechar a produção, como os trabalhadores da UAW que entraram em greves selvagens. Nós vamos precisar muitas mais destas ações para a briga que está por vir.

Se queremos dar uma olhada em quão ruim a crise do coronavírus pode ficar, tudo que precisamos fazer é olhar para a Itália. Com centenas de mortes por dia, e tem um sistema de saúde melhor que o naufrágio privatizado estadounidense. Nos próximos dias, semanas e meses é provável que a crise piore, tanto como resultado do vírus como dos seus impactos econômicos.

A resposta do governo dos EUA tem sido nada menos que criminal. Depois de semanas menosprezando o coronavírus e igualando o a um resfriado, enquanto membros do Congresso vendiam suas ações e avisavam os capitalistas da crise iminente, o surto chegou com força para os trabalhadores nos Estados Unidos.

Garantindo que os capitalistas americanos pudessem lucrar das vendas de testes de coronavírus, o governo se recusou a usar os testes oferecidos pela Organização Mundial da Saúde, que poderiam ter começado a distribuí-los há semanas e desacelerado a propagação do vírus. Até os testes que foram fornecidos não são suficientes para cobrir as milhões de pessoas que precisam deles. Ainda assim, pessoas ricas tem acesso aos testes: pessoas assintomáticas como estrelas de filmes e um time de basquete inteiro conseguem ser testados imediatamente, enquanto a classe trabalhadora é deixada cruzando os dedos e torcendo para que não fiquem tão doentes.

Neste contexto, o distanciamento social sozinho é insuficiente. Nós precisamos de trabalhadores para conseguir equipamento de proteção individual. Nós precisamos de testes. Nós precisamos de liberação remunerada. E para conseguir manter o distanciamento social, precisamos de um “salário do coronavírus”: cheques enviados a todos que vivemo nos Estados Unidos, independentemente do seu status de migração.

No entanto, o distanciamento social é exigido

Na Quinta-feira, o Wall Street Journal fez uma tentativa para mudar o tom da conversa. Seu conselho editorial escreveu um editorial absolutamente criminoso entitulado Repensando o Fechamento do Coronavírus (Rethinking the Coronavirus Shutdown), dizendo: “nenhuma sociedade consegue salvaguardar a saúde pública por tanto tempo às custas da sua saúde econômica como um todo. Nem os recursos da América para lutar contra uma praga viral são ilimitados, e vão ficar mais limitados dia após dia com indivíduos que perdem seus empregos, negócios que fecham, e a prosperidade americana abrirá o caminho para a pobreza. A América precisa urgentemente de uma estratégia pandêmica que seja mais econômica e socialmente sustentável que o lockdown nacional atual.”

O que eles querem dizer com “sustentável” é sustentável da Wall Street, que já teve 1.5 trilhões de dólares injetados nela. Significa sustentável para a indústria aérea que está considerando fechar publicamente, enquanto também recebe dinheiro federal de um mísero pacote de ajuda que é vastamente insuficiente.
Obviamente, Donald Trump entrou na linha de Wall Street. Por que não o faria? Como democratas e republicanos demonstraram repetidas vezes, eles existem para servir aos interesses do grande capital. É por isso que Trump está dizendo coisas como:

É verdade que algumas pessoas vão precisar trabalhar durante a pandemia, pessoas que estão fazendo máscaras e respiradores, aqueles que estão trabalhando em farmácias e mercados, e certamente médicos e enfermeiros. Alguns setores da indústria deveriam ser reaproveitados para produzir os suprimentos médicos e equipamento. Mas os que estão trabalhando deveriam ser apenas os setores mais necessário, aqueles necessários para combater a pandemia. É preciso dar-lhes todo o equipamento de proteção, todo o descanso pago necessário. Eles podem e deveriam trabalhar menos horas e mais trabalhadores deveriam ser contratados para ajudar nesta empreitada.

Isso não é o que Trump ou o Wall Street Journal querem dizer quando eles falam sobre pessoas voltarem ao trabalho. Eles falam dos setores não essenciais voltando ao trabalho para reviver uma economia para enriquecer os capitalistas. Significa reviver uma economia que provou que não nos provê de merda nenhuma nos nossos momentos mais difíceis. Eles estão colocando a riqueza capitalista acima das vidas das pessoas, mais uma vez.

Os ricos não vão voltar a trabalhar mas milhões de trabalhadores vão, os setores mais precários, majoritariamente pessoas de cor. Milhões serão expostos novamente ao coronavírus nos sistemas de transporte público. Milhões serão expostos ao coronavírus, recebendo um salário mínimo que não vai ser o suficiente nem para cobrir uma consulta médica, muito menos os custos de uma internação.
Amanhã vai acontecer uma greve na Itália para conseguir fechar os setore não essenciais. Se Trump nos fizer voltar ao trabalho, nós faremos greve.
Trump quer que nós morramos por Wall Street ao voltar ao trabalho, mas nós devemos nos recusar.

Talvez o Wall Street Journal e Trump estejam certos: o capitalismo não consegue sobreviver uma quarentena de massas extendida. Mas nós sabemos que existe um sistema melhor: um no qual economia e as necessidades humanas não serão colocadas em rota de colisão uma com as outras. Nós precisamos de um sistema construído para realizar as nossas necessidades, não os lucros de poucos selecionados. Nós precisamos do socialismo.

Se este sistema econômico não consegue sobreviver garantindo que milhões de nós não morramos em uma pandemia, então este sistema econômico merece morrer. Ele merece ser jogado na lata de lixo da história e que crianças das gerações socialistas futuras se perguntem como pode ser que tenhamos vivido em um sistema tão cruel e ilógico.

Texto originalmente publicado em inglês no Left Voice, integrante estadounidense da Rede Internacional de Diários La Izquierda Diario

 
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