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CORONAVÍRUS
Chega de descaso com as vidas, direito ao teste de COVID-19 para todos expostos
Redação

O governo Bolsonaro e os governadores estão se negando a seguir orientações médicas e científicas para testar toda população exposta para o COVID-19. Economizam dinheiro com testes negando as evidências científicas e colocando milhares de vidas em risco.

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Foto: divulgação G1

Mesmo após a recomendação da OMS nesta segunda, 16, de que sejam aplicados testes rápidos em massa para identificar infectados com o coronavírus e tomar medidas necessárias para impedir com mais eficiência a ampliação do contágio, o Ministério da Saúde brasileiro, na voz de João Gabbardo, insiste em só realizar testes em pessoas que já apresentem sintomas da doença.

David Uip, o encarregado da COVID-19 do governo de São Paulo vai além, no mais populoso estado do país só os pacientes com sintomas graves são testados. Porém a ciência mostra que todos infectados transmitem, não só os graves, e ao transmitir geram novos casos graves. Esse descaso é potencialmente assassino.

A mídia não para de elogiar a resposta dos estados e do Ministério da Saúde, inclusive no “racionamento” dos testes. São coniventes com esse crime contra a saúde pública. O motivo desse crime? Querem que os governos economizem recursos com a saúde da população e continue tendo recursos para salvar empresários, para pagar a trilionária e fraudulenta dívida pública.

É inaceitável essa negligência que afetará em primeiro lugar trabalhadores e setores empobrecidos, expostos à contaminação, que já alcança escala exponencial, está no nível de “transmissão comunitária” nas maiores cidades do país e que pode ser assintomática em seus primeiros dias.

A intensificação da disseminação do coronavírus no mundo, com seus impactos agudos na saúde, na economia e no mercado financeiro internacionais, levou à Organização Mundial de Saúde (OMS) a classificar a situação como “pandemia” e recomendar à realização de testes rápidos massivos nas populações que estão expostas à contaminação. Esse apelo vai no mesmo sentido de estudos científicos que apontam que as infecções não documentadas facilitam uma maior disseminação do vírus, pois a identificação em grande escala permite um isolamento dos casos detectados e maior controle do contágio.

O Brasil já registra mais de 300 casos confirmados de coronavírus e as duas maiores cidades, São Paulo e Rio de Janeiro, com nível de “transmissão comunitária”, que ocorre quando os agentes sanitários não conseguem mais mapear a cadeia de transmissão do vírus, ou seja, não sabem quem foi a ou as pessoas infectadas responsáveis pela contaminação das demais. Esse fato, juntamente com o crescimento rápido em outras cidades e a presença da doença na maioria dos estados brasileiros, demonstram a gravidade da situação. Uma gravidade que é aumenta com as terríveis condições de vida da maioria dos trabalhadores brasileiros, tornando-os mais suscetíveis à doença, condições essas geradas por moradia precária, jornadas extenuantes de trabalho, o que é agravado para as mulheres e as duplas e triplas jornadas. Outro fator que contribui nessa situação é a gritante falta de leitos diante de uma situação que todos prevem que será a cada dia mais grave.

É um pouco caso com a população que não providenciem recursos para imediatamente testarem todos que estiveram potencialmente expostos ao vírus. Sem isso medidas de controle, científicas, não podem ser sequer planejadas. É escandalosa a afirmação do secretário Wanderson Oliveira, que diz “estranhar” a recomendação da OMS, afirmando que o país não pode realizar os testes massivos por falta de recursos, mas não faltam para garantir isenções de impostos aos empresários. Estão se lixando se o povo pode morrer.

É urgente a imediata concentração do governo para a realização dos testes rápidos e que todos os recursos sejam realocados para isso, o caso da Coréia do Sul mostra como essa medida pode ser eficaz, pois com um número também exponencial de casos o país asiático conseguiu uma menor taxa de letalidade através da realização dos testes massivos informando ações de prevenção que não foram adotadas por outros países controlar a contaminação e diminuir a letalidade do vírus, reduzindo significativamente a quantidade de mortes em comparação aos demais países.

Nas grandes cidades do país, onde o risco da contaminação é maior, muitos trabalhadores seguem se expondo à doença enquanto usam os transportes coletivos lotados, ou mesmo por estarem em locais de trabalho que já possuem casos detectados, mas que não promovem o teste a todos. A doença pode ser assintomática nos primeiros dias e semanas, por isso a opção do governo de fazer testes somente em quem apresenta sintomas, ou só quem apresenta sintomas graves como determinou SP é um completo absurdo.

Todas as pessoas que estão expostas têm o direito de fazer o teste, e as ações do governo e ministério da saúde deve dar total prioridade a isso, inclusive com investimentos para que seja possível atender esta alta demanda. Ao invés de injetar bilhões de reais nos bancos para salvar o lucro dos capitalistas frente a crise, como fez o ministro Paulo Guedes, e o Banco Central o governo deve dar prioridade para medidas emergenciais de saúde.

Todos os recursos devem estar a serviço da realização, produção e mesmo importação dos testes rápidos, para que estes possam ser realizados de maneira massiva. É urgente a estatização de toda rede privada de laboratórios para usar racionalmente todos recursos disponíveis para garantir a saúde da população, é urgente colocar todos recursos públicos em garantir esses testes para todos expostos e garantir condições salubres para realização de tais testes em todos os bairros e regiões. É preciso um reforço de toda a equipe médica no país, com orientações adequadas, proteção e todos os direitos trabalhistas assegurados, contratando trabalhadores da saúde que estejam desempregados e empregando inclusive estudantes de medicina e de enfermagem a partir dessas condições e assim fazer frente a essa tragégia que está em andamento.

Também é de primeira ordem a garantia de leitos de Unidades de Terapias Intensivas, com aparelhos respiradores artificiais para atender todos os casos graves, formando um sistema único e estatal de saúde sob controle dos trabalhadores e usuários, estatizando todos leitos privados. Não é possível que continuemos aceitando que alguns vivem e outros estão largados para morrer. Nossas vidas devem valer mais que seus lucros.

Combinado a isso é imprescindível que haja licenças pagas a 100% dos trabalhadores que não possam trabalhar por doença, possível contágio ou porque integrem os grupos de risco (idosos, doenças pré-existentes etc) ou que precisem cuidar de pessoas em população de risco ou menores de idade, assim como garantir subsídios massivos para todas as e os trabalhadores precários que fiquem sem salários (como os trabalhadores terceirizados, de Apps, imigrantes, desempregados), baseados em impostos progressivos extraordinários aos capitalistas e no não pagamento da dívida pública fraudulenta. Nossas vidas estão em jogo, é preciso medidas radicais para defendê-las, começando pela exigência mais elementar que nos negam: testes.

 
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