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ABSURDO
Em meio à pandemia do Coronavírus, saúde dos deputados é garantida mas não a dos trabalhadores
Redação

A câmara dos deputados tem um gasto altíssimo com despesas de saúde. No ano de 2018 inteiro foi um valor de R$ 93 milhões. Em 2019, só até junho, o valor já ultrapassava esse, chegando a 110 milhões. Mas o investimento na saúde da população trabalhadora não atinge nem uma mínima parte dessa preocupação por parte do governo, um absurdo diante da pandemia de coronavírus.

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Sabemos que os políticos integram uma parcela minúscula que tem acesso a uma vida completamente diferente da maioria esmagadora da população. Uma vida cheia de privilégios e de muita riqueza, onde tudo o que necessitam é providenciado nos mínimos detalhes, custe o que custar em termos econômicos.

Eles não utilizam a rede de transporte público, seus filhos não integram a rede pública de educação, a maioria nunca sequer pisou em um hospital do SUS. Também recebem privilégios absurdos como auxílio moradia, mesmo tendo casa própria, e o famoso auxílio paletó, que juntos representam milhares de reais por cada deputado, desembolsado das contas públicas.

E não bastasse toda essa vida cheia de privilégios que já proporciona aos políticos de alto escalão uma qualidade de vida extremamente superior à da população em geral, o que reflete diretamente na saúde, eles ainda contam com um investimento altíssimo expresso em plano de saúde e restituição de gastos nessa área. E todas essas regalias se estendem aos familiares e também ex-deputados.

Os deputados possuem um plano de saúde, de cobertura nacional, e que atende pelos melhores hospitais do Brasil, e esse plano é custeado em sua maioria pela câmara. Mas apesar disso, os deputados podem utilizar por fora um serviço de saúde particular e pedir reembolso, que pode chegar a valores elevadíssimos, como o caso do reembolso pedido pelo deputado Marco Feliciano para tratamento estético dental no valor de 157 mil reais. Nas despesas dos deputados com saúde também está incluso um “mini hospital” que funciona na câmara, com uma estrutura completíssima que conta com 70 médicos de 17 especialidades e equipamentos caríssimos e raros na rede pública, como UTI e tomógrafo.

Mas enquanto uma fortuna é gasta com a saúde dos deputados, os milhões de trabalhadores do país e suas famílias enfrentam o caos na rede pública, o que já ocorre há muito tempo, mas que tende a se agravar agora, diante da pandemia do corona vírus que exige da rede pública de saúde uma estrutura que ela não possui, e diante da redução da verba aplicada nessa área por meio da PEC do teto de gastos, uma das primeiras medidas do governo Temer, logo após o golpe, que congelou por anos os investimentos da saúde.

Enquanto o governo gasta cerca de mais de R$ 200 mil por ano com a saúde de único deputado e sua família, a redução da verba para saúde, segundo o Conselho Nacional (CNS) já chega a R$ 20 bilhões desde 2016 e tende a aumentar caso se mantenha o corte.

Os trabalhadores e suas famílias, que são a maioria da população, estão expostos aos riscos da epidemia de corona vírus com problemas que vão desde a falta de informação para a prevenção até a insuficiência de estrutura no SUS, e principalmente leitos de UTI que são indispensáveis no tratamento dos casos mais graves da doença. O custo diário de uma UTI utilizada por uma pessoa em tratamento por corona vírus é em torno de R$ 483. O valor gasto em saúde com cada deputado só na metade do ano passado daria para custear o funcionamento de um leito de UTI no SUS por quase um ano e meio.

É inadmissível que se mantenham gastos extraordinários com a saúde dos políticos enquanto eles atuam para sucatear o SUS por meio do direcionamento das verbas que não são utilizadas para atender as necessidades da população que precisa recorrer à saúde pública, mas para manter riquezas e privilégios, como o pagamento da fraudulenta dívida pública.

Enquanto a casta política que só atua em interesse próprio, é cercada de todos os cuidados possíveis dentro do capitalismo, o que só é uma realidade para quem recebe muito dinheiro, os trabalhadores se vêem numa situação de exposição elevadíssima aos riscos de contágio pelo vírus quando não são liberados de seus trabalhos com garantia de que vão continuar empregados, seguem sendo obrigados a enfrentar o transporte público lotado, e que no caso da parcela mais precária que sequer tem vínculo empregatício, como os trabalhadores da Uber e Ifood é ainda pior por não terem nenhum amparo dessas empresas milionárias.

Os mesmos trabalhadores que estão em massa expostos ao risco, quando necessitarem de tratamento, vão encontrar uma situação desastrosa, com escassez de leitos e estrutura geral de atendimento. O contrário dos deputados, que terão acesso aos mais avançados recursos médicos existentes.

Toda verba que seja necessária nesse momento para a contenção da pandemia do corona vírus entre a população deve ser garantida, tanto por meio da revogação da PEC do Teto de Gastos que descongelaria os investimentos da saúde, quanto por meio de que sejam eliminados gastos exagerados e indevidos, como os privilégios dos políticos e o pagamento da dívida pública. A prioridade deve ser com urgência a saúde dos trabalhadores e suas famílias.

 
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