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CORTES NA UFRJ
Cortes ameaçam paralisar a UFRJ até o final do semestre
Jean Barroso

Foi veiculada no jornal O Dia a notícia de que a UFRJ precisaria de 120 milhões para não encerrar suas atividades até março de 2016, quando encerraria o segundo semestre de 2015. Outras fontes falam em 170 milhões.

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Foi veiculada no jornal O Dia a notícia de que a UFRJ precisaria de 120 milhões para não encerrar suas atividades até março de 2016, quando encerraria o segundo semestre de 2015. No jornal n. 907 da ADUFRJ (associação dos docentes da UFRJ), o valor é calculado em 170 milhões para a UFRJ não paralisar as suas atividades, nesta matéria o pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento, Roberto Gambine, também informa que a UFRJ deve 27 milhões em contas de água, luz e telefone.

Segundo ele, nesta conta dos 170 milhões já está incluído um “enxugamento” da reitoria, que envolve cortar 1 milhão dos contratos de limpeza e vigilância, fornecidos por empresas terceirizadas, mais 5,8 milhões de manutenção e 1,3 milhões com diárias.

Ao contrário do que noticia “O Dia”, a UFRJ não passou pela sua pior greve, mas sim pelo pior contingenciamento de verbas de 13 anos de governo do PT. O corte em toda educação federal é de 11 bi, em cortes parcelados desde o início do ano, que ultrapassa em 2 bi o valor investido pelo REUNI, programa de “expansão” do ensino superior do PT. Enquanto o governo supera em um ano de cortes seus próprios investimentos em seis anos, uma Medida Provisória que prevê mais 5 bilhões para o FIES já foi aprovada na Câmara dos Deputados e tramita no Senado, e em ano de cortes na educação, a Kroton, um dos maiores monopólios educacionais privados do país que tem 44% de sua receita advinda do FIES, bateu recorde de lucro (455 milhões) no primeiro semestre e passa longe da crise e do ajuste fiscal de Dilma.

Como analisamos em outra matéria, o retorno às aulas prometia ser conturbado, e o horizonte da maior federal do país é a possível paralisação suas atividades pela segunda vez, por causa do corte de verbas na educação. Para quem não se recorda, a primeira paralisação da UFRJ foi em maio e não ocorreu pela greve, mas sim pelo primeiro corte de verbas, quando milhares de trabalhadores terceirizados ficaram sem receber seus salários.

O contingenciamento de verbas que já afeta setores antes tidos como “intocáveis”, não se resume aos cortes em assistência estudantil ou direitos trabalhistas, os mais recorrentes porque são áreas que sempre foram negligenciadas. Agora são as pesquisas, a oferta de bolsas e programas de ensino como o PIBID que já estão sendo fatiados, e como vimos nas declarações públicas, o corte pode avançar para afetar a própria estrutura da Universidade, independente se a quantia que falta são 120 ou 170 milhões.

À espera de um milagre?

Em ambas entrevistas, o Reitor Roberto Leher e os pró-reitores reafirmam que estão compromissados com a assistência estudantil, e que esta área não passará pelo “enxugamento”. Este foi um dos acordos para terminar a greve estudantil na UFRJ, uma conquista extremamente mínima e parcial. O DCE, entidade máxima de representação estudantil da universidade, saiu desta greve com a campanha “3 bilhões para permanecer”. Porém, dada as possibilidades ilustradas pela Reitoria, os estudantes têm que se perguntar: “permanecer aonde e como?”.

Mesmo que muitos estudantes grevistas ainda estejam terminando de repor o primeiro semestre, o DCE da UFRJ, que nas últimas assembléias de greve se comprometeu a continuar as mobilizações até agora não chamou nada, contribuindo para o clima de passividade entre os estudantes.

É um erro pensar as reivindicações dos estudantes separado do resto dos setores da universidade, e apesar da situação da universidade. Justamente por ter o maior peso social dentro desta, é que os estudantes têm que estar na linha de frente de defender os servidores, os professores que não concordam com os cortes na educação e os trabalhadores terceirizados sofrem a precarização de suas vidas para manter a universidade funcionando.

A Reitoria, que corretamente identifica e denuncia o problema como uma prioridade do governo Dilma em repassar bilhões aos tubarões do ensino privado e cortar da educação pública, ainda não botou em prática uma alternativa a este modelo. O “enxugamento” institucional deveria começar pelas empresas de terceirização, criadas no governo do FHC e multiplicadas em 13 anos do PT, que muito se beneficiaram dos contratos com instituições públicas e da super-exploração do trabalho. Isto deveria ser feito com todo trabalhador terceirizado da UFRJ sendo efetivado sem necessidade de concurso público, com os mesmos direitos dos servidores e com as empresas de terceirização, que representam metade do orçamento corrente da UFRJ, sendo varridas da folha de pagamento da universidade.

Além disso, todas as contas e contratos da UFRJ deveriam ser abertos para que uma comissão de estudantes, professores e servidores (efetivos e terceirizados) pudessem analisar cada gasto. Aí poderíamos verificar quais são as empresas privadas que se beneficiam e lucram com o conhecimento produzido dentro da universidade, assim como os bônus e privilégios da burocracia acadêmica. Estas devia ser as primeiras medidas de uma estatuinte, defendida por Leher na campanha eleitoral, que colocasse abaixo o velho estatuto herdeiro da ditadura militar aonde poucos mandam e todos obedecem.

Estas tímidas medidas que não são sequer mencionadas pela Reitoria ou pelo DCE, poderiam servir de exemplo pra todas universidades federais país afora que estão sofrendo a crise por causa dos cortes na educação, e poderia servir de combustível para a mobilização de estudantes, servidores e professores contra os cortes na educação do governo Dilma. Contra esta passivização e naturalização do cortes, nós das Juventude Às Ruas defendemos a necessidade de construir uma nova tradição de movimento estudantil.

 
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