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Sérgio Camargo monta nova equipe de extrema direita e demite diretores negros por telefone
Julio C

Para formar uma “nova equipe de extrema-direita” na Fundação Palmares foi necessária a demissão covarde, via telefonema, atacando principalmente responsáveis mais ativos

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Sérgio Camargo, novo diretor da Fundação Palmares, demitiu parte da mesa diretora da entidade por meio de ligação telefônica. Mesmo sendo abertamente opositor do movimento negro, ele assumiu a presidência da Fundação Palmares. Sua nova medida (na quarta-feira de cinzas, 26 de fevereiro) é coerente com o tratamento de esculacho dado à população negra no Brasil e com o novo choque à direita das relações raciais que está sendo executado pelo governo Bolsonaro.

Para enquadrar a população nos moldes do Brasil pós-golpe, é necessária que as instituições normativas operem um trabalho de falsificação e anulação dos processos e narrativas históricas. Sendo a tradição escravocrata um dos pilares da estratificação social brasileira e a luta negra um dos maiores pesadelos da elite que atualiza essa tradição, a memória das reinvindicações e combates da população negra deve ser atacada por dentro. Sérgio Camargo nega a existência do racismo no Brasil, considera a escravidão “benéfica para os descendentes” e rejeita o legado de Zumbi dos Palmares, líder do quilombo que sua fundação faz referência. Ele está cumprindo essa função para o agrado de Bolsonaro e seus amigos da casa grande. Para tanto usa um dos métodos mais covardes e mesquinhos da sociedade capitalista; a demissão por telefone.

Não por acaso os demitidos foram muito bem selecionados. A jornalista Vera Batista publicou no Correio Braziliense a informação de que Sérgio Camargo retirou dos cargos principalmente os “negros com reconhecida trajetória em políticas públicas em prol da cultura afro-brasileira”. Segundo as fontes, o presidente da fundação alegou que precisa “montar uma nova equipe de extrema direita”. Um funcionário aponta que Sérgio pretende preparar o terreno para a chegada da nova secretária especial de cultura. Para isso “ele (Sérgio Camargo) corre para fazer tudo que pode contra negros antes de ela (Regina Duarte) entrar”.

Vera Batista também destaca que é estranho esse corte de pessoal, já que “todos foram contratados nessa atual gestão e com indicação de políticos ligados a Jair Bolsonaro”. E ainda segundo suas fontes, grande parte desses não são “necessariamente de esquerda ou de direita, são técnicos, apenas”. Alguns dos encarregados demitidos são os responsáveis pela Diretoria de proteção Afro-brasileira (DPA), Sionei Leão; Diretoria de Fomento e Promoção da Cultura Afro-brasileira (DEP), Clóvis André da Silva; e Centro Nacional de Informação e Referência da Cultura Negra (Cenirp), Kátia Martins.

Clóvis André da Silva, por exemplo, é ex-secretário da Igualdade Racial em Porto Alegre e entrou para a Fundação Palmares em setembro de 2019. Informou que recebeu a ligação de Sérgio Camargo por volta das 10h da manhã e que “Fomos pegos de surpresa. Ninguém esperava. O presidente já estava a autorizado a retornar. Mas somente chegou na quinta (19) e estava tudo calmo”. Clóvis acrescenta que “sou um técnico. Direito social é progressista. Não sei onde ele incluiu extrema direita no debate”.

A evidente traição de Sérgio Camargo contra população negra foi lamentada inclusive por seu irmão, Oswaldo de Camargo Filho, músico e produtor conhecido como Wadico Camargo. Wadico escreveu nas redes sociais que tem “vergonha de ser irmão desse capitão do mato” na época da nomeação do presidente da Fundação Palmares em tempos de extrema direita.

 
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