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Jornalistas investigando assassinato de miliciano ligado a Flávio Bolsonaro são detidos pela polícia na Bahia
Redação

Enquanto investigavam as circunstâncias da morte de Adriano da Nóbrega, miliciano do Rio e um dos chefes do Escritório do Crime, que tinha ligações a Flávio Bolsonaro, dois jornalistas da revista Veja foram abordados pela polícia militar e detidos em uma delegacia. Os jornalistas foram liberados em seguida.

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Durante sua investigação acerca dos últimos momentos do miliciano Adriano da Nóbrega, morto pela polícia no último dia 9, os jornalistas Hugo Marques e Christiano Mariz foram detidos por policiais militares de armas em mãos e levados para uma delegacia.

Os jornalistas, ligados à revista Veja, estavam na cidade de Pojuca, a caminho da fazenda de Leandro Guimarães, que abrigou Nóbrega durante aproximadamente uma semana, antes do miliciano seguir para o sítio de um vereador do antigo partido de Bolsonaro, o PSL, Gilsinho Lima Neto, irmão do deputado Alex Lima (PSB). Os jornalistas buscavam uma entrevista com o pecuarista.

Segundo relato, os dois teriam sido cercados por duas viaturas da PM. Policiais militares teriam detidos os dois jornalistas. Mesmo após se identificarem, os dois ainda forma revistados pelos policiais, que seguiram com armas na mão contra os jornalistas. Ainda segundo contam, um dos soldados teria gritado, repetidamente, “como é que vocês descobriram esse endereço?”

Levados para a delegacia de Pojuca, os dois repórteres foram detidos e tiveram seu gravador apreendido. Ele foi devolvido 20 minutos depois, quando os dois foram liberados.

Adriano Magalhães da Nóbrega, ex-capitão do Bope, da polícia militar do Rio de Janeiro, estava foragido há mais de um ano, fugindo de um mandado de prisão emitido contra ele durante a operação Intocáveis, que mirou milícias do Rio. Nóbrega era um dos chefes do chamado Escritório do Crime, milícia que atua, principalmente, na zona oeste do Rio, negociando imóveis ilegais, comércios clandestinos, e conhecidamente atuando de assassinos de aluguel. Nóbrega, que recebeu um medalha de honra de Flávio Bolsonaro quando ainda estava preso em 2005, mantinha diversos laços com o filho do presidente, incluindo o emprego de sua mãe e esposa no gabinete do deputado. Sua ligação se estenderia, ainda, ao ex-PM e miliciano Fabrício Queiroz, e teria sido através deste que a família de Nóbrega teria conseguido emprego com o deputado.

Nóbrega era procurado, entre outras coisas, é citado na investigação do Ministério Público do Rio sobre a implicação de Fabrício Queiroz no esquema da "rachadinha". Segundo a investigação, Queiroz teria usado as contas do miliciano para lavar o dinheiro de funcionários empregados no gabinete de Flávio Bolsonaro e o miliciano teria ficado com parte do dinheiro. Segundo seu advogado, o miliciano já havia expressado medo de ser morto para “queima de arquivo”. Segundo a polícia da Bahia, ele morreu durante troca de tiros, mas uma reportagem feita pela própria Veja, um dia antes dos dois jornalistas serem detidos, revelou que o ex-PM foi morto com disparos a queima-roupa.

A detenção dos dois jornalistas, em meio ao exercício completamente lícito de suas funções representa uma ofensiva aberta contra a liberdade de imprensa, e mostra uma tentativa clara da polícia de impedir a averiguação das condições da morte de Nóbrega. A extensão do envolvimento do miliciano com Flávio Bolsonaro e os crimes que ele tenha praticado ainda não é clara, mas fica óbvio que qualquer tentativa de conhecer os motivos que possam ter levado a seu assassinato pela polícia será frontalmente censurada pelo Estado, mesmo vindo de uma imprensa cujos interesses, na maior parte das vezes, se alinha ao governo Bolsonaro. Essa ação demonstrou só o início das violações de liberdades democráticas que são colocadas na mesa no que se trata de esconder a história por trás de Adriano Nóbrega.

 
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