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FORTUNA SUÍÇA DE EDUARDO CUNHA
Cunha mentiu sobre seus R$2,4 milhões em contas bloqueadas na Suiça... e daí dizem PT e PSDB?
Adriano Favarin
Membro do Conselho Diretor de Base do Sintusp
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Essa semana, o Ministério Público da Suíça confirmou oficialmente que o Presidente da Câmara dos Deputados do Brasil, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), teria sido informado sobre o bloqueio das suas contas no país europeu. As autoridades suíças ainda afirmaram que Eduardo Cunha teria tentado reverter o congelamento de suas contas e manobrado para evitar o envio de seus dados bancários ao Brasil, onde é investigado na Operação Lava Jato.

O Procurador Geral da República do Brasil, Rodrigo Janot, respondeu a requerimento do PSOL confirmando a existência destas contas em nome de Cunha e seus parentes.

Essas informações desmentem as declarações que a assessoria de imprensa do presidente da Câmara havia dado há menos de uma semana de que "O presidente (da Câmara) desconhece o teor dos fatos veiculados e não tecerá comentários sem ter acesso ao conteúdo real do que vem sendo divulgado”. Essas declarações levaram o Ministério Público Federal e os Procurados da Lava-Jato a apurar se Cunha mantinha mais movimentações financeiras em outras contas além das já bloqueadas.

Munidos destas informações, um grupo de 30 parlamentares de sete partidos diferentes, tendo a frente o PSOL, entregaram nesta quarta-feira uma representação na Corregedoria da Câmara pedindo a abertura de um processo disciplinar contra Eduardo Cunha. Os deputados do PSOL, inclusive, irão apresentar na próxima terça-feira, dia 13/10, pedido de cassação do mandato do Presidente da Câmara no Conselho de Ética da Casa por ter mentido sobre a existência destas contas.

Porém, o que prima na Câmara dos Deputados é o inverso de uma saída de Eduardo Cunha da Presidência. Comparado no jornal El País com Sansão, da história Bíblica, que mesmo depois de tombado por seus inimigos, levanta-se para dar um último golpe de misericórdia e derruba as colunas do templo onde os 3.000 filisteus oravam, sepultando a si mesmo junto aos demais, Eduardo Cunha parece ser mais temido quanto mais moribundo se encontra.

Da parte do governo, a Presidente Dilma, Lula e o PT viram frustradas, até o momento, suas tentativas de comprar o PMDB (principalmente a bancada da Câmara dos Deputados) com o oferecimento de mais Ministérios e cargos no primeiro escalão.

O governo envolveu e ganhou o apoio do líder da bancada do PMDB no Congresso, Leonardo Picciani, que também era líder da maior bancada da Casa – formada pelo PMDB, PP, PTB, PSC, PHS e PEN – articulação responsável pela eleição de Eduardo Cunha para Presidente. Essa aproximação com o governo, porém, causava muita insatisfação entre os deputados do próprio PMDB da Câmara, entre eles Eduardo Cunha. Este, então, articulou uma manobra que levou a ruptura do PMDB do bloco, garantindo o isolamento de Picciani e a manutenção da sua supremacia sobre o maior bloco da Casa, que o elegeu, e formado agora por 82 Deputados, com bastante afinidade a Eduardo Cunha.

Este movimento se expressou na falta de quórum para apreciar os vetos de Dilma e pode ser interpretado como uma reconquista de espaço por Cunha ou também, como um movimento tático de pressão dos outros partidos do bloco liderado pelo PMDB que vendo o sucesso do partido de Cunha, Temer e Picciani em conseguir cargos após ameaçar rompimento com o governo, agora se preparam para a mesma chantagem em troca de lugares em estatais e ministérios. O governo Dilma já cedeu muito a seus “parceiros” agora estes querem ainda mais. Com o governo em crise o fisiologismo não tem fim ou limites.

Temendo qualquer um dos dois movimentos que estaria causando este enfraquecimento da base parlamentar do governo, o PT não se move contra Cunha temendo atiça-lo mais.

Da parte do PSDB e da oposição, por sua vez, as vacilações para o pedido de renúncia de Eduardo Cunha são ainda maiores. Ameaçando pedir a renúncia do Presidente da Câmara do cargo “caso surjam documentos que comprovem que ele possui contas na Suíça”, o PSDB utiliza de um jogo de palavras para negar ver o que está escancarado: não só as provas de que Eduardo Cunha mantinha contas na Suíça como que elas foram congeladas e este informado. Não faltam provas, falta motivos para o PSDB tirar quem pode lhe auxiliar em um processo de impeachment.

Essas vacilações não são à toa e não atendem somente às táticas frente ao impeachment, assim como o PT está envolvido até a medula com o escândalo na Petrobrás, essa semana o Supremo Tribunal Federal abriu inquérito contra o presidente do DEM, José Agripino (RN) acusado em delação premiada de cobrar propina de R$1 milhão para permitir um esquema de corrupção no serviço de inspeção veicular de seu estado. Também Aloysio Nunes, Senador do PSDB por São Paulo, está sendo investigado após delação de Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC, de que este havia se beneficiado de R$500 mil, tanto oficial como em caixa dois, para sua campanha ao Senado, devido a pagamento de propinas para obtenção de contratos com a Petrobrás.

Esse cenário enlameado, em que cada partido, deputado ou senador – seja da situação, do governo ou da oposição tucana e de direita – se apoiam sobre as areias movediças dos pés de seu opositor, é o que garante a impunidade e a segurança de todos eles em seus postos, nem que para isto alguns poucos deles devam ser fritados. É a corrupção o fio condutor que garante que todos se beneficiem ao mesmo tempo que prezam pela a unidade entre todos os partidos e políticos da burguesia em torno dos planos de ajuste e da estabilidade política para sua implementação. Qualquer passo em falso, qualquer destituição ou processo fora dos termos de acordo entre suas camarilhas pode derrubar as colunas do templo do Congresso Nacional e soterrar a todos, tanto Sansão quanto os filisteus.

 
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