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TRABALHO DOMÉSTICO
O trabalho doméstico vale 10,8 trilhões de dólares não pagos as mulheres anualmente
Redação

Historicamente o trabalho doméstico não remunerado recai silenciosamente sobre as costas de meninas e mulheres. De acordo com um ‘Relatório Tempo de Cuidar’ apresentado pela Oxfam e liberado no Fórum Econômico Mundial de Davos, essa ainda é a realidade que persiste, e esse trabalho chega a totalizar 10,8 trilhões de dólares anuais não pagos e ignorados.

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Em todo o mundo, milhões de mulheres dedicam muitas horas por ano para serviços domésticos pelos quais não recebem remuneração. Segundo o relatório, enquanto homens podem usar até 10 horas semanais em tarefas domésticas, mulheres gastam pelo menos o dobro dessa quantia de horas. Esse relatório também demonstra, em números e histórias, como o trabalho doméstico e de cuidados é desvalorizado, precarizado e sem relevância dentro das políticas públicas e dentro da própria economia.

O relatório acrescenta que há a prevalência de meninas e mulheres mais marginalizadas realizando trabalhos não pagos. “Na base da pirâmide econômica, mulheres e meninas, principalmente as que vivem em situação de pobreza e pertencem a grupos marginalizados, dedicam gratuitamente 12,5 bilhões de horas todos os dias ao trabalho de cuidado e outras incontáveis horas recebendo uma baixíssima remuneração por essa atividade”, destaca o texto. No contexto do Brasil, o trabalho não remunerado recai principalmente sobre as mulheres negras, que já ocupam o setor mais precarizado da sociedade.

Ao considerar a participação feminina compondo a metade da classe trabalhadora no mercado de trabalho, nos deparamos com a realidade brutal da dupla, e as vezes tripla, jornada de trabalho que acompanha a vida das mulheres. O fato de que estas tarefas imprescindíveis para a reprodução da força de trabalho recaem majoritariamente sobre as mulheres afeta as condições nas quais se encaixam ao mercado trabalho (a necessidade de buscar trabalhos de menor carga, flexibilidade horária, entre outros).

É fato que com o desenvolvimento da tecnologia conquistado pela humanidade, que tornou possível até mesmo a industrialização, poderia tornar possível também a socialização das tarefas domésticas. Entretanto, se isso não ocorre é porque no trabalho doméstico não remunerado reside parte significativa dos lucros dos capitalistas, que assim podem se eximir de pagar às trabalhadoras e trabalhadores pelas tarefas que correspondem à sua própria reprodução como força de trabalho, como nos revela os dados assombrosos que constam no ‘Relatório Tempo de Cuidar’. 

Por isso esta desigualdade não se baseia, unicamente, na boa ou má vontade dos companheiros e membros masculinos do lar, ou em discriminação de gênero em geral. É um dos mais profundos papeis do patriarcado em reservar as mulheres um trabalho inútil que as inferioriza. E que a resposta não pode ser apenas de dividir com seus companheiros, homens trabalhadores, as tarefas necessárias para que voltem ao trabalho no dia seguinte.

O patriarcado não cairá sozinho. Será preciso derrubá-lo, com a unidade de mulheres e homens que questionem o capitalismo e sua forma de se apropriar do machismo para nos dividir e super explorar. Portanto, este relatória que nos causa enorme indignação deve nos estimular a retomar experiências profundas da nossa classe, como a maior obra produzida pela humanidade, a Revolução Russa aonde se deram os primeiros passos para se extinguir o trabalho doméstico, através de lavanderias, creches e restaurantes públicos e gratuitos que retiraram dos lares estas responsabilidades e as designava ao Estado operário, que produzia leis com o objetivo de que elas deixassem de existir.

Olhar para a maior experiência de libertação feminina da história é um combustível apaixonante para pensar as enormes transformações possíveis, sob a condição de destruir esta velha sociedade e construir uma nova. É sob esta perspectiva que o Esquerda Diário e o grupo de mulheres Pão e Rosas dedicam suas energias.

 
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